Jubileu de Confirmação João 15.9-17

Prédica Jo 15.9-17 autoria P. Me. Alexander Busch

13/11/2022

Estimada comunidade, estimados jubilandos e jubilandas de confirmação,
Quem de nós aqui gosta de ganhar um presente? Um presente desperta alegria tanto para quem recebe como para quem dá. Por exemplo, neste dia de festa na comunidade, jubilandos e jubilandas de confirmação vão ganhar de presente da comunidade uma ficha de almoço. Ademais, neste culto festivo o grupo tem a oportunidade de reafirmar sua fé e compromisso de caminhar com Jesus, e de Deus receber sua benção para a caminhada da vida. É bom e necessário temperar a vida com presentes, por mais simples que sejam. Dar ou receber um presente são oportunidades para as pessoas se encontrarem umas com as outras e se abraçarem em comunhão.
As palavras de Jesus que ouvimos hoje são, num certo sentido, o seu presente para sua comunidade. São palavras que Jesus dá de presente para o seu grupo de seguidores e seguidoras. A ocasião é a festa da páscoa, a comemoração central do povo judeu que relembra o Deus libertador da escravidão no Egito. Entretanto, além de celebrar este momento significativo na história do povo, Jesus também está se despedindo de sua comunidade. Ele sabe. Em breve Jesus vai ser entregue às autoridades, para ser condenado, crucificado e morto. Jesus então está preparando sua comunidade para esta despedida. Fazem parte deste momento o gesto de lavar os pés dos discípulos e a oração de Jesus por sua comunidade. É dentro deste contexto que Jesus nos dá de presente as palavras que ouvimos hoje do evangelho.
Entre as palavras deste ensino de Jesus, queremos destacar esta frase, “não foram vocês que me escolheram; pelo contrário, fui eu que escolhi vocês para que deem fruto e este fruto permaneça”. Esta é a palavra de Jesus que está impressa na certidão de jubileu de confirmação. Esta é a palavra de Jesus que nos conduz nesta meditação.
“Não foram vocês que me escolheram; pelo contrário, fui eu que escolhi vocês”. Recentemente participamos das eleições para escolher as pessoas que nos representam a nível estadual e federal. Nossas escolhas por esta ou aquela pessoa são baseadas na afinidade de pensamentos e valores. Escolhemos pessoas com quem nos identificamos, cujas propostas nos parecem ser as melhores. Numa democracia exercemos o direito ao voto e por eleição nós escolhemos os nossos candidatos e candidatas. Mas com Jesus isto é diferente. A ordem é inversa. É Jesus quem nos escolhe. É Jesus quem exerce sua liberdade de escolher e eleger as pessoas que vão fazer parte de sua comunidade e igreja. A iniciativa é dele. Ou seja, nenhum de nós tomou a iniciativa de se candidatar como membro da comunidade de Jesus. Muito pelo contrário, o nosso pecado, o nosso coração duro por natureza quer se afastar de Jesus. Só que, assim como no AT Deus toma a iniciativa de escolher e libertar um povo escravo para entrar na terra prometida (Dt 7.6-8), Jesus é quem dá o primeiro passo em nossa direção. Em vida e até mesmo na sua morte na cruz, Jesus anuncia o Reino de Deus, acolhendo e cativando as pessoas para que participem no reino de Deus, cuja proposta é melhor e maior do que qualquer outro governo humano. E, diferente das eleições recentes, onde nós escolhemos as pessoas de acordo com suas aptidões, na igreja de Jesus Cristo, somos pessoas escolhidas e acolhidas não por causa das nossas aptidões, conduta moral exemplar e boa índole. É por pura graça e amor que somos eleitos em Cristo para pertencer à sua igreja. Por isto, não temos motivo para se orgulhar perante Deus ou perante outras pessoas. Temos sim, motivos para agradecer a Deus pelo seu grandioso Reino e seu amor que nos acolhem como povo de Deus.
“Não foram vocês que me escolheram; pelo contrário, fui eu que escolhi vocês para que deem fruto”. Dar fruto é o que acontece na vida de quem é escolhido e acolhido por Jesus na sua comunidade. Aqui de novo podemos fazer um paralelo com as pessoas eleitas para exercer um cargo público, desde o mais humilde vereador de uma pequena cidade até as pessoas que ocupam o mais alto escalão no governo. Independente de qual cargo ocupam, as autoridades foram eleitas para servir. Aliás, o próprio cargo que elas ocupam é conhecido como servidor público, ou seja, a pessoa não trabalha para servir aos próprios interesses, mas está a serviço do bem comum de toda a sociedade.
De um modo semelhante, quando Jesus fala das pessoas que ele elegeu e escolheu para fazerem parte de sua comunidade, ele está chamando estas pessoas para servir, para dar fruto, para colocar os dons e talentos que recebemos de Deus no serviço às pessoas com quem convivemos. E não somente dentro da igreja, mas também neste mundo, onde o poder de Deus sustenta o testemunho do seu povo. Assim cantamos a pouco, ao reconhecer a misericórdia e os ouvidos inclinados de Deus em nossa direção, ao pedir que a paz e a justiça de Deus abracem o mundo e que o seu Reino venha a nós.
Somos pessoas eleitas para servir e dar frutos. Não temos motivo para se orgulhar perante Deus ou perante outras pessoas. Temos sim motivos para agradecer a Deus pelo privilégio de servir e como povo de Deus dar testemunho de seu grandioso Reino. E assim o fazemos porque Jesus nos diz, “amem uns aos outros, assim como eu amei vocês”. De novo é Jesus quem toma a iniciativa. E toma a iniciativa num gesto surpreendente, num gesto que supera nossas expectativas. Jesus anuncia o Reino de Deus, entregando sua própria vida em favor do próximo. Como ele mesmo o diz, “ninguém tem maior amor pelos seus amigos do que aquele que dá a sua vida por eles”. Por amor, Jesus escolhe entregar sua vida em favor de seus amigos e amigas, e até mesmo em favor de seus inimigos. Por amor, Jesus decide caminhar até a cruz para nos oferecer a reconciliação com Deus e reconciliação uns com os outros. Este é o fruto do amor que Jesus oferece à sua comunidade, por você e por mim e pelo mundo.
“Eu escolhi vocês para que deem fruto e este fruto permaneça”. Fruto que permanece. Esta é uma imagem que soa estranha aos nossos ouvidos. Geralmente o fruto, por melhor e mais bem guardado que seja, ele se perde. Até mesmo o fruto embalado a vácuo e guardado no congelador tem prazo de validade. E não somente isso nos parece passageiro, mas tudo na vida é passageiro e transitório. O patrimônio que construímos ao longo da vida, as amizades que cultivamos com pessoas que vieram e já foram, o mundo ao nosso redor que está em constante mudança, e a nossa própria vida que passa e um dia termina. Como assim, Jesus, o fruto permanece? A chave para entender o fruto que permanece é o amor. Jesus nos diz, “Como o Pai me amou, também eu amei vocês; permaneçam no meu amor”. O amor de Deus revelado em Cristo não tem prazo de validade e é compartilhado de geração em geração, deixando marcas na vida das pessoas, transformando comunidades, motivando pessoas e comunidades cristãs a servir neste mundo que ainda é de Deus.
Este amor, este fruto que permanece, não é um sentimento vago ou mera afinidade com pessoas que compartilham dos mesmos pensamentos e valores que nós. Este amor é guardar os mandamentos de Jesus, como ele mesmo o diz, “se vocês guardarem os meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço”. É, em outras palavras o convite e desafio que o Tema do Ano da IECLB trouxe para nós em 2022, Amar a Deus e Amar as pessoas. Este é o fruto que permanece de geração em geração - que permanece por toda a eternidade. O amor é o fruto que Deus nos dá de presente através de Jesus, que nos escolheu para servir e anunciar o seu Reino. Amém.
 


Autor(a): P. Me. Alexander Busch
Âmbito: IECLB / Sinodo: Rio Paraná / Paróquia: Maripá (PR)
Testamento: Novo / Livro: João / Capitulo: 15 / Versículo Inicial: 9 / Versículo Final: 17
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 70647
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A fé não pode aderir ou agarrar-se a qualquer coisa que tem valor nesta vida, mas rompe os seus limites e se agarra ao que se encontra acima e fora desta vida, ao próprio Deus.
Martim Lutero
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