No “Pai nosso” pedimos: “Venha o teu reino”. A vida de Johann Christoph Blumhardt nos mostra que há lutas neste processo da vinda do Reino de Deus.
Blumhardt nasceu, em 1805, em Stuttgart, no Sul da Alemanha. Os pais eram cristãos fiéis, sem riquezas materiais. A leitura da Bíblia para o pequeno Johann Christoph era muito importante. Com 12 anos, já tinha lido a Bíblia por duas vezes. Depois de concluir o colégio, estudou teologia na cidade de Tübingen. Ele aproveitou essa estadia para freqüentar, também, aulas de outras faculdades: Geografia, História e Ciências.
Depois de formar-se em teologia, trabalhou, como professor, por seis anos, no seminário de missionários em Basel.
Em 1838, aos trinta e três anos, assumiu o pastorado em Möttlingen, uma vila perto da Floresta Negra. Blumhardt cuidava bem da sua Comunidade, onde a frequência nos cultos era boa. Mas, meio às escondidas, havia muita superstição e comportamentos não baseados nas leis de Deus.
Em 1844, Blumhardt recebeu a visita de um homem de má fama que, após um sonho com o inferno, queria confessar o que tinha feito. Blumhardt notou que ocorreu uma mudança radical neste homem e também na Comunidade, porque outros chegaram para confessar seus pecados, devolver objetos roubados e reconciliar-se com pessoas inimigas. Às vezes, os membros da Comunidade faziam fila até altas horas da noite, para poderem falar com o seu Pastor. Para entender este avivamento, deve-se olhar para o que tinha acontecido antes.
Nos dois anos anteriores, Blumhardt cuidava de uma senhora jovem, de 26 anos, chamada Gottliebin, que, normalmente, era alegre e gostava de acompanhar suas atividades, cantando hinos da Igreja. Ela falou a ele que, às vezes, ficava atormentada, ficava com convulsões e com visões de pessoas que já tinham morrido, e outras coisas. Mais tarde, a irmã também ficou atacada por estas forças inexplicáveis. Na Comunidade, havia dois homens de muita fé que Blumhardt chamou para acompanhá-lo nas visitas à família da Gottliebin. Muitas vezes, os homens foram chamados, quando dava uma nova crise. Com oração e jejum, Blumhardt e seus companheiros acompanharam esta família até que, uma vez, Blumhardt se sentiu impulsionado a pegar as convulsionadas mãos da moça, uni-las em prece e pediu que ela dissesse: “Senhor Jesus, me ajuda!” e comentou: “Nós vimos, durante muito tempo, o que o diabo pode fazer; agora vamos ver o que Jesus é capaz de fazer.” Ainda levou um tempo até que ela, a sua irmã e todos da família ficaram livres. Estes foram os acontecimentos antes do começo do avivamento da Comunidade.
A partir deste tempo de arrependimento, a Igreja da vila não conseguia mais dar lugar para todas as pessoas que queriam ouvir as prédicas de Blumhardt. Na Sexta-feira Santa de 1845, vieram pessoas de 176 Comunidades diferentes para participar do culto. Num domingo de Pentecostes, foram contadas 2000 pessoas de outras vilas. Houve, também, curas e libertações, mas Blumhardt nunca colocou estas no centro das suas atividades.
Para evitar tensões e problemas com outros Pastores, Blumhardt desligou-se do pastorado e, numa casa alugada, em Bad Boll, ele, auxiliado pela Gottliebin, atendeu as pessoas que vinham a ele. Com muita humildade, sempre procurava levar as pessoas a receber o perdão dos seus pecados. Como João Batista, ele dizia, sempre de novo: “Não olhem para mim! Olhem para Jesus Cristo!” Muitas pessoas encontraram em Bad Boll, ajuda em todos os sentidos e a certeza de que o Reino de Deus existe. Até hoje, esta casa serve como centro para retiros, encontros e similares.
No Natal de 1879, agora com 74 anos, quando ouviu as músicas natalinas, Blumhardt ficou muito comovido e, logo depois da festa, ele, com a ajuda da filha, revisou tudo que tinha escrito. O que não era para ser lido por outras pessoas, ele queimou. Continuou, até a sua morte, a levar em oração todos os que procuravam o seu aconselhamento. Até na hora da morte, ele pediu que Deus fosse misericordioso com ele e com os homens. Em 25 de fevereiro de 1880, ele faleceu.