Jogando Até o Último Minuto

12/04/2010

Estamos no ano de mais uma copa do mundo. Nesses meses há decisões em campeonatos estaduais ou mesmo entre confederações. Enquanto assistia a um evento esportivo no final de semana, uma coisa se tornou evidente para mim: é preciso jogar a partida inteira, quer isto signifique dois tempos como no futebol; 3 ou 5 sets como no vôlei , ou 4 quartos como no basquete. É bom construir boa vantagem no início, mas ainda assim é preciso jogar a partida inteira, pois podemos ter surpresas.

Com frequência os períodos finais de uma competição são cruciais. Na partida a que me referi no início, entre dois grandes rivais, o resultado só ficou definido a apenas segundos do final. Ao alcançar uma vitória quando a derrota parece certa, pode ser de extrema importância ,mesmo que seja nos últimos segundos da disputa .

E a vida pode também ser vista como uma partida esportiva. Depende em que idade estamos pode ser vista como sendo no início ou já nos segundos finais. Tudo o que passar dos 80 será “excedente”. Entretanto, deixar o tempo correr, fazendo jogadas de pouco risco, como às vezes ocorre no futebol, não me parece prático ou digno de um atleta , mesmo que tivesse, digamos, boa “vantagem” a meu favor.

Muitos na minha idade já estão de olho no relógio, raciocinando que podem deslizar facilmente para o encerramento. Ou seja, já desistiram ou se encaminham para o chuveiro. O curioso é que eu me sinto bem como nunca. Não estou cansado. Sinto-me mais criativo e conheço mais do que conhecia antes. Seria apropriado revisar o meu “plano de jogo”, fazer escolhas melhores ou jogar como se o resultado ainda fosse incerto. Ou será que eu deveria apenas deixar o relógio correr? Penso que não! O apóstolo Paulo faz uma analogia entre a vida e a corrida esportiva, enfatizando a importância de se completar todo o percurso até ao final:“Vocês não sabem que de todos os que correm no estádio, apenas um ganha o prêmio? Corram de tal modo que alcancem o prêmio” (1 Coríntios 9.24).

Aparentemente achamos que, como ao dirigir um carro, a certa altura da vida podemos desengatar a marcha e deslizar até a linha de chegada em ponto morto e, ainda, vencer a corrida. Esta é uma ideia relativamente nova, dos séculos XIX e XX. A Alemanha foi o primeiro país a introduzir a ideia de aposentadoria em 1880. Hoje muitas pessoas (senão não a maioria) nos países industrializados, consideram a aposentadoria como um direito básico. Continuar ou não trabalhando depois de certa idade é uma decisão pessoal. Deveríamos, contudo, nos empenhar em servir a Deus e aos outros de forma produtiva, enquanto formos capazes de fazê-lo.

Filipenses 3.14 afirma:“Prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus”. Paulo compreendeu que, àquela altura da vida, a corrida ainda não tinha acabado. Assim, ele estava determinado a prosseguir até que ela – sua vida na terra – terminasse.

Quanto a mim, pretendo jogar com todo o empenho até o tiro final, apito, buzina, trombeta de Gabriel ou seja lá o que for que sinalizar o encerramento. Devemos isso ao nosso Treinador, nossa equipe e a nós mesmos. À nossa família, amigos, empregadores, empregados, colegas de trabalho e quantos confiam em nós.

Para isso estamos aqui: para jogar a partida até o final!

P. Luís D. Wasserberg
Panambi/RS


Autor(a): Luís D. Wasserberg
Âmbito: IECLB / Sinodo: Planalto Rio-Grandense
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 8173
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