O mochileiro da Ação Confirmandos da OGA tem andado pelo Brasil e fora dele desde 2005. E encontrou muitas pessoas! Muitos projetos! Viu e vê situações que poderiam e precisavam ser mudadas. Ele motiva pessoas, especialmente adolescentes e jovens, para serem solidárias.
Eu me pergunto: O que será que ele carrega nesta sua mochila? Quando eu arrumo a mala ou a mochila para uma viagem, levo o que vou precisar, mas aprendi a sempre deixar um bom espaço para colocar coisas novas, que trago dos lugares por onde ando. Imagino que o mochileiro da OGA tem um pouco disso: ele leva recursos, leva solidariedade, mas também traz, aprende muita coisa com as pessoas, comunidades e instituições por onde passa.
Este mochileiro gosta de andar por trilhas. Não é à toa que o subtítulo da Ação Confirmandos é “na trilha da solidariedade”. E trilhas nem sempre são lugares fáceis de se passar: podem ser estreitas, cheias de pedras, espinhos, buracos... Assim é a trilha que muitas comunidades e instituições seguem; por vezes, difícil – mesmo assim, ou justamente por isso, a OGA se dispõe a caminhar com elas. Numa trilha, é fundamental que haja ajuda, mãos que se estendem para auxiliar a saltar sobre um buraco, cordas que dão segurança e nós. Nós da corda e nós, coletivo de pessoas, unidas, que repartem água boa e lanche, por mais simples que este seja.
Em seus encontros, o mochileiro deve ter perguntado a essas pessoas, comunidades e instituições: “Sobre o que vocês estão conversando pela trilha da solidariedade? Do que é que vocês precisam? O que é que vocês tem para repartir?”
Acredito que ele aprendeu isso do próprio Jesus Cristo: em toda a sua atuação, ele se aproxima das pessoas, sem distinção, e faz com que sintam que são valiosas e amadas. Jesus tem tempo para o encontro, seja com um único indivíduo ou com uma multidão. Ele convida para que, quem o segue, tenha ouvidos atentos: “Se vocês têm ouvidos para ouvir, então ouçam” (Marcos 4.9). E Jesus também sabe e quer ouvir.
Numa dessas vezes, Ele se aproximou de dois de seus seguidores, caminhou ao lado deles e lhes perguntou: “Sobre o que vocês estão conversando pelo caminho?” (Lucas 24.17). E, quem sabe, pergunta também para nós: “Sobre o que vocês estão conversando pela trilha?”
Esse versículo, que é também o lema bíblico da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB – para este ano de 2015 mostra o jeito de Jesus se comunicar e é um convite para colocar esse jeito em prática nas relações comunicativas atuais. Como? Aproximar-se da outra pessoa, andar no seu ritmo, ouvir antes de falar, mostrar um interesse autêntico, orar com ela e por ela, perceber quando é hora de ir ou de ficar um pouco mais. Isso é um convite para a comunidade cristã e para cada pessoa em particular.
Também é um convite para a OGA, sempre renovado: aproximar-se da outra pessoa, da comunidade ou instituição que solicita apoio financeiro, perceber quem é essa comunidade (e as pessoas, sim, as pessoas!), andar no seu ritmo, respeitar seu contexto, seu jeito, ouvindo antes de se posicionar, mostrar um interesse autêntico, e também orar com ela e por ela (podemos orar pelos projetos em andamento e pelos concluídos!), perceber quando é hora de deixá-la caminhando com forças próprias ou de ficar, de investir um pouco mais de tempo ou recursos.
É importante valorizar quem recebe e também quem doa e “se doa”. Lembrar que cada contribuição que pode ser repassada pela OGA tem uma origem, tem uma história, tem uma pessoa que deu do que é seu para servir ao que é comunitário (seja no Brasil, na IECLB ou no exterior). E igualmente importante é comunicar, compartilhar essas boas iniciativas, seu sucesso e também as eventuais dificuldades encontradas.
Aliás, as palavras “comunicação” e “comunidade” pertencem à mesma família. O tema da IECLB em 2015 é “Igreja da Palavra – chamad@s para comunicar”. A Igreja é de Jesus Cristo, formada por pessoas batizadas, que creem nele como seu Senhor e Salvador. São pessoas que sabem que são amadas por Deus, tanto nos momentos em que está “tudo bem”, quanto nas horas em que não está. Gente que sabe que é salva por causa de sua fé. Por isso, é agradecida e passa esse amor adiante, tanto em palavras quanto em gestos de acolhimento, de perdão, de amor, de escuta. E passa esse amor adiante, também em forma de ofertas de gratidão para que a OGA as administre e encaminhe adiante. O trabalho da OGA, “uma obra de muitas mãos”, é e sempre foi um testemunho de fé, em primeiro lugar.
A OGA tem como seu lema: “Façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé.” (Gálatas 6.10). Esse é um exemplo de Palavra que é vivida, que se torna ação, uma palavra que comunica-ação. E o Espírito Santo dá coragem e ânimo para passar essa Palavra adiante.
A Igreja da Palavra – e a OGA prestam atenção no que se passa dentro delas e à sua volta; têm olhos e ouvidos atentos às necessidades de todas as pessoas, em todos os lugares. A Igreja – e a OGA são chamadas para comunicar o amor de Deus e também são crítica, semeando sinais contra a injustiça. A Igreja – e a OGA são desafiadas a utilizar de forma consciente e coerente os meios de comunicação de que dispõem, para que também por meio deles se promovam o bem e a vida que Deus quer para toda a sua criação.
Cada um, cada uma de nós é Igreja e também é OGA e, como tal, é instrumento da missão de Deus, chamad@ a comunicar a Palavra e tomá-la como base para transformações, há 105 anos em solo brasileiro.
Que cada pessoa seja “um mochileiro”, que agrega recursos, que leva toda a experiência solidária da OGA consigo, mas que também tem lugar na sua mochila para a novidade, para o aprendizado com outros caminhantes. Que tenhamos sempre muitas coisas boas para conversar, para partilhar e para construir ao longo da nossa trilha da solidariedade!
Jaime Jung, pastor na Comunidade Bom Pastor, em Novo Hamburgo/RS
Encontro Nacional de Representantes Sinodais da OGA – São Leopoldo, 16.07.2015