Jesus envia os discípulos para que aprendam a confiar na bondade das pessoas.

A missão dos discípul@s

22/07/2018

A missão dos 12 discípulos
Jesus envia os discípulos para que aprendam a confiar nas pessoas.

Marcos 6.7-12,30-34

Prezada Comunidade:
No inicio do capítulo 6 do Evangelho de Marcos, lemos a experiência fracassada que Jesus teve em Nazaré, depois de ter sido rejeitado por sua gente em Nazaré, depois que ele passou pela amarga experiencia que nem sua família, nem seus conhecidos acreditavam Nele, depois que ele não conseguiu fazer os milagres que ele queria ter feito em Nazaré, porque a maioria das pessoas não dava qualquer importância a Jesus. Depois de tudo isso, Jesus decide que a sua missão não pode estar concentrada somente Nele e começa a envolver e a comprometer os seus discípulos com o anúncio do Reino de Deus. A rejeição de seus parentes e conhecidos, faz com que Jesus vá ao encontro de outras pessoas. Jesus já havia chamado os seus 12 discípulos. Eles já estavam com ele. Agora Jesus os envia. Chamado e envio estão relacionados. Se Jesus te chama é porque ele também quer te enviar. Se você sente que Jesus está te ajudando, te fortalecendo, te orientando – é porque ele também quer te enviar.

Os discípulos foram enviados de dois em dois. Isso demonstra o sentido comunitário da missão, do envio de Jesus. Aliás, enfatizar a conversão individual como a ênfase central da missão da igreja, isso se tornou mais forte somente no século XVIII com o pietismo. É claro que o relacionamento pessoal com Deus é importante, mas ao dar peso demais na conversão individual, as pessoas convertidas logo esqueciam que todos devemos servir a Jesus através de uma comunidade. Muitos missionários passaram então a atuar por conta própria, até mesmo fundando sua própria igreja. Nós nos alegramos muito que a Luciana Toletino, que há muitos anos atrás saiu daqui dessa Comunidade para ser missionária na África, continua com esse vínculo forte com essa Comunidade Luterana de Belo Horizonte. Para Jesus e os primeiros cristãos, a ênfase sempre foi a missão comunitária, a participação em comunidades, em grupos que pudessem se apoiar uns aos outros e viver juntos a mensagem do amor a Deus sobre todas as coisas e amor ao próximo como a si mesmo.

Jesus envia seus discípulos com autoridade para expulsar demônios. Isso significa que Jesus não tinha dado a eles um poder mágico, mas sim a capacidade de superar o mal, de enfrentar as forças demoníacas exteriores e interiores também. Para os discípulos, isso quer dizer a superação pessoal dos próprios preconceitos nacionalistas, que rejeitava todos que não eram do povo de Israel.

E vejam que coisa curiosa. Jesus não fala do que os discípulos devem falar na sua missão. Mas Jesus fala o que eles não devem levar. Não deviam levar comida, nem sacola, nem muda de roupa, nem dinheiro. Deveriam calçar sandálias e levar um bastão.

Um judeu conservador nunca se hospedaria na casa de um estrangeiro e nem comeria qualquer comida por considerá-la impura. Para os judeus o alimento é dividido em três classificações, a carne e os alimentos que contêm carne (fleishig), o leite e os alimentos que contêm leite (milchig), e os alimentos que não contêm nem leite nem carne (pareveh).

Os judeus podem comer carne de animais de sangue quente, que tenham cascos fendidos e ruminem, sendo eles as vacas, cabras e ovelhas. Cervos, alces, búfalos e outros também são Kasher, mas como tem de ser mortos conforme a lei judaica (Kashrut), é incomum encontrar estas carnes à venda nos açougues Kosher.

Animais kasher como o boi, ovelha, cabra (que têm o casco fendido e são ruminantes) e as aves kasher, só podem ser consumidos após serem devidamente abatidos e inspecionados por um especialista (shochet). Depois, devem ser devidamente processados (salgados e lavados) de modo a extrair o sangue, que não é kasher.

Para que um animal possa ser comido ele não pode ter sofrido ao morrer. Isso impede que um judeu caçe animais, ou coma algum que sido tenha morto por outro animal.

Jesus – no entanto - quer ensinar aos seus discípulos que qualquer casa é boa para hospedar-se e qualquer alimento é digno de se comer. Para ficar em algum lugar – é somente necessário que alguém os acolha. No entanto, Jesus deixa claro que eles podem também ser rejeitados, como ele mesmo havia sido em Nazaré. Nesse caso, Jesus diz que devem sacudir o pó das suas sandálias – como um sinal de que não devem levar nada desse lugar. Ao serem enviados sem nada extra - além das sandálias e do bastão – Jesus elimina a tentação de superiodidade. Jesus envia os discípulos para que aprendam a confiar nas pessoas, esperando tudo de pessoas que eles nem conhecem.

E o que os discípulos fizeram nessa sua missão de duplas? Diz o v. 12-13: Eles anunciaram que todos deveriam arrepender-se dos seus pecados, eles expulsavam muitos demônios, e curavam muitos doentes, pondo azeite na cabeça deles. O arrependimento dos pecados significava uma transformação de mentalidade, e uma mudança comportamental onde a solidariedade deveria ser mais importante. Servir a Deus significava viver uma nova forma de vida, mais solidária, mais inclusiva, mais tolerante, mais generosa. Essa era a nova vida. Ser seguidor(a) de Jesus, ser discipulo(a) de Jesus é um convite para ser um ser-humano melhor.

Depois de vários dias os discípulos voltaram e Jesus estava ansioso para saber como tinha sido essa experiência deles. Mas a multidão que estava com Jesus não deixava Jesus tranquilo para escutar. Jesus então sai daí e vai para outro lugar. Mas a multidão se adianta e chega antes. Jesus então ensina os seus discípulos a como tratar as pessoas. Como tratar as pessoas que procuram a igreja. Diz o v. 34: Quando Jesus desceu do barco e viu a multidão, teve pena daquela gente porque pareciam ovelhas sem pastor.

Jesus não se irrita, porque as pessoas interromperam os seus planos. Jesus olha para as pessoas. Jesus nunca se irrita com quem o procura. Jesus consegue ver o coração daquelas pessoas que procuram por ele.

Aqui está um grande desafio para a igreja. Saber olhar para o sofrimento, a solidão, o abandono das pessoas. A partir do olhar, Jesus vê as necessidades das pessoas: “pareciam ovelhas sem pastor”.

As autoridades, os pastores, pastoras, ministros e ministras da igreja não podemos ser indiferentes a tantas pessoas abandonadas à sua própria sorte pelos serviços públicos e pelos políticos que não cumprem o seu papel para o qual foram eleitos. A igreja não pode aceitar como normal essa situação de abandono. Como líderes das comunidades – tod@s somos chamados por Jesus a olhar para a nossa realidade atual e reagir de maneira responsável.

Jesus nos escolheu como seus seguidores(as). Se sentimos que ele realmente nos chamou, então ele também nos quer enviar. Amém.
 


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Belo Horizonte (MG)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Área: Comunicação / Nível: Comunicação - Programas de Rádio
Testamento: Novo / Livro: Marcos / Capitulo: 6 / Versículo Inicial: 7 / Versículo Final: 34
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 48008
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1Reis 8.57
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