Jesus e Zaqueu - Lucas 19.1-10 - Prédica para Culto de Confirmação

Autoria P. Me. Alexander Busch

20/10/2019

Estimada comunidade, estimados familiares, madrinhas e padrinhos, estimados jovens do ensino confirmatório.

Hoje celebramos um marco especial na vida destes jovens nesta comunidade. O culto de Confirmação tem diferentes significados. Entre eles, o fim de uma caminhada como grupo de ensino confirmatório. Mesmo que a convivência e amizade de vocês continue, este grupo que se reunia regularmente nos encontros de ensino confirmatório deixa de existir. O culto de confirmação marca o fim de uma etapa. A confirmação é também o início de uma nova fase, a juventude. O culto de confirmação representa o amadurecimento do adolescente que caminha rumo à juventude. Isto traz novas exigências e expectativas na comunidade e na família. É um processo natural. Na medida em que crescemos, deixamos de ser crianças, dependentes do pai e da mãe, para aprender a trilhar os nossos próprios caminhos.

A fase da juventude, esta fase da vida que vem depois da confirmação apresenta novas possibilidades: maior independência, permissão para novas experiências, maior liberdade, maior responsabilidade, o desejo de querer firmar sua própria identidade e escolhas. Do ponto de vista dos pais e das mães, certamente outras palavras poderiam ser acrescentadas sobre esta fase na vida de vocês: um misto de alegria e tristeza pela criança, agora jovem, que mais uma vez tem seu cordão umbilical cortado, um misto de confiança e ansiedade em relação às decisões do filho ou da filha, sentimentos de querer proteger o jovem ou permitir que o jovem aprenda com seus próprios erros.

Por isto, o culto de confirmação é um marco, um sinal do amadurecimento destes jovens confirmandos e confirmandas rumo à vida adulta. Num certo sentido, vocês estão subindo na vida, crescendo, amadurecendo e conquistando novos espaços. O que nos traz a um dos personagens da história bíblica que ouvimos hoje: Zaqueu.

Residindo na cidade de Jericó, Zaqueu aparenta ser um homem bem-sucedido. Ele é rico. Ele é um cobrador de impostos. Naquele tempo o Império Romano dominava sobre vários territórios e povos, incluindo a cidade de Jericó e a terra de Israel. Os cobradores de impostos eram uma peça importante para manter a grandeza e luxo da elite imperial romana e sustentar o exército romano, pronto para combater povos rebeldes à Roma. Num toque de esperteza, as autoridades romanas organizavam uma parceria com os governantes locais, que contratavam pessoas para trabalhar como cobradores de impostos. Os cobradores de impostos arrecadavam o que Roma esperava deles, e, com frequência, embolsavam eles mesmos uma quantidade de dinheiro. Desta forma, enriqueciam o Império e o seu próprio bolso.

Zaqueu conseguiu entrar neste esquema. Mas não somente isto. Zaqueu também conseguiu subir no esquema. Zaqueu é chefe dos cobradores de impostos. Ele conseguiu subir na vida. Provavelmente admirado por algumas pessoas devido sua habilidade de negociar e arrecadar o dinheiro. Certamente desprezado por muitas pessoas por trabalhar para o governo opressor e por coletar dos vizinhos um imposto extra para aumentar seu próprio patrimônio. Zaqueu, aos próprios olhos, é uma pessoa que conseguiu subir na vida, acumulando riquezas e conquistando uma posição de poder, chefe dos coletores de impostos.

Sua vida, entretanto, está prestes a mudar de direção. Um certo homem chamado Jesus está passando por Jericó. Sua fama precedia seus passos. As pessoas falavam sobre Jesus, suas ações e palavras. Provavelmente movido pela curiosidade, Zaqueu quer ver quem é Jesus, este homem famoso, que atraía multidões. E é justamente uma multidão em torno de Jesus que impede Zaqueu de vê-lo. Zaqueu é um homem baixinho. Se para uma pessoa de altura normal já é difícil ver Jesus em meio à multidão, muito mais para uma pessoa de baixa estatura. Por isso, Zaqueu sobe numa árvore próxima. Do alto, isolado e escondido entre as folhagens, Zaqueu tenta enxergar quem é Jesus.

Eis a surpresa. Jesus enxerga Zaqueu. Não apenas Jesus enxerga Zaqueu no alto da árvore, mas Jesus chama Zaqueu pelo nome. Não apenas enxerga Zaqueu e o chama pelo nome, mas também Jesus se convida para entrar na casa de Zaqueu e compartilhar uma refeição, “Zaqueu, desça depressa, pois hoje preciso ficar na sua casa” (v 5). E Zaqueu desce depressa e recebe Jesus na sua casa, com muita alegria.

Para ver Jesus, Zaqueu subiu na árvore. Mas não é do alto da árvore que Zaqueu de fato vai enxergar Jesus. Para ver Jesus, Zaqueu precisa descer da árvore. Este subir e descer carrega um simbolismo muito rico. Zaqueu subiu na vida, conquistou um espaço de poder privilegiado como chefe dos cobradores de impostos, acumulou patrimônio e riquezas pisando em cima de outras pessoas. Isto, entretanto, lhe fazia feliz? Isto, porém, o aproximava das pessoas? Isto, contudo, sustentava sua relação com Deus? Conforme o relato bíblico, não. Zaqueu encontra felicidade quando Jesus lhe chama pelo nome e vai à sua casa. Zaqueu se aproxima das pessoas quando promete abrir mão do patrimônio acumulado injustamente em cima das outras pessoas. Zaqueu encontra uma nova relação com Deus quando desce da árvore para se encontrar com Jesus.

Não me entendam mal. Subir na vida, crescer, amadurecer, conquistar novos espaços faz parte da vida. Ambições pessoais e os objetivos na vida motivam jovens e adultos para continuar a caminhada. O problema é quando supervalorizamos o subir na vida, quando as nossas ambições pessoais e objetivos viram prioridades máximas. Assim acontece com Zaqueu. Ele é um homem rico e poderoso, mas chegou ao topo isolado e desprezado pela grande maioria de seus vizinhos.

Assim acontece em nossa sociedade, onde, muitas vezes, as pessoas estão competindo umas com as outras, tentando levar vantagem em cima dos vizinhos, falando mal e humilhando outras pessoas para se sentir superior. Numa sociedade deste tipo, prevalece o individualismo excessivo, e a vida em comunidade e o sentimento de dependência uns dos outros acabam se perdendo. Isto também se reflete na vida da comunidade cristã, onde as pessoas decidem trilhar os seus próprios caminhos e ainda pedem - ou exigem - que Jesus abençoe os seus planos pessoais, sem de fato buscar a Palavra e a vontade de Jesus para iluminar o caminho e conduzir os passos.

Jesus, entretanto, vem nos mostrar um caminho diferente. Com Jesus precisamos descer da árvore, abrir mão de ambições egoístas, abandonar práticas que prejudicam as pessoas ao nosso redor e ouvir sua Palavra. A Palavra que Jesus disse para Zaqueu vale também para nós, “Zaqueu, desça depressa, pois hoje preciso ficar na sua casa” (v 5).

Assim como Jesus enxerga Zaqueu, Jesus também nos enxerga e se importa conosco, Nenhum de nós é tão pequeno para passar despercebido por Jesus. Assim como Jesus chama Zaqueu pelo nome, Jesus também nos chama e conhece pelo nome. Um sinal deste chamado é o batismo onde somos acolhidos na comunidade de Jesus e Deus declara seu amor por nós. O amor de Deus por nós é tão grande que no batismo Deus promete derramar seu Santo Espírito para conduzir nossas vidas. Por fim, assim como Jesus e Zaqueu compartilham da mesma refeição, Jesus quer entrar na nossa casa, entrar na nossa vida, iluminar nosso caminho com sua Palavra e conduzir nossos passos segundo sua vontade. Sinal desta partilha é a santa ceia onde somos Jesus nos alimenta com sua promessa de sempre caminhar conosco.

Estimados confirmados e confirmandas, nosso desejo e oração é que vocês possam subir na vida, crescer na liberdade e responsabilidade, trilhar seus próprios caminhos. Mas ao mesmo tempo, descer da árvore e caminhar com Jesus. Enxergar, chamar pelo nome, entrar na nossa vida é o “sim” de Jesus para Zaqueu, é o “sim” de Jesus para cada jovem confirmando e confirmanda nesta comunidade, é o “sim” de Jesus para as pessoas que confiam na Palavra e gesto de Jesus em nosso favor. Que Jesus possa acolher o teu “sim”, o nosso “sim” e nos ajudar a crescer, amadurecer, subir na vida segundo sua Palavra e vontade. Amém.

 

Copyright @ da imagem Pastor Daniel Erlander (ELCA) de material disponível online www.luteranos.com.br/conteudo/aqui-voce-tem-lugar-2

 


 


Autor(a): P. Ms. Alexander R. Busch
Âmbito: IECLB / Sinodo: Rio Paraná / Paróquia: Maripá (PR)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Testamento: Novo / Livro: Lucas / Capitulo: 19 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 10
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 53869
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A fé não pode aderir ou agarrar-se a qualquer coisa que tem valor nesta vida, mas rompe os seus limites e se agarra ao que se encontra acima e fora desta vida, ao próprio Deus.
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