Jesus e o Leproso!

Meditação

12/02/2021

 

O mundo enfrenta uma grande batalha contra a Covid. Sabemos que, quanto mais somos unidos e responsáveis, antes teremos a vitória sobre o mal. É a nossa realidade. Por outro lado, não podemos deixar de levar em conta que existem outras lutas no mundo: Dengue, HIV, obesidade, câncer, diabetes... Da mesma forma, sabemos que, no passado a luta foi contra o tifo, a paralisia infantil, o sarampo, a tuberculose. De tempos em tempos, surge um novo inimigo. Na época de Cristo, havia um pavor quando se escutava a palavra “lepra”, hoje conhecida como “hanseníase”. A pele sofria uma descoloração pela destruição das glândulas sudoríparas. Depois vinha a insensibilidade ao toque e à dor. Em algumas situações, o mal estagnava ou sumia depois de meses. Noutros, virava tumores que atingiam até os ossos, deformando por completo a pessoa, levando-a à morte. Em 1873, Hansen, médico e cientista norueguês, descobriu o bacilo que dá origem ao mal, indicando tratamento, controle e cura. Nos tempos bíblicos, havia uma identificação “popular” da doença com o pecado, que se alastra, tira a sensibilidade e destrói. Por isso, o leproso era considerado imundo e excluído. Eles viviam em colônias nos arredores das cidades, esperando o fim chegar. Ou seja, além do isolamento familiar e social, carregavam o sentimento de culpa. Terrível! Porém, apareceu Jesus que quebrou o estigma. Jesus não excluía ninguém. Ele ia ao encontro e ajudava. Ouçam o seguinte relato, segundo o evangelista Marcos (1.40-45):

Um leproso aproximou-se de Jesus. De joelhos, rogou: Se quiser, Senhor, pode me purificar. O Mestre ficou profundamente compadecido. Estendendo a mão, tocou-o. Ele disse: Quero! Fica limpo. No mesmo instante, a lepra desapareceu. Ele ficou limpo. Então, Jesus o despediu, pedindo que se apresentasse ao sacerdote para mostrar que estava limpo, dando assim seu testemunho e fazendo uma oferta de gratidão pela cura segundo a lei de Moisés ordenava. Em seguida, Jesus solicitou que não contasse a mais ninguém o que houve. Todavia, quando saiu da presença de Jesus, ele passou a contar a todos o que aconteceu. O Mestre teve que se esconder, permanecendo fora da cidade. Mesmo assim, muitos o encontraram.

Compartilho algumas lições que aprendi com a história. Mesmo sendo Deus, com poder de transformar matéria, multiplicar alimentos, curar todo tipo de doença, Jesus era discreto e focado. Sua missão era espiritual e não material. Seu reino não era deste mundo. Ele veio para nos ligar ao Pai. Por isso, identificou-se como o único caminho para a salvação (João 14.6). No exercício de sua missão, operou muitas maravilhas. Mas, jamais fez questão de ser conhecido como “milagreiro” ou “homem de sucesso”, o que difere muito de certas religiões, seitas, pregadores e falsos pastores que andam por aí. Humildade é a virtude recomendada. Tal atitude se observa na apresentação do leproso diante de Jesus. Ele ajoelhou-se, entregando sua “causa” nas mãos do Salvador. Seja feita a tua vontade! Assim diz a nossa maior oração. Por vezes, me vejo, em oração, determinando o que Deus deve fazer, uma atitude totalmente errada. Deus pode curar ou não, no tempo que desejar, da forma que quiser. Notem que, somente em 1873, pela ciência, desvendou-se o enigma da lepra, encaminhando-se doravante a cura. Seja humilde, entregando suas dores ao Senhor. Jamais use uma doença para provocar Deus. Jamais faça da doença motivo de se sentir “coitadinho” diante das outras pessoas. Encare com seriedade e, principalmente, humildade o teu mal, colocando-o diante de Jesus. Da mesma forma, reconheça que o pior de todos os males é o pecado que destrói. Reconhecer-se pecador permite o encontro com o Salvador e o prazer da cura interior. Ou seja, melhor do que salvar o corpo é salvar a alma. Eis aí o verdadeiro milagre. Eis aí o objetivo da vinda de Jesus.

Outra lição digna de atenção é o estilo como Jesus opera o milagre. Ele conhece e observa a lei de Moisés. Entre o legal e o ilegal prevalece o amor. Não devia tocar, mas tocou. Quem atesta a pureza é o sacerdote. Então, manda que se apresente e faça uma oferta de gratidão. Jesus jamais foi contrário às leis. Mas, também, jamais excluiu alguém. O amor de Deus alcança as pessoas em quaisquer situações. O amor prevalece sobre a lei. Jesus não apenas cura, mas reintegra-o à sociedade. É óbvio que Jesus não está se expondo ou incentivando o povo ao contato com a lepra, dizendo para, de agora em diante todos podem tocar os leprosos. Mas, ensina que o isolamento não é a melhor alternativa para curar. Ele ensina igualmente que não bastam palavras bonitas. De bons discursos, o mundo está cheio. É necessário estender a mão, partir à ação, ajudar. Perceba, também, que a partir do toque de Jesus somos curados e sensibilizados à dor do outro. Quando o Salvador me alcança, automaticamente passo a ser um instrumento do seu amor.

Uma terceira e última lição que destaco. Num texto anterior (Marcos 1.29-31), depois de curada, a sogra de Pedro passou a servir. O milagre não tem um fim em si mesmo. A cura (e/ou o perdão) me levam ao testemunho e à gratidão, inicialmente dentro da minha comunidade de fé. O leproso curado deveria apresentar-se ao seu sacerdote, mostrando o milagre e fazendo uma oferta de gratidão. Não porque Jesus mandou, mas assim era a lei. Tanto o testemunho, quanto a gratidão não têm como objetivo engrandecer pessoas ou entidades, mas unicamente ao Senhor, doador e mantenedor da vida. Se você experimentou a graça, compartilhe. Se você alcançou bênção, oferte. Porém, nada deve ser feito por obrigação, antes com sentimento que brota do coração. Observamos no relato do Evangelho que não foi bem isso que fez o homem curado. Infelizmente, ele agiu de forma contrária à orientação. Ou seja, encontrou a cura física, mas não entendeu o milagre operado em seu coração. Por isso, sempre de novo devemos pedir que Deus cure também nossa cegueira espiritual.

Por fim, a história termina dizendo que, a partir da cura do leproso, “muitos passaram a procurar Jesus”. Ainda hoje, muitos buscam a Deus. Mas, com que intenção? Apenas para ver ou experimentar um milagre ou bênção material? Ou, buscam algo mais profundo que envolve transformação do caráter e compromisso com o Mestre? Nos últimos cultos estamos refletindo sobre o discipulado que é algo mais profundo do que apenas reconhecer que é Jesus, caminhando ao seu lado. O discipulado envolve amoldar o caráter. Ou seja, aprender a carregar a cruz, entendendo o sacrifício de Jesus não só pela humanidade, mas por mim. Sim! Por mim. Sou um pecador. O mal se alastra e me consome. Ele me torna insensível. Só Jesus pode me curar. Quando ele age, tudo muda. A alegria me preenche. A gratidão brota nas pequenas atitudes de louvor e serviço. Que Deus continue te ajudando, abrindo teus olhos, guiando na caminhada de fé. Amém!
 


Autor(a): P. Euclécio Schieck
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense / Paróquia: Garuva-SC (Martinho Lutero)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Testamento: Novo / Livro: Marcos / Capitulo: 1 / Versículo Inicial: 40 / Versículo Final: 45
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 61097
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É necessário pregar com o objetivo de que seja promovida a fé Nele, para que Ele não seja apenas o Cristo, mas seja o Cristo para ti e para mim e para que Ele opere em nós o que Dele se diz e como Ele é denominado.
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