Estamos nos despedindo do ano de 2020. Para muitos, ele parece que ainda não terminou em função da pandemia. A passagem deste ano pode transcorrer num clima de desconfiança porque o novo, aquilo que tanto esperamos, ainda não está perto. Há incertezas quanto à evolução da doença e a quando começará a vacinação em nossa cidade.
Vamos ouvir muitas análises sobre este ano que está findando; o ano da pandemia, sobre milhares de mortes em todo o mundo. No contexto da igreja, este ano será conhecido como o dos encontros virtuais, do surgimento de novas oportunidades para a divulgação do Evangelho. Novas tarefas precisaram ser assimiladas para que os contatos continuassem promovendo vida e comunhão. Descobrimos novas possibilidades em nosso ser Igreja. E, certamente o que mais nos chamou a atenção foi a nossa interdependência, a necessidade de cuidado de uns para com os outros.
O ano de 2020 nos trouxe tarefas desafiadoras. Precisamos de humildade para acolher estes desafios pois eles oportunizaram mudanças e perspectivas para o futuro. Para tanto, temos de nos perguntar, temos a humildade para acolher desafios, realizar mudanças na nossa forma de pensar, fazer as coisas? Não podemos viver num mundo de ilusões, esperando que outros apresentem respostas mágicas aos nossos problemas. Como diz Albert Einstein: Loucura é querer resultados diferentes fazendo tudo exatamente igual!
Por isso, não é a simples entrada num novo ano que fará a diferença, mas as mudanças que nós desejamos proporcionar à vida.
Estamos vindo do Natal, festa que lembramos uma ousada mudança no agir de Deus, que, com humildade, realizou os seus planos para provocar mudanças em nossas vidas. Deus se torna uma criança deitada numa manjedoura. Ali revela o todo o seu amor, expressão de uma profunda humildade que tem o poder de mudar a face da terra. Paulo resumiu assim este grande feito de Deus por nós através de Jesus Cristo.
Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar que Cristo Jesus tinha: Ele tinha a natureza de Deus, mas não tentou ficar igual a Deus. Pelo contrário, ele abriu mão de tudo o que era seu e tomou a natureza de servo, tornando-se assim igual aos seres humanos. E, vivendo a vida comum de um ser humano, ele foi humilde e obedeceu a Deus até a morte — morte de cruz. Filipenses 2.5-8
O que vem a ser humildade? Há um ditado que diz “quem se humilha será glorificado.” É verdade que nem sempre se concorda com esta afirmação. Muitas pessoas, mesmo se esforçando, continuam sendo humilhadas. Por isso, é preciso diferenciar as expressões: ser humilde com o ser humilhado. Este último será sempre um ato de agressão, prevalecendo uma tensão entre a bondade e a maldade. Ser humilde é a virtude de quem abre mão de algo em favor de uma causa justa, tem a disposição de interagir e crescer com o outro. Por exemplo, usar a máscara é uma expressão de humildade e de cuidado com a vida de todas as pessoas.
Humildade tem a ver com a confiança. Esta é uma virtude imprescindível de mudança de atitudes. Veja, assim como a vacina pode nos imunizar da corona vírus, a confiança e a humildade serão como um antídoto para uma relação de cuidado, amor a vida.
Jesus assumiu a sua humildade porque confiou em Deus, como enviado para promover salvação. Este ato de ser tão humano o faz ser redentor.
A confiança e a humildade querem ser os nossos aliados em 2021. Estas virtudes afastam o medo, encorajam a enfrentar a realidade assim como ela se apresenta. Ensina a dialogar com o outro. Através da humildade e da confiança o Criador e a criatura se reconciliarão.
Eu te desejo que sigas em paz para o ano de 2021. O Deus conosco, que se fez pessoa num estábulo de animais, estará contigo. Confia nele. Seja humilde. Estas virtudes te darão sustentação e serenidade para um novo ano.
P. Werner Kiefer