História de vida de Rosalina Schliwe

11/02/2020

 

Nome: Rosalina Schliwe

Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo

Comunidade: da Paz

Paróquia: Espigão Do Oeste – Ro

Sínodo da Amazônia

 

Meus bisavôs vieram da Pomerânia junto de seus pais, fugindo da 2ª Guerra. Eles tinham apenas 6 meses de idade. Meus avôs paternos e maternos nasceram no Espírito Santo, Brasil. Ele se casaram e dessa união nasceram meus pais: Amelia Waiandt e Reinaldo E. G. Schliwe.
Meus pais se casaram no dia 13 de Junho de 1957, na Igreja Luterana de São João – IECLB, no Espírito Santo e tiveram 4 filhos e 3 filhas.

Minha mãe sempre foi na OASE (Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas) e meu pai sempre muito presente na Igreja. Nós fomos criados na Igreja, fomos batizados e confirmados. Íamos à Escola Dominical, no Catecismo, aos domingos na Juventude.

Eu, Rosalina Schliwe, me lembro de algumas coisas de crianças. Lembro da casa do meu avô materno, no Espírito Santo. Lembro também, dos meus três anos de idade quando nos mudamos pro Estado do Paraná. Lá eu fui à Escola Dominical e no Catecismo. Crismei em 12 de abril de 1979. Naquela mesma, viemos para a Rondônia.

Eu fui uma criança que sofreu “bullying” na escola. Me chamavam de “alemão azedo, alemão batata come queijo com barata”. Bom, um dia nós já estávamos quase de muda pra Rondônia, quando dei uma surra nas meninas, arranquei até sangue do nariz de uma. Era uma contra quatro, eu tinha que me defender. Depois disso, as meninas ficaram com medo de levar milho lá em casa pra fazer fubá, pois meu pai é quem cuidava do moinho.

Lá eu tive dois testemunhos de Deus. O primeiro com irmãozinhos que morreram e o segundo comigo mesma. Eu tinha apenas dez anos e queria muito morrer. Então, o desejo de morrer se tornou uma ação de Deus. Era uma noite muito fria, estava geando. Nós éramos muito pobres. Meu pai sempre cuidou muito de nós. Às vezes, ele bebia para esquecer um pouco do sofrimento. Ele trabalhava muito para nos criar. Sempre nos defendeu de tudo, mas às vezes ele também chegava ao seu limite de sofrimento, aí bebia. 

Deus sempre nos amparou na necessidade. Meu pai era um homem temente a Deus. Tudo que sou hoje devo a ele: a honestidade, a defesa da família, os conselhos pra não fazer nada de errado. Ele nos educou numa religião que é a IECLB. Minha mãe também sofria muito, mas com Deus sempre é possível superar as dificuldades da vida.

Chegamos na Rondônia num “pau de arara”. Fomos à Espigão do Oeste, lugar muito promissor, onde meu pai queria uma terra. Fomos trabalhar de “meeiro” no Valdemar Scherok. Ficamos lá um ano. Compramos uma casa na cidade, e então nós fomos trabalhar. Eu trabalhei de doméstica, aprendi muitas coisas, a cuidar da casa, fazer almoço, lavar roupas, cuidar de criança, bebê. Sempre participava da Igreja, da juventude. Trabalhei de enfermeira seis anos e também em laboratório um ano.

Quando eu conheci o meu marido, fui morar junto com ele. Aos poucos fui me afastando de Deus. Nasceu minha primeira filha. Quando tive minha segunda filha fiquei com depressão pós-parto. Por dois anos fiquei doente. Um dia eu estava tão ruim que dobrei os meus joelhos e pedi a Deus para me tirar daquele sofrimento, “me levar”, porque eu não aguentava mais. Então, conversando com Deus, pensei: o que será de minhas filhas? Cuida delas Senhor, porque as minhas forças acabaram. Pedi a Deus que me levasse ou me curasse, porque eu não agüentava mais. Eu disse: - Senhor, se Tu me curares sempre te servirei. Nunca mais vou te abandonar meu Deus, tu sempre estarás comigo onde eu estiver. Naquela mesma noite deitei-me e dormi imediatamente. Dormi a noite toda, e quando acordei eu não estava mais doente.

Desde então, eu voltei a comer, a dormir, a orar muito. Retornei à Igreja, coloquei minhas filhas no Catecismo. Eu sempre falava com meu marido: - Vamos nos casar para batizar nossas filhas. Deus tinha me abençoado com mais duas filhas, então eu lutava com todas as minhas forças para cumprir a minha aliança com Deus. A promessa que fiz era muito grande.

Em 2002 meu marido ficou doente. Ele fazia tratamento em outra cidade. Um dia ele chegou em casa e disse: - O Laury (ele me chamava assim)! Eu vou fazer profissão de fé para nós nos casarmos. Eu tinha quase perdido as esperanças sobre isso. Mas Deus não se esqueceu de mim, nem eu dele. Fiquei muito feliz e agradecendo a Ele. Meu marido fez a Profissão de Fé e nos casamos no dia 05 de março de 2004. Batizamos nossas filhas em 14 de agosto de 2004. 

Meu pai faleceu no dia 27 de julho de 2007. Ficamos muito tristes. E eu, sempre me agarrando firme com Deus. De repente, meu marido ficou doente e foi internado no dia 13 de setembro de 2007. Eu fiquei muito desesperada. No dia 30 de outubro meu esposo faleceu na UTI, em Porto Velho. Apesar de desolada eu tinha uma força que me mantinha em pé, nem sabia de onde vinha tanta força. Eu tinha quatro filhas para criar e educar para a vida. Foi tão difícil, tão sofrido. Às vezes eu quase não suportava a dor que sentia na alma, mas Deus estava lá. Ele muitas vezes me carregava no colo. Eu chorava escondida em meu quarto. À noite eu orava, pedia a Deus para não deixar eu desistir.

Passei por muitas provas, mas com Deus tudo se aguentava. Minhas filhas cresceram e foram viver a vida delas. Eu as coloquei diante da Igreja, foram batizadas e confirmadas e, agora, elas já se afastaram da Igreja. Eu sempre falo para elas se voltarem para Deus e a Igreja. É muito difícil trilhar o caminho sem Deus. Eu sempre as aconselho a voltar. Eu continuo a minha missão com Deus. Agora estou mais presente e participativa na OASE. Sempre vou no culto ouvir a Palavra.

Bom, sou um pouco incompreendida, as pessoas me julgam por eu, às vezes, falar algo que era que estão fazendo, mas nem ligo. Deus está comigo, é o que importa.

Sou Rosalina Schliwe essa é minha história.
Nasci em 17 de junho de 1965.
Casei em 2004, com Gilson Aguiar Ferreira, mas já morávamos junto desde 1991.
Tivemos quatro filhas que são:
Jacielly Schliwe Ferreira, nasceu em 06/02/1992
Gleice Kelly Schliwe Ferreira, nasceu em 25/10/1994
Ana Carolina Schliwe Ferreira, nasceu em 14/10/1998
Pamela Schliwe Ferreira, nasceu em 24/11/2000.
Fiquei viúva em 2007.

CONTOS DE QUANDO ERA CRIANÇA.

As minhas travessuras:
Eu ia nas costas do meu irmão e ele me jogava de cabeça no meio do capim, me segurava pelas pernas e ficava de pendurada. Eu queria que a mãe me carregasse, mas ela sempre tinha um monte de coisas para carregar.
Outra travessura:
Num dia de domingo tinha culto. Meu pai sempre cortava o cabelo das pessoas, ele tinha as ferramentas. Eu sempre as observei. Então, eu e minha prima Verdina, saindo do culto, fomos pra casa, que ficava em frente à Igreja. Ela então, sugeriu: - Vamos brincar de cortar cabelos? Eu disse: Não, meu pai briga. Ela respondeu: Ele não vai ver! Eu corto o seu cabelo e você corta o meu. Bom, aí ela quis que eu cortasse o cabelo dela primeiro. Meti a tesoura no cabelo, fiz aquele caminho de rato! Rsrsrs. Aí eu disse, corta o meu. Ela não quis, foi no culto mostrar o corte de cabelo. Então minha tia olhou brava para minha mãe, e eu já saí. Ela veio atrás e me bateu com cana de vassoura, quase me matou e fiquei toda “lapiada” (roxa). Então, meu tio Teobaldo veio e falou com minha mãe: O cabelo cresce de novo você quase matou sua filha, não deveria fazer isto. Na verdade o cabelo cresceu de novo e eu nunca me esqueci da surra. 

Outra travessura:
Eu ganhei uma mini saia que a mãe fez. Eu fui na casa da minha amiga. Então, eu estou lá bem bonitinha e a irmã da minha amiga mandou eu buscar lenha. Eu fui, passei por de baixo da janela e ela me jogou uma bacia de água suja em mim. Eu fui embora berrando de raiva e eles ficaram rindo de mim.


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