História de vida de Anita Kramer Buss

24/08/2017

 

Nome: Anita Kramer Buss

Participação na IECLB: Desde o Batismo

Comunidade: Alta Floresta d'Oeste, RO.

Sínodo: Sínodo da Amazônia

 

Bonecas de pano, esta é a minha inspiração para escrever sobre a história de vida de uma mulher especial, minha tia. Nossa infância, minha, de minhas irmãs e demais primas, foi marcada por muitas brincadeiras e pela sensibilidade, criatividade e mãos mágicas de artesãs da tia Anita Kramer Buss. Anita e suas irmãs se debruçavam em suas máquinas de costura colocando vida em panos, retalhos, farrapos e trapos insignificantes fazendo lindas bonecas de pano com as quais nos presenteavam. Elas, ainda na infância humilde, aprenderam a fazer suas próprias bonecas.

Anita Kramer é filha de Olga Ohnersorge e Edmundo Augusto Kramer (in memorian). Nasceu no dia 28 de setembro de 1952 e foi batizada no dia 31 de outubro 1952, em Córrego da Peneira, Nova Venécia, ES. Confirmada no dia 04 de fevereiro de 1965, na Comunidade Evangélica do Córrego do Jacarandá, Paróquia de Vila Valério-ES. Casou-se com Orlando Henrique Buss no dia 02 de julho de 1971, nesta comunidade. Foram abençoados com dois filhos.

Escrever, falar da história de minha mãe, minhas avós, tias é reviver repetidas vezes sem perder a força na vida de mulheres do campo. Mulheres guerreiras. De mulheres fortes, batalhadoras, agricultoras que tem o sabor e o saber da roça. A sabedoria de cozinheiras, costureiras, padeiras de forno à lenha, de torrador de café, arte que eu também aprendi com minha mãe (in memorian). Minha tia Anita desde a sua juventude lutou na lavoura, conheceu as dificuldades, mas na fé e esperança sempre seguiu firme.

Tia Anita juntamente com vovó Olga também é fundadora da OASE da comunidade do Córrego do Jacarandá, ES. Pela sua dedicação com crianças, pelo seu dom e pela sua experiência em cuidados com bebês era chamada por outras mulheres para dar os primeiros banhos em muitos bebês.

Por alguns anos também colaborou no culto infantil e canto coral. Ativa na OASE, com criatividade envolvia as mulheres no preparo de casquinhas de ovos com as quais presenteavam as crianças na Páscoa. Escrevia canções de Natal para as apresentações natalinas. Com seu irmão Wilson, regente do coral, faziam visitas aos aniversariantes e idosos da comunidade. Anita, seus pais e mais pessoas do coral eram recebidos com alegria. Wilson ministrava estudos bíblicos e outros ofícios na comunidade.

Mais tarde, a família deixou o Espírito Santo em busca de dias melhores, de novas conquistas, de novos sonhos. Assim, aos poucos a vida foi recomeçando em novas terras, década de 1980.

Fé para seguir em frente, coragem para enfrentar os obstáculos e certeza de que os sonhos são movidos por amor. Muitas saudades de familiares que ficaram para trás. A luta por um pedaço de terra, as moradias e estradas precárias, o costume, a cultura, enfim, não foi fácil. Porém, na bagagem sonhos, garra, esperança de um novo tempo.

Em meio à natureza muitos pássaros, cafezal em flor, horta e chás, pés de mamão maduro, paiol cheios de milho, porcos nos chiqueiros, ninhos com ovos de galinhas, marrecos e patas nadando no rio, chocas com pintinhos, galinhas pelo pátio, gatos, cachorros, jardim florido, muitos cheiros e cores. Assim, numa casa grande e bonita, moravam juntos, Anita sua família e seus pais.

Em Rondônia, Anita e seus familiares também conheceram e caminharam em estradas de muitas dores. Dores que ainda hoje são lembradas. Um dos filhos faleceu tragicamente. Além de todas as dores, perdas, doenças, tempos difíceis. Sofrimentos! O que resta em muitos momentos dolorosos da vida é deixar-se cair nos abraços amorosos de Deus. Aos pais foi dedicado tempo, cuidado. Anita e sua família proporcionaram e vivenciaram o que foi possível de acolhimento aos seus pais, até o fim.

Hoje, em Alta Floresta d'Oeste, RO, Anita continua frequentando a OASE, participando de sua comunidade IECLB, animando com sua voz (contralto) canto coral. Sua criatividade continua no artesanato: nas tintas, nas costuras, pinturas, na organização do belo jardim, na recepção de pessoas em sua casa. No cuidado com as pessoas que necessitam de atenção, no carinho de netos e netas.

Lembrando que Deus esteve e está presente em todos os momentos alegres e tristes. Podemos confessar juntos com o salmista: “Ele é o nosso Deus; nós somos o povo que ele guia, somos o rebanho do qual ele cuida”. Amém. (Salmo 95.7)


(História contada por Telma Merinha Kramer)


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