História de vida de Anelise Ruppenthal Trierweiler

14/09/2015

 

Nome: Anelise Ruppenthal Trierweiler

Tempo de participação na IECLB: desde o Batismo

Comunidade: Picada Café

Paróquia: Picada Café/RS

Sínodo: Nordeste Gaúcho

 

No dia 25 de abril de 2015, no Instituto de Educação de Ivoti/RS, participei da primeira etapa do curso “Como coletar e narrar histórias de vida”, no Sínodo Nordeste Gaúcho. Neste dia, foi proposto para o grupo participante que cada integrante escrevesse a sua história. Empolgada com a narrativa da história de vida de Katharina von Bora, que nos foi apresentada nessa ocasião, logo me lembrei de um trabalho da IECLB realizado em 2012, que trata da elaboração do livro “Histórias de vida e fé: luteranos e luteranas no Nordeste do Rio Grande do Sul”, que faz o resgate e registro das histórias de membros de nossa Igreja, de nossas Comunidades. Este estudo foi coordenado pelo Dr. Martin Norberto Dreher, que para mim também é uma referência de vida, por ter sido o professor que me orientou no meu Trabalho de Conclusão do Curso de Licenciatura em História, cujo título era: “Picada Café: sua vida, sua produção na virada do século XIX para o XX”. A citação a seguir ilustra perfeitamente o sentimento de comprometimento com a nossa fé que tão bem nos foi transmitida naquele dia.

 “Igreja que olha para o futuro vive de suas raízes.
Árvore que cresce e olha para o céu só o pode
fazer enquanto tiver raízes. Igreja sempre terá
que se orientar em Jesus, em sua história, em sua
presença e em seu futuro. Sendo Igreja de Jesus,
depende somente dele. Nessa dependência ela vive
do testemunho que vem dos discípulos e apóstolos
e nos foi transmitido por “nuvem de testemunhas”
que nos legaram histórias de vida e fé”
.
(Martin N. Dreher, “Histórias de vida e fé: luteranos
e luteranas no Nordeste do Rio Grande do Sul”, p. 213).
 

“Igreja que olha para o futuro vive de suas raízes. Árvore que cresce e olha para o céu só o pode fazer enquanto tiver raízes. Igreja sempre terá que se orientar em Jesus, em sua história, em sua presença e em seu futuro. Sendo Igreja de Jesus, depende somente dele. Nessa dependência ela vive do testemunho que vem dos discípulos e apóstolos e nos foi transmitido por “nuvem de testemunhas” que nos legaram histórias de vida e fé”. (Martin N. Dreher, “Histórias de vida e fé: luteranos e luteranas no Nordeste do Rio Grande do Sul”, p. 213).

Sou Anelise Ruppenthal Trierweiler, nasci em 26/02/1982, em Nova Petrópolis, mas moro em Picada Café, localidade de Kaffee Eck, desde meu nascimento. Tenho graduação em Licenciatura em História, desde 2007, pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, e Especialização em Gestão Pública pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, em 2011. Trabalho na Prefeitura Municipal de Picada Café.

Faço parte da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em São João de Picada Café. Fui batizada na igreja que pertence a essa Comunidade. Desde pequena já frequentava o Culto Dominical ou “Sonntagsschule”, como costumávamos chamar no dialeto alemão. Quando entrei no Ensino Confirmatório, também já era hora de ajudar nas festas da Comunidade.

Tive uma infância muito privilegiada. Minha mãe, Vera Marisa Kintschner, ficou em casa, cuidando de mim e minha irmã Angelica Ruppenthal Boettcher até que eu estava com 11 anos e minha irmã com oito. Junto com os afazeres domésticos, ela trabalhava para malharias, mas em casa. Depois ela começou a trabalhar fora de casa. Ela ainda hoje trabalha na Malharia Schmitt de Picada Café. O meu pai, Alberto Luiz Ruppenthal, sempre foi caminhoneiro (profissão que exerce até hoje, junto com o cargo de Presidente da Câmara Municipal de Vereadores de Picada Café), e, às vezes, ficava dias longe de casa. A saudade sempre era grande. Com a mãe trabalhando fora de casa, nos turnos em que eu e minha irmã não estávamos na escola, ficávamos na casa de nossos avós paternos. Que tempo maravilhoso! Íamos junto à roça; ajudávamos a limpar a casa, a estrebaria; passeávamos em Nova Petrópolis quando a avó, Lilli Bauer Ruppenthal (in memoriam) e o avô, Arlindo Ruppenthal (in memoriam) pegavam a aposentadoria. São pessoas que me deixaram e ainda deixam um legado de valores e lições de vida: a minha mãe, o meu pai, os avós paternos e também os maternos, que visitava mais em finais de semana.

Sempre fui muito estudiosa. Concluí o Ensino Fundamental em Picada Café. No entanto, fiz o Ensino Médio em Nova Petrópolis junto com a Habilitação para o Magistério. Logo após o estágio já iniciei a faculdade e comecei a trabalhar como professora de Educação Infantil na Fundação Assistencial de Picada Café. Com o meu salário, eu pagava as despesas com os estudos. Nesse tempo, em 2001, também conheci o meu marido, Joel Cristiano Trierweiler. Ele ainda estava estudando no Ensino Médio, fazendo o Curso de Técnico Agrícola, pois é dois anos mais novo que eu. Depois da conclusão de seus estudos, começou a trabalhar na empresa Bolsas Emme, em que está até hoje. Em 2005, comecei a trabalhar na Prefeitura Municipal de Picada Café, sendo atualmente Secretária da Junta de Serviço Militar e responsável pela emissão de Carteiras de Identidade e de Trabalho. Como já citei anteriormente, em 2007, concluí os meus estudos na Unisinos. Em 2009, eu e meu marido oficializamos nossa união perante Deus. Foi o Pastor Nelson Altevogt que conduziu a cerimônia. Ainda não temos filhos, mas é o nosso maior pedido a Deus. Para aperfeiçoar-me mais no meu trabalho, iniciei, em 2010, o curso de Especialização em Gestão Pública pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, tendo obtido o título em 2011. Em 2012, tivemos a notícia de que seríamos pais; contudo, houve um aborto espontâneo. Em 2014, procuramos uma Clínica em Reprodução Humana. Não obtivemos sucesso. Mas no começo de 2015, a notícia de outra gravidez natural nos emocionou muito. No entanto, outro aborto aconteceu. Em finais de abril desse ano, novamente a notícia de uma gravidez. Era uma mistura de ansiedade, alegria e susto ao mesmo tempo. Desta vez, tudo estava parecendo ir muito bem. Estávamos confiantes de que agora teríamos o nosso tão sonhado filho. Em início de maio, a primeira ecografia acusou uma gravidez fora do útero. O coração do nosso amado já pulsava dentro de mim, mas a cirurgia foi inevitável. Tenho fé em Deus de que Sua escolha é o melhor que Ele quer para nós.

A minha participação como membro da Diretoria da Paróquia aconteceu no ano de 2009. Lembro que foi um convite do Pastor Nelson Altevogt a minha indicação como secretária da Diretoria da Paróquia. Fiquei muito feliz em saber que as outras pessoas confiavam no meu nome para escrever as atas das reuniões, o que também me motivou a aceitar o desafio. Até hoje faço parte da Diretoria.

Um dos aspectos que considero mais importantes na vida da Comunidade é justamente o trabalho em equipe em busca de um mesmo objetivo. Todos engajados na mesma luta e na mesma fé, idealizando uma Igreja sempre mais unida e forte. Acredito também que é esse engajamento em Comunidade que te faz crescer, que te torna um cidadão pleno. Nesse ponto, considero que eu não teria nada a mudar em nossa Igreja. Tenho certeza de que a dinâmica usada pela Igreja é satisfatória. A questão fica na consciência das pessoas de terem tantos recursos em suas mãos e não aproveitarem as oportunidades que a vida lhes dá. A vida religiosa em Comunidade nos proporciona um encontro de pessoas que vivem a sua fé e refletem sobre sua ação.

Um dos trabalhos realizados pela IECLB e que considero de suma importância são as atividades desenvolvidas pela OASE (Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas). Em Picada Café, o grupo da OASE tem uma promoção durante o mês de outubro de cada ano, que é o Café Anual da OASE. Esse evento já é conhecido na região, sempre atrai muitas pessoas de diversas localidades. Quando esse evento ocorre, sempre sou convidada a ajudar a servir o café. Eu não participo atualmente do grupo da OASE, mas me sinto muito bem em poder ajudar.

Em 2012, tive participação no livro “Histórias de vida e fé: luteranos e luteranas no Nordeste do Rio Grande do Sul”, escrevendo sobre a história de nossa Comunidade. Ele resgata e registra as histórias de membros de nossa Igreja, de nossas Comunidades. Em 2014, foi lançado, em Picada Café, o livro “Lux Perpetua – O caminho da fé através dos vitrais”. Este último tem quatro autoras: Anelise Ruppenthal Trierweiler, Angela Tereza Sperb (Organizadora), Josiane Mallmann e Patrícia Rosina Stoffel Hansen. O livro faz uma contextualização da vida religiosa em Picada Café e apresenta um histórico dos vitrais e dos vitralistas no Rio Grande do Sul. As igrejas históricas do município apresentadas no livro são: a Igreja São João (filiada à IECLB), no bairro São João; a Capela Nossa Senhora da Visitação, em Picada Holanda; a Capela Sagrado Coração de Jesus, no Jammerthal; a Matriz Santa Joana Francisca de Chantal, na Joaneta; e a Capela Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no centro de Picada Café.

Também faço parte de um grupo que se chama Associação de Amigos do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de Picada Café, ou simplesmente Amigos de Picada Café. É um grupo que se reúne mensalmente com o objetivo de preservar a memória material e imaterial de Picada Café. Um dos projetos mais importantes realizados pelo grupo é: “A Igreja é o Palco”, que aconteceu no ano de 2013 e, como o próprio nome já diz, consistiu de apresentações de grupos musicais nas igrejas de Picada Café.

Um dos eventos que mais me marcou em minha vida foi quando o meu pai, Alberto Luiz Ruppenthal e a minha mãe, Vera Marisa Kintschner, se separaram. Isso aconteceu no ano de 2007. Naquele ano, eu estava na reta final do meu curso de graduação, e esse foi um ano bem conturbado para a nossa família em função da separação. Eu tinha prometido para a minha mãe que, assim que eu me formasse, nós duas iríamos começar a cantar no Coral da nossa Igreja. Então, num dos cultos a que fomos, conversamos com a Sra. Marlise Altevogt, que é a regente, e, no inverno de 2007, começamos a participar do Coral São João. Acredito que, de certa forma, esse nosso ingresso no Coral fez com que nos aproximássemos ainda mais de nossa Igreja, pois os ensaios são de duas em duas semanas, mas temos várias apresentações durante o ano e outros eventos que fazem com que cada vez mais possamos afirmar a nossa fé.

Como é bom poder ouvir histórias do passado e poder partilhar com outras pessoas! A minha mãe sempre conta que ela adorava quando o Pastor Heinrich Brakemeier vinha visitar a família, quando ela era criança, e contava histórias mostrando slides na parede branca. Ela me disse que o Pastor usava muito o nome “Anelise” nas suas narrativas. Esse é um dos motivos pelos quais ela escolheu esse nome para mim. E hoje, como Historiadora, acredito que o compromisso que temos com a nossa fé também deve ser passado para os nossos descendentes, assim como nossos antepassados nos orientaram a seguir esse caminho, trazendo do Velho Mundo um legado de amor e esperança, baseados na fé e na união, na coragem de traçar uma nova vida do outro lado do oceano.


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