História de vida de Ana Maria Brackmann

22/02/2017

 

Nome: Ana Maria Brackmann

Tempo de participação na IECLB: Desde o batismo

Comunidade: Comunidade da Ascensão

Paróquia: Paróquia Norte - Curitiba/PR

Sínodo: Paranapanema


Sou Ana Maria Brackmann, tenho 69 anos e participo na IECLB desde meu nascimento. Nessa igreja fui batizada, confirmada e me casei.

Aprendi com minha mãe Erica Siegmund a ouvir histórias bíblicas, participar no Culto Infantil, na época na Comunidade do Redentor em Curitiba, cantar hinos de louvor. Nossa vida era muito simples, mas na educação que recebi aprendi valores que permeiam minha vida e a da minha família. Minha mãe tinha uma pensão. Quando a ajudávamos na limpeza, cantávamos e o trabalho ficava leve. Nunca nos queixávamos. Chegava da escola, tirava o uniforme e ia ver qual quarto a mãe estava limpando para ajudá-la.

Fui criada para ser dona de casa e por este motivo só conclui o Ginásio, em 1962. Meu noivo Rubens Rogério Brackmann, era católico e o conheci em agosto de 1963. Em 1968, a meu pedido, nos casamos na igreja luterana.

Em 1979, minha mãe faleceu de enfarto, com 54 anos. Até então, eu frequentava os cultos com minha mãe e minha irmã mais nova. Depois que minha mãe faleceu, o Rubens passou a participar dos cultos comigo e decidiu fazer sua Profissão de fé. Isso foi marcante para mim. Nunca devemos desistir de nossos princípios e é importante marcá-los com exemplos. Foram os ensinamentos de minha mãe que levaram o Rubens a integrar a Igreja Luterana, com aceitação e conhecimento. Hoje ele é Coordenador do Estudo Bíblico e da Comissão da construção do templo da Comunidade da Ascensão.

Nosso filho mais velho, Sérgio Luís Brackmann, já trabalhou muito ativamente na Comunidade da Ascensão e atualmente participa nos cultos, quando possível. A filha mais nova Sandra Regina Brackmann Ullrich é Professora do Culto Infantil e foi convidada a participar na Educação Cristã Contínua - Sinodal. Ainda chegará o dia que eles serão presbíteros também.

Sou presbítera ativa desde 1986. Comecei participando na OASE como Tesoureira e depois, como Tesoureira da Paróquia Norte. Fui Presidente da Comunidade, da Paróquia, da União Paroquial de Curitiba – CELC-UP e do Sínodo Paranapanema. Participei como delegada no Distrito Sul do PR e na II Região Eclesiástica. Fui eleita para o Conselho Distrital e da II Região. Mais tarde, no Concilio Geral da Igreja. São fatos marcantes na minha vida eclesiástica, pois os considero como base e fortalecimento da minha vida espiritual e da minha família. Atualmente sou I Secretária da Paróquia e da Comunidade da Ascensão. Faço parte do Conselho Sinodal como representante da Obra Gustavo Adolfo – OGA. Fui eleita há um ano como Presidente da Assembléia Sinodal e já dirigi a deste ano.

Aspecto que considero importante é o trabalho em equipe. Na comunidade ou qualquer outra instância o trabalho não pode ser individual, almejando destaque pessoal. O exemplo deve vir da coerência entre a palavra e a ação. Não somos eleitos para exercer cargos, mas para, através de uma função servir a Deus com alegria e desprendimento. Estamos todos num barco a vela, quem sopra o vento para impulsiona-lo é o próprio Deus. Se não tivermos esta imagem como fundamento de nosso trabalho na Igreja, trabalhamos em vão.

Ao trabalhar em equipe somos líderes, agregando outras pessoas, com mais ou menos dons, pois o convívio alegre e descontraído faz com que os dons apareçam e se desenvolvam. Todos, desde o mais humilde, são chamados para a seara do Senhor. Dar oportunidade, motivar, despertar dons é muito gratificante.

Em 1993, três dias após comemorarmos Bodas de Prata, meu marido Rubens fora comunicado de que a empresa, na qual tinha o cargo de Gerente geral, fecharia as portas em 45 dias. Os móveis foram doados para a Comunidade, para a Creche Bom Samaritano e para o Lar Ebenezer.

Rubens, com 32 anos de serviço, tomou a decisão de não trabalhar mais. Nossa situação social e financeira mudou muito. Fiquei seis meses em casa, fazendo de tudo e ele passava os dias em seu escritório domiciliar, lendo jornal. Após este período decidi que eu precisava estudar. Não poderia ficar estagnada. Através de minha irmã, soube que minha sobrinha havia se inscrito no Vestibular da Escola Técnica Federal do Paraná para o Curso de Contabilidade. Decidi estudar para participar na seleção de alunos inscritos. Eram mais de 3.000 inscrições. Fui atrás de livros emprestados para me preparar. Queria estudar para melhor desempenhar minhas funções na igreja. O conhecimento seria meu trampolim.

Prestei vestibular para Técnico em contabilidade e constatei que a vivencia e a experiência auxilia muito nas respostas. Raciocina-se melhor e as respostas são pensadas e repensadas. Quase não acreditei quando li meu nome no jornal. Que alegria! Pude realizar meu sonho. E o melhor, sem custos de mensalidades, pois o curso era gratuito. Logo pensei, vou estudar e depois trabalhar.

As aulas iniciaram em março e eu sentia-me feliz, mas deslocada, pois freqüentava as aulas com roupa social enquanto que meus colegas de 16 a 17 anos iam para a aula com jeans. Procurei me aproximar adaptando-me à vestimenta deles. Aos poucos fui conquistando confiança a ponto de me tornar a “mãe da turma”.

Em 1996 me formei Técnica de Contabilidade. Para a minha alegria, antes de completar 50 anos de idade. Procurei emprego em diversas empresas, mas os entrevistadores eram asquerosos. Não era ambiente para eu ficar subordinada àquelas pessoas, fechada num escritório cheio de documentos, sem me comunicar com outras pessoas. Meu dom é trabalhar com gente, principalmente da Igreja.

Relutei, e com êxito prestei vestibular, na mesma escola, para o Curso de Administração de empresas. Isso me daria uma formação mais direcionada para atuar na presidência da CELC-UP. Assim, segui meus passos estudando e trabalhando como voluntária na Igreja. Os hábitos se tornaram módicos e não seria necessário ter um emprego. Na Assembleia da CELC_UP, em março de 1999, candidatei-me à Presidência e fui eleita. Para compor a Diretoria da CELC convidei um presbítero de cada Paróquia, que na época eram cinco. Confesso que orei muito pedindo por sabedoria e discernimento. Surpreendi-me com diálogos inesperados de alguns presbíteros que tentaram ser ardil, querendo despertar minha vaidade. Como eu me sentia servidora de meu Senhor, com humildade driblei estes comentários.

Depois de atuar por dois anos fui reeleita. Realizei-me como nunca antes. Tinha galgado degrau por degrau e consegui liderar uma equipe que confiava em mim. Os desafios foram muitos, mas graças ao bom Deus consegui desempenhar com louvor a função. Dirigi encontros de presbíteros e presbíteras. Visitei diversas comunidades de Curitiba, sempre sendo bem acolhida. Fui muito abençoada, pois chegamos a organizar encontros entre as diferentes paróquias com a freqüência de cento e vinte pessoas.

A partir da experiência adquirida do trabalho em equipe na IECLB, senti-me motivada para organizar, como voluntária na ABIEG – Associação Brasileira da Etnia Germânica, uma Festa pública de Advento. Sob a confiança do presidente da Associação, Sr. Erich Nissen, realizamos a festa no dia de meu quinquagésimo aniversário no ano de 1997. Participaram da festa, com seus grupos folclóricos, vários clubes de Curitiba. Convidamos também, as fanfarras de Escolas Municipais para a abertura do desfile dos grupos. Em troca, servimos lanche para os alunos participantes. A festa foi um sucesso. Minha família toda se envolveu.

No ano de 2002 fui eleita Presidente do Sínodo Paranapanema, a primeira a nível de Curitiba- PR. No mesmo ano fui indicada para receber uma bolsa para cursar Teologia na FEPAR, até então conhecida como a melhor Faculdade Evangélica na área da Medicina. Meu trabalho de conclusão do curso foi: “EDUCAÇÃO É MISSÃO – A EDUCAÇÃO NA IECLB. Me formei em fevereiro do ano de 2007, classificada como segunda melhor aluna. No mesmo ano fui convidada para trabalhar como Diretora Adjunta do Instituto de Educação e Cultura – IMEC, Faculdades Martinus. Aprendi muito. A tarefa era árdua, pois trabalhava de dia e frequentava as aulas à noite e de madrugada fazia os trabalhos. Depois de formada substitui alguns ministros no período de suas férias, ministrando cultos em Curitiba. Foi um período muito gratificante na minha vida pessoal e eclesiástica.

Em 2009, conheci o Curso de Mestrado da SOCIEDADE PARANAENSE DE ENSINO E INFORMÁTICA - SPEI, em parceria com a BEULAH HEIGHTS UNIVERSITY, sediada em Atlanta - EUA: “PRINCÍPIOS CRISTÃOS APLICADOS À LIDERANÇA E ADMINISTRAÇÃO”. Como me interessei pelo curso fui entrevistada pela Coordenação e aceita como aluna.

As aulas iniciariam em março. Mas nesse tempo, um imóvel meu, herança de minha mãe, havia incendiado. Esse imóvel era a principal fonte de recursos para eu pagar o curso. Conversei com o diretor sobre o ocorrido. Para que eu não deixasse de frequentar o curso e dar minha contribuição como luterana ele ofereceu meia bolsa de estudos com início das mensalidades somente a partir do segundo semestre. Mais uma vez senti a mão de Deus na minha vida.

Escolhi como tema do trabalho de conclusão do curso: A IMPORTÂNCIA DA LIDERANÇA FEMININA EM DIVERSAS INSTÂNCIAS SOCIAIS. Em maio de 2010 foi ministrado um módulo em Atlanta e na conclusão deste foi a formatura, numa Igreja Batista de Atlanta City. Ainda me emociono quando recordo como tudo se realizou. As bandeiras dos países participantes e entre elas a nossa, a do Brasil. Culto com cinco mil pessoas. Coral Negro Espiritual. Nosso Diretor da SPEI entre os Diretores presentes. Em fevereiro de 2011 foi realizada a formatura aqui em Curitiba – PR.

O que poderia ter sido diferente? Talvez eu confiasse demais nas pessoas, mas eu combinara com Deus que jamais descartaria alguém. Assim, algumas vezes, tive que escapar de ciladas. Mas sem confiar, não se consegue ir adiante. Então não mudaria nada.

Destaco aqui que sempre procurei estar com minha família, marido, filho, filha, genro e nora e agora com três netas que também são assíduas na igreja. Desejo que minha atuação na IECLB sirva de estímulo para outras mulheres participarem mais ativamente nas diversas instancias da Igreja e sociedade.

O versículo bíblico que sempre me acompanhou: “Entrega teu caminho ao Senhor, confia nele e o mais ele fará” Salmo 37.5.

Depois de tantos milagres em minha vida só me resta dizer como cantamos no hino 130: “Senhor tu me chamaste, portanto estou aqui, porque me convidaste sou grata a ti”.


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