Hebreus 5.7-9 - O grito de Cristo

Prédica

21/03/2010


Leitura Bíblica Básica: Hebreus 5.7-9
Outras Leituras:
Autor: P. Germanio Bender
e-mail: germaniobender@uol.com.br
Origem: CEJ - Paróquia Martin Luther
Cidade: Joinville - SC
Data da pregação: 21/3/2010
Data Litúrgica: 5º Domingo na Quaresma / Judica

Prédica:

Querida Comunidade. Caros irmãos e irmãs em Cristo.

Existe uma pintura muito famosa que foi pintada em 1893 pelo Norueguês Edward Munch. Seu título é O GRITO.

Esta pintura é considerada uma das obras mais importantes do expressionismo. Mostra uma figura andrógina (nem homem, nem mulher ou os dois ao mesmo tempo) num momento de profunda angústia e desespero existencial.

A dor do grito está presente não só na personagem, mas também no fundo que mostra uma paisagem colorida que também parece gritar.

Será que o autor se inspirou em nosso texto bíblico para pintar esta obra? Ou ele encontrou inspiração nos muitos gritos que podemos ouvir pelo mundo afora?

Nós aprendemos desde crianças que gritar é feio. Fazer barulho, arruaça e bagunça, gritar e lamuriar é algo que não cabe a pessoas que receberam uma boa educação.

Mas então lemos em nosso texto que Jesus também gritou em certa ocasião. Está bem claro no verso 7: Cristo orou, clamou, gritou e suplicou com lágrimas junto a Deus. Vocês conseguem imaginar isso?

Nós conhecemos bem todos os acontecimentos que envolvem a entrada de Jesus em Jerusalém, desde a quinta-feira da paixão até o domingo da ressurreição. Temos os relatos destes trágicos acontecimentos no testemunho de quatro Evangelhos. Mas eles pouco ou quase nada falam sobre o fato de Jesus ter gritado. Por que será que o autor de Hebreus dá especial atenção a isso? O que significa o fato de Jesus ter gritado?

Vamos ler adiante o nosso texto.

O que foi que Jesus gritou? Nosso texto não responde isso, mas o Evangelho nos fornece uma resposta. Na cruz Jesus clamou: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?” (Mt 27.46).

O nosso texto diz que Jesus gritou para Deus, aquele que poderia ajudá-lo e livrar-lo da morte. O gritar ou clamar de Cristo, portanto, não é um grito no vazio, não é um clamor injusto ou sem sentido. A personagem da pintura de Munch também grita, mas não sabemos a quem se dirige o seu grito.

Cristo se dirige a Deus, aquele que poderia ouvi-lo e atendê-lo. Ele grita contra a morte e a favor da vida. Ele grita contra toda a injustiça, a maldade humana, a solidão e toda forma de escravidão.

O grito de Cristo é um protesto contra todos os gritos de dor e sofrimento que temos de ouvir neste mundo. Há muitos tipos de gritos e muitas pessoas gritando. Quais são os gritos que nós ouvimos?

Existem os gritos de dor, de raiva, de sofrimento, de medo, de ódio, de indignação, de protesto, de reivindicação. Há os gritos de pessoas angustiadas e desesperadas, de pessoas que são exploradas e injustiçadas.

Existem os gritos de pais que vêem seus filhos entrarem no mundo das drogas. Há os gritos de filhos e filhas que são vendidas como escravos pelos pais.

Os antigos gritos de guerra foram transformados em gritos de times, torcidas, gincanas e competições. Mas existem também os gritos da natureza, de catástrofes naturais como terremotos, vulcões, tsunamis, enchentes como as que vemos recentemente por todo o mundo. É o clamor da natureza pedindo ajuda.

Existem os gritos alegres como os gritos de vitória, seja do nosso time ou porque passamos no vestibular ou encontramos nosso amor. Mas também existem os gritos de tristeza, de fracasso e derrota na vida.

São muitos os que clamam como Jesus na cruz: Deus meu, porque me abandonaste?

No Novo Testamento a palavra “gritar” só é usada ali onde as forças para fazer isso vêm do Espírito Santo de Deus ou do diabo e seus demônios. O diabo grita alto em nosso mundo e os seus adeptos fazem ouvir a sua voz.

Nós cristãos podemos gritar e levantar a nossa voz, movidos pelo Espírito de Deus e inspirados no exemplo de Cristo.

Queridos irmãos.

O nosso texto esclarece ainda que Jesus foi ouvido por Deus em seu clamor porque foi obediente no sofrimento e assim honrou o nome de Deus. Ele foi aperfeiçoado e tornou-se para sempre o nosso redentor.

Por isso, seu último grito não foi de fracasso e derrota, mas um grito de vitória: Está consumado, a obra está completa (Jo 19.30). O sofrimento e a morte não têm a última palavra.

Com Cristo podemos aprender a levantar a nossa voz contra as injustiças e os sofrimentos humanos.

Nós podemos trazer na presença de Deus tudo aquilo que nos angustia, oprime e faz sofrer. Deus ama a vida e quer derrotar todos os poderes da morte. É favor disso que Cristo gritou na cruz.

Que o exemplo de Cristo nos inspire a confiar no Deus que pode nos ajudar e salvar. Ele quer ouvir também o nosso clamor. Amém.


 


Autor(a): Germanio Bender
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense / Paróquia: Joinville - Martin Luther
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo da Páscoa
Natureza do Domingo: Quaresma
Perfil do Domingo: 5º Domingo na Quaresma
Testamento: Novo / Livro: Hebreus / Capitulo: 5 / Versículo Inicial: 7 / Versículo Final: 9
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 8898
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Tu és o meu Deus, eu te louvarei. Tu és meu Deus, eu anunciarei a tua grandeza.
Salmo 118.28
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