Água viva que sacia a nossa sede

26/03/2011


Na semana que passou a humanidade lembrou mais uma vez o Dia Mundial da Água, 22 de Março. No evangelho deste 3º. domingo da quaresma (João 4.5-26) destaco o que diz Jesus no v. 14: “ mas a pessoa que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede.” O mês de março vai findando e com ele um rastro de destruição veio através da água (enchente em São Lourenço do Sul) e um maremoto (onda gigante e danos na usina nuclear no Japão). Não apenas os lourencianos e nem somente os japoneses conviveram com catástrofes motivadas pelas águas. Chuvas torrenciais foram algo comum por todo o país neste verão.

Não bastasse a destruição trazida pelas muitas águas, seguiu-se à enchente e ao maremoto a falta de água e a constatação de que a água estava contaminada. Várias foram as doenças provocadas pela contaminação da água e no caso do Japão a água contaminada pela radioatividade pode trazer ainda sérios riscos à saúde no futuro.

Na boa notícia deste domingo Jesus, ao encontrar-se com a mulher samaritana, oferece água que sacia nossa sede. Não se trata de água contaminada, que adoece e ou até leva à morte, mas de água que de fato sacia. Sabemos que a água não apenas sacia a sede, mas é imprescindível à vida, à manutenção do bem-estar do corpo e da vida como um todo.

A mulher samaritana sabia da água que sacia a sede e por isso foi ao poço para buscá-la. E no poço não encontrou apenas a água para saciar a sua sede e de sua família, mas encontrou alguém sentado junto do poço para pedir água e conversar. O diálogo de Jesus com a mulher samaritana apontou para as diferenças que separam: “Como tu que és judeu, pedes água para mim que sou samaritana?” (v. 9)

No diálogo ambos, Jesus e a mulher se aproximam. Ela está diante do Messias, de quem espera que anuncie tudo que precisa ser anunciado (vv 25 e 26). No entanto, vemos no encontro de Jesus e da mulher que relacionamentos têm conseqüências. Basta um gesto de humildade, um sinal que demonstre alguém querer ir ao encontro um do outro e as diferenças vão caindo por terra.

A água é imprescindível à vida. Apesar de todos os avanços tecnológicos, apesar das previsões metereológicos e de abalos sísmicos e de muitos outros recursos que o ser humano criou para a sua segurança, é impossível abrir mão da interdependência, da necessidade de que um precisa do outro.

Equipes de resgate dos cinco continentes deslocaram-se para o Japão para socorrer as vítimas do maremoto. Quando da enchente em São Lourenço do Sul e mesmo agora, dias depois de tudo o que aconteceu, veio muito auxílio através de bens que as pessoas de perto e de longe foram colocando à disposição. Mas vieram também pessoas e que se aproximaram de quem se encontrava angustiado e tomado de frustração diante de tudo o que perdeu. No diálogo é possível ver a vida com outros olhos e ter novamente as forças para seguir caminhando, mesmo que num primeiro momento existam enormes problemas e estes até pareçam grandes demais para serem solucionados.

É no encontro e reencontro, assim como o foi da mulher samaritana com Jesus, que ontem e hoje, pessoas vão descobrindo que este bem maior que é a vida, é dom de Deus e não pode, por maior que seja nossas diferenças, afastar-nos uns dos outros.

Queira Deus que neste tempo da quaresma cresçamos na disposição de servir e de transpor o que nos separa e assim darmos sempre mais passos em direção do próximo. Foi o que Jesus fez ao pedir água e tornou-se para a mulher samaritana e para todos nós a água que sacia a nossa sede.

Dietmar Teske – pastor sinodal


Autor(a): Sínodo Sul-Rio-Grandense
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sul-Rio-Grandense
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 7651
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