Gregório, o Grande (540-604)

O Servo dos servos de Deus

01/03/2010

Quando Gregório nasceu, por volta de 540, já fazia mais que 60 anos que o Império Romano deixara de existir como tal. Para entender os acontecimentos na vida de Gregório, temos que saber um pouco da história do Império Romano.

Poucos anos depois que a fé cristã foi declarada a única religião permitida em 391, e, com isso, não podiam mais ser adorados outros deuses, o Império Romano, em 395, dividiu-se. O Leste fixou sua capital em Byzâncio. O imperador Constantino mudou o nome da cidade para Constantinopla. A parte do Oeste, a parte mais fraca com Roma, só existiu até 476. A partir daquele ano, ficou subordinada a Constantinopla.

Gregório nasceu em Roma, como filho da família poderosa de um senador. Ele recebeu uma excelente educação e, jovem ainda, assumiu cargos importantes na cidade de Roma. Com 32 anos, em 572, foi escolhido Presidente da Cidade (=prefeito). Os cidadãos respeitavam e amavam muito o seu prefeito.

Gregório, como cristão, notou que suas atividades como administrador e como pessoa muito honrada não lhe permitiam dedicar tempo para relacionar-se com Deus. Quando faleceu o seu pai, em 575, ele renunciou ao cargo de prefeito.

Gregório transformou a casa do pai em um monastério e, ele mesmo, viveu como simples monge neste monastério, chamado Monastério Santo André.

Pouco tempo depois, foi chamado pelo Bispo de Roma que o mandou, como o seu delegado, para Constantinopla. Gregório foi para lá, levando outros monges para ajudá-lo a levar uma vida agradável a Deus. Durante alguns anos assumiu, com muita sabedoria e diplomacia, esta posição.

Quando voltou para Roma, tornou-se, a pedido dos monges, abade do Monastério Santo André.

Pelos membros da comunidade de Roma, Gregório, em 590, foi escolhido Bispo de Roma, ou Papa (nessa época, o nome de Papa era usado, muitas vezes, para os que assumiam posições superiores). Gregório não queria assumir esta posição. Chegou a apelar ao imperador em Constantinopla e conseguiu, também, fugir da cidade de Roma, escondendo-se na carroça de um colono, em baixo de verduras. Ele foi achado e levado, em triunfo, de volta. Aceitou, então, o cargo, chamando-se Servus Servorum Dei (= servo dos servos de Deus).

Como Papa, de 590 até 604, ele mostrou muita sabedoria, muita humildade, muita firmeza, muito interesse na música da Igreja (Canto Gregoriano) e muita responsabilidade para com os pobres. Em cada setor da cidade de Roma, foi instituído um diácono para cuidar dos pobres. O próprio Gregório sempre só almoçava, depois de servir alguns pobres. Conta-se que, numa manhã, quando Gregório vestia as roupas para celebrar uma missa, ele recebeu a notícia de que um estranho havia sido achado morto de fome, perto da Igreja de São Pedro. Ele se assustou e tirou as roupas, dizendo: “Se alguém, em Roma, morre de fome, então o Papa não é digno de celebrar a missa”.

Gregório, como Papa, um dia encontrou alguns homens loiros que foram vendidos como escravos. Quando perguntou se eram cristãos, ele ficou sabendo que vieram da Inglaterra e que lá não se conhecia a fé cristã. A partir deste fato, Gregório mandou quarenta monges para lá, iniciando, assim a missão na Europa do Norte.

Roma, na época, foi atacada por inimigos, os Lombardos. O imperador Constantino estava longe e Gregório teve que tomar uma iniciativa. Ele conseguiu evitar a invasão e o saque, pagando uma soma enorme para os inimigos se retirarem.

Faleceu, como Papa, em 604. Na lápide de sua sepultura lemos as seguintes palavras: “A morte não tem poder sobre aquele, para quem ela somente é o caminho para a vida eterna.”


Autor(a): Isolde Mohr Frank
Âmbito: IECLB
Título da publicação: Da nuvem de testemunhas / Ano: 2007
Natureza do Texto: Artigo
ID: 11522
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