Recordo-me do antigo conto folclórico, resgatado pelos irmãos Grimm. Em 1284, a cidade de Hamelin estava sofrendo com uma infestação de ratos. Certa manhã, chegou à cidade um sujeito que reivindicava ser a solução para o problema. Os cidadãos lhe prometeram um bom pagamento em troca dos ratos. Aliás, uma moeda por cada cabeça. O sujeito aceitou o acordo, pegou uma flauta e hipnotizou os ratos, levando-os até o Rio Weser, onde foram afogados. Apesar de obter sucesso, o povo da cidade negou a promessa feita e recusou-se a pagar o caçador de ratos, afirmando que ele não havia apresentado as cabeças. O sujeito deixou a cidade, mas retornou várias semanas depois. Enquanto o povo estava na igreja, tocou novamente sua flauta, atraindo desta vez todas crianças de Hamelin. Cento e trinta meninos e meninas seguiram-no para fora da cidade, onde foram enfeitiçados e trancados numa caverna. Só restou o povo ingrato. Havia um imenso manto de silêncio e tristeza. No conto infantil há várias interpretações para gente crescida. A tragédia se dá pelo amor ao “vintém”. Todos querem ganhar, ninguém deseja perder. No Sermão do Monte, Jesus alertou que ninguém jamais consegue servir a dois senhores, seja Deus ou às riquezas (Mateus 6.24). No amor ao dinheiro, infelizmente vidas se perdem.
“Que Estou Fazendo Se Sou Cristão” é poesia do teólogo presbiteriano João Wilson Faustini (1967), com música do pianista Décio Emerick Laureti (1974).