No Evangelho de João 14.1-6 nós lemos:Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também. E vós sabeis o caminho para onde eu vou. Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais; como saber o caminho? Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.
O dia 2 de novembro é o Dia de Finados. Este dia foi escolhido para dar um tempo e dedicar este tempo à memória de pessoas que viveram entre nós, mas que já não estão mais aí, porque faleceram.
Em algumas comunidades, as secretárias prepararam uma lista dos falecidos desde Finados do ano passado e todos os nomes são lidos pausadamente e em atmosfera de meditação e oração durante o culto – como também o fazemos.
Em outros lugares famílias inteiras vão aos cemitérios, e às vezes viajam longe para isso, e procuram túmulo por túmulo de familiares ali sepultados, ficam em silêncio, baixam a cabeça para orar e depositam flores no túmulo. Em determinado horário acontece, no próprio cemitério, um culto com hinos, pregação da Palavra de Deus, oração e bênção.
Muitos pensamentos, sentimentos, lembranças, palavras, gestos, fazem-se presentes: saudade, gratidão, vazio, culpa, inconformidade, aceitação, alívio, lembranças de momentos vividos – bons e maus -, perguntas, certezas...
Ao lado disso, temos cada vez mais pessoas que não dão muita importância a Finados e que, quando ele não coincide com o Domingo, como este ano, especialmente quando ele cai perto de um fim de semana, fazem dele um grande feriadão. Cada vez mais pessoas não sabem o que fazer com túmulos e cemitérios, não querem ou não conseguem chegar perto deles. Na realidade, não sabem o que fazer com a morte e – muitas pessoas ficam apavoradas só em pensar na possibilidade da morte – não sabem lidar com ela, vê-la como parte integrante da vida, vê-la como parte do caminho que leva a Deus. Por isso, fogem dela, fogem do cemitério, onde estão sepultados seus familiares.
Para dentro desta situação de morte, de tristeza, de dor, de saudade, a Bíblia diz: Cristo foi ressuscitado. Esta é a Palavra de Deus para este dia de Finados. Esta é a Palavra de Deus para ser experimentada por nós aqui neste momento. E esta é a Palavra de Deus para a levarmos daqui para casa. Cristo foi ressuscitado! A morte foi vencida. O poder da morte foi quebrado. A vida venceu. A vida de Deus prevalece. Com isso estamos fazendo a ligação de finados com Páscoa.
Lá, na primeira Páscoa cristã, a palavra Cristo foi ressuscitado é proclamado diante do túmulo aberto e vazio. Jesus não está aqui. Mas foi ressuscitado diz o anjo às mulheres. É o evangelho diante do túmulo aberto e vazio.
Hoje, este mesmo Evangelho nos é dito diante dos túmulos ainda fechados, túmulos de nossos familiares, nossos entes queridos. Se naquela situação a boa notícia era ele não está aqui, hoje a boa notícia é Jesus está aqui, no sentido de estar conosco todos os dias e nos abrigar em seus braços, inclusive na hora de nossa morte.
Por isso, a Bíblia também diz: os que estão mortos também serão ressuscitados, assim como Jesus foi. Os túmulos ainda estão fechados, sim, mas quem ali repousa, repousa nos braços de Deus e também será ressuscitado.
A Bíblia nos diz: Cristo foi ressuscitado e os mortos também serão ressuscitados. Cremos isto?
E este Cristo ressuscitado está presente no dia a dia de nossa vida – “eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século”, diz o próprio Jesus. Ele nos acolhe, abraça e abençoa em nosso Batismo. Ele nos convida em cada Santa Ceia, que celebramos. Ele nos fala cada vez que lemos e ouvimos sua Palavra. Ele nos escuta em cada oração. Ele está presente sempre quando duas ou três pessoas, ou cinco se reúnem em seu nome. Ele constrói comunhão conosco o tempo todo. Ele desperta a fé em nossos corações. Deus nos carrega, nos conduz, nos guia o tempo todo.
Ajuda também quando escutamos a mensagem de que Cristo foi ressuscitado e que os mortos também serão ressuscitados, em Comunidade. Somos uma comunidade de irmãos e irmãs na fé e apoiamos uns aos outros. Em comunidade, eu sei: não estou sozinho. Eu sei que tenho amigos, tenho quem vive a mesma fé neste mesmo Deus. Na comunidade eu posso chorar quando estou triste; posso rir de alegria quando estou alegre. Isto é ser igreja: “chorar com os que choram, alegrar-se com os que se alegram.” Cristo foi ressuscitado e os mortos também serão ressuscitados. Este é o grande e maravilhoso Evangelho deste dia. Este pode ser o sólido fundamento de nossa vida, como pessoas e comunidade. Que possamos viver e morrer crendo neste Evangelho. Amém!
Paróquia Evangélica de Nova Estrela