Em vez de namorar, boa parte das pessoas hoje prefere só “ficar”. O ficar tem se caracterizado como sendo um relacionamento que não exige compromisso e fidelidade mútua. O envolvimento e a intimidade com o outro é temporário, afetivamente superficial, utilitarista e descartável. O interesse maior não está naquilo que o outro é, mas naquilo que ele tem pra dar. O que um busca no outro geralmente é só o prazer momentâneo. As pessoas mutuamente se permitem deixar usar como objetos descartáveis de prazer.
Uma das perguntas que devemos fazer é se essa experiência do “ficar” preenche e satisfaz as necessidades das pessoas. Diria que apenas em parte e só por um curto espaço de tempo. A experiência do “ficar” é muito pobre e superficial. Mesmo assim sei que muitas pessoas se dão por satisfeitas, pois não desejam mais do que isso. Curtem a vida dessa forma.
Sem dúvida ficar é uma opção. Mas não a única. Para a grande maioria das pessoas o “ficar” dura uma fase da vida, mas com o tempo satura e passa. Há um momento em que a pessoa vai amadurecendo e se dando conta de que a experiência do “ficar” não preenche as essencialidades mais profundas da vida, como por exemplo: a necessidade de conviver, de companhia e amizade profunda, de compartilhar e complementar a vida com uma pessoa do sexo oposto; a necessidade afetiva de amar e ser amado incondicionalmente, etc.
Ficar é bom, mas namorar é melhor e satisfaz mais. As necessidades mais profundas do ser humano são preenchidas a partir do ser e não do ter. E a experiência do ser para e com o outro dificilmente acontece no “ficar”, e sim no namorar sério.
Namoro sério, ao meu ver, é algo que é preciso recuperar nos nossos dias. Acredito que o namoro sério é o melhor caminho para compartilharmos e preenchermos nossas necessidades da alma. É um bom caminho para experimentarmos enriquecimento e crescimento como pessoa. É o caminho mais eficiente e seguro para chegarmos ao casamento e a constituição de uma família.
Namorar é muito bom, mas exige responsabilidade, preparo e maturidade, principalmente espiritual e emocional. Como todos somos imperfeitos e cheios de ilusões e expectativas irreais, nenhum namoro está livre de desarmonia e conflitos. Mas quando o casal já tem uma certa maturidade, fica bem mais fácil conviver e lidar um com o outro.
Quem quiser ter um namoro bom precisa investir no crescimento pessoal, na superação de fraquezas e limitações. Precisa permanentemente trabalhar e melhorar sua personalidade, temperamento, caráter e comportamento. Para namorar, é preciso preparar-se. Para isso é muito importante o cultivo pessoal da fé e da espiritualidade cristã, a participação na vida da Igreja, cultivar amizades, a leitura de bons livros que falam sobre namoro ou temas relacionados. Sem dúvida isso pode contribuir muito no nosso processo de crescimento. São meios que nos ajudam a nos tornar cada dia melhores e mais felizes, mais aptos para construir a felicidade a dois.
Em vez de ficar, namore. Em vez de buscar prazer, busque e compartilhe o amor. Só o amor satisfaz e preenche a nossa vida de sentido.
P. Eldo Krüger – Pastor da IECLB em Rio Claro /SP
e Vice-Pastor Sinodal do Sinodo Sudeste IECLB