Festa do Município de Maripá Mateus 28.1-10

prédica Mt 28.1-10 autoria P. Me. Alexander Busch

12/04/2023

Estimada comunidade, irmãos e irmãs em Cristo!
É uma feliz oportunidade que, neste ano, a festa do município de Maripá é logo depois do domingo da Páscoa. Temos aqui a boa ocasião para continuar meditando na ressurreição de Cristo Jesus – a grande novidade que não termina no domingo de Páscoa. Muito pelo contrário, a ressurreição de Jesus é uma novidade que não pode ser crida, compreendida e absolvida somente em um dia. Fazemos certo em continuar refletindo e buscando perceber as implicações para as nossas vidas desta grande novidade – a Páscoa de Cristo Jesus. Sua morte e sua ressurreição são a grande novidade de Deus. Esta novidade é festa permanente. A Páscoa é festa permanente.
Na história do evangelho encontramos duas mulheres a caminho para ver o túmulo de Jesus. Dois dias antes, na sexta-feira, estas duas mulheres, Maria Madalena e a outra Maria, tinham visto o corpo crucificado de Jesus sendo retirado e sepultado num túmulo (Mt 27). E uma grande pedra foi usada para selar a entrada da sepultura de Jesus. Conforme o evangelista Mateus, naquela fatídica sexta-feira as mulheres permaneceram sentadas em frente do túmulo, diante da grande pedra – a pedra que lacrava o túmulo de Jesus.
Esta imagem da pedra nos é bastante sugestiva. Quem não se deparou com uma pedra no caminho? Ou melhor dizendo, quem nunca encontrou muitas pedras no caminho? O próprio evangelista Mateus faz uso simbólico desta imagem da pedra na história que ele nos conta sobre Jesus. Por exemplo, no caminho pelo deserto (Mt 4), quando Jesus é tentado a transformar pedras em pão e se desviar da missão de Deus para sua vida. Quais são as pedras no nosso caminho que muitas vezes cobiçamos, mas que nos separam da vontade de Deus para nossas vidas? Ou ainda a referência às pedras de tropeço (Mt 18), os pensamentos, sentimentos e atitudes que machucam relacionamentos e que fazem as pessoas, especialmente as pessoas mais vulneráveis, se afastarem de Jesus. Quais são as nossas atitudes, os nossos sentimentos e nossos pensamentos que alimentam confusão e quebram comunhão entre as pessoas? Ou ainda, as pedras do grandioso templo de Jerusalém, sede do poder e da riqueza das autoridades que exploravam o povo e que perseguiram e mataram Jesus. Sobre estas pedras do templo Jesus disse, “não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada” (Mt 24.2). Aqui cabe uma pergunta às lideranças nas nossas comunidades e município, como temos usado o poder e autoridade que nos foi confiado? Para explorar e machucar as pessoas ou para promover a vida e o bem estar do povo?
A estas pedras em Mateus podemos acrescentar outras pedras que fazem parte do nosso caminho – pedras que representam nossos medos, nossas dores, ansiedades e dificuldades. As pedras da insegurança: um membro da família diagnosticado com uma doença grave. As pedras de um relacionamento quebrado, um casamento que vai mal. Sem deixar de falar das pedras do rancor, da falta de perdão que dividem famílias e rompem amizades. As pedras da preocupação e da tristeza, que, como pedras de gelo, caíram neste nosso município destruindo casas e arrasando lavouras. Ou ainda, as pedras do desespero e da dor de saber-se sozinho/a, sem ter alguém com quem contar, com quem compartilhar alegrias e tristezas. Por fim, retornando ao próprio texto bíblico, a pedra da morte, que também nos é conhecida, pedra impossível de remover, simbolizada na grande pedra que lacrava a sepultura de Jesus e que separava Jesus das duas mulheres, Maria Madalena e a outra Maria.
Quem remove para nós estas pedras? Quem é capaz de criar nova vida em meio aos escombros da sexta feira da crucificação? Quem é capaz de gerar vida nova entre as ruínas de nossas vidas? Na história do evangelho as duas mulheres caminham em direção ao túmulo de Jesus. E eis que houve um grande tremor de terra porque um anjo do Senhor desceu do céu e removeu a pedra. Sua aparência era como de um relâmpago e sua roupa branca como a neve. Mateus usa aqui linguagem típica de sua época para falar da presença de Deus no meio do seu povo. É um anjo, mas este é representante e mensageiro de Deus. Ele remove a pedra e está sentado sobre a grande pedra. A pedra do sepulcro foi retirada e serve de trono ao anjo que senta sobre ela. Ou seja, a retirada da pedra, de todas as pedras, é obra do Senhor - obra da presença de Deus que atua no caminho. O mesmo Deus que, em outros momentos da caminhada na história, cuidou e cuida de seu povo. O mesmo Deus que enviou Cristo Jesus ao mundo, cujo missão é anunciar o Reino de Deus e sua justiça. O mesmo Deus que não permitiu que a pedra selasse definitivamente o túmulo, mas que levantou Jesus dentre os mortos, conforme o anjo anuncia, “Não tenham medo! Sei que vocês procuram Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui; ele ressuscitou, como tinha dito” (Mt 28.5-6).
O anjo sentado sobre a pedra também nos é uma imagem bastante sugestiva. Pois o que antes representava a separação e morte pode representar esperança e vida. Sentado sobre a pedra, como que sentado sobre um trono, a pedra é agora símbolo de um lugar firme e alicerce seguro para construir e edificar. Pedras pavimentam caminhos, são usadas para erguer construções e casas, servem para edificar igrejas. Pedras são empregadas para construir pontes que aproximam ou levantar torres que ampliam horizontes. No evangelho segundo Mateus, a imagem da pedra é usada para falar da confissão que Pedro faz a respeito de Jesus, confissão esta que se torna a base da nossa fé, “tu és o Cristo, o filho do Deus vivo” (Mt 16.16). Lembremos ainda o que o apóstolo Pedro, discípulo de Jesus e testemunha de sua ressurreição, diz a respeito das pedras em uma de suas cartas. Pedro usa a imagem das pedras para falar das pessoas que fazem parte e edificam a comunidade cristã, dizendo: “Vocês são pedras vivas, usadas por Deus para a construção de um templo espiritual” (1Pe 2.5). Ou seja, somos como pedras de um grande templo chamado comunidade cristã, no qual as pessoas colocam seu tempo, seus dons, seus recursos, seus talentos para fazer a diferença no lugar onde moram e no mundo.
Nossa pedra firme e fundamento seguro, que gera motivação e esperança, é a ressurreição de Cristo. A partir de Cristo temos a motivação para superar as pedras da dor, do medo, da tentação e da desesperança. A ressurreição é a força que transforma a morte em vida, a desesperança em nova esperança, a escuridão em luz. Ressurreição é a força que arrebenta as pedras de todas as sepulturas que nos aprisionam. Ressurreição é a vida que Deus faz brotar lá onde achamos não haver mais possibilidade. Vida que brota em meio às pedras das dificuldades e das preocupações. Anunciamos a ressurreição diariamente, quando relacionamentos são refeitos, quando vidas são transformadas pela misericórdia das pessoas, quando o rancor e a raiva dão lugar ao perdão. Anunciamos a ressurreição quando nos voltamos novamente para Deus, confiando que Deus é a razão e o sentido de nossa vida. Anunciamos a ressurreição como pedras de gratidão, reconhecendo que a partir de Cristo Jesus podemos expressar graças a tempo e fora do tempo, nas mais diferentes circunstancias. Como pedras da gratidão, confiamos que Deus tem e sempre terá o poder para remover as pedras, todas as pedras e, assim como o anjo nesta história bíblica, nos colocar sobre um fundamento seguro e firme.
Estimada comunidade, esta é a grande novidade da Páscoa que celebramos no último domingo, mas cuja mensagem e implicações para a vida, para toda a vida, permanecem. Queira Deus nos manter neste caminho com Jesus e sua comunidade. Amém.
 


Autor(a): P. Me. Alexander Busch
Âmbito: IECLB / Sinodo: Rio Paraná / Paróquia: Maripá (PR)
Testamento: Novo / Livro: Mateus / Capitulo: 28 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 10
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 70653
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Assim, outros carregam o meu fardo, a força deles é a minha. A fé da minha Igreja socorre-me na perturbação. A oração alheia preocupa-se comigo.
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