Fé e compromisso diante da corrupção

01/07/2005

Fé e compromisso diante da corrupção
 

P. Dr. Rolf Schünemann *

De tempos em tempos e, em especial, nas últimas semanas, somos bombardeados por notícias que tratam da corrupção em nosso país. De fato, constatamos que na história brasileira a corrupção tem sido um mal, uma doença perniciosa, uma bactéria destruidora da sociedade. Ela afeta as relações sociais, políticas e econômicas, forjando uma cultura danosa a partir da qual procura-se levar vantagem às custas do dinheiro público ou tirar proveito da boa fé do povo. A corrupção leva à corrosão das relações de confiança nas instituições políticas. Ela decompõe o tecido social. A política entra em estado de putrefação. As pessoas se distanciem cada vez mais dela. O mau cheiro da decadência favorece os urubus oportunistas.

A partir da teologia luterana Deus tem o Estado como instrumento da ação no mundo. Deus coloca a seu serviço governos e instituições. O Estado para cumprir suas funções carece de receitas tributárias. O imposto é o recurso mais corriqueiro para viabilizar as ações do Estado na sociedade. Os impostos são pagos pelos cidadãos, a sociedade em geral. Pagar impostos significa contribuir para a missão de Deus através do Estado. Não se trata aqui de discutir o mérito da política fiscal e tributária do país. Importante é reconhecer o princípio teológico que vê a ação de Deus no braço estatal e nas demais instituições sociais e políticas. Que fazer quando os recursos são mal aplicados ou desviados?

Aqui entra o papel conferido aos cristãos. Fé, gratidão e compromisso abrangem também a dimensão pública. O cristão reconhece que tudo vem de Deus. Que seus recursos são dádivas que ele procura administrar e colocar a serviço da missão de Deus no mundo. Isso tem como conseqüência um acompanhamento criterioso do uso e aplicação dos impostos pagos ao Estado. Quando há corrupção, os recursos do povo são mal administrados. Como cidadãos não só denunciamos a corrupção, mas exigimos a apuração das denúncias bem como a punição dos responsáveis.

Jesus afirmou: “Vós sois o sal da terra!”. O sal tem a qualidade de conservar e evitar a deterioração de tecidos vivos. Impede a podridão e a corrupção. Os cristãos estão presentes na sociedade. Dissolvem-se em seu interior para manter o tecido social segundo os desígnios de Deus. Com base nos valores evangélicos e segundo seus dons atuam na vida pública como parte da missão de Deus no mundo. Continuemos a nossa vigilância em oração e em ação efetiva na sociedade.


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* Dr. Rolf Schünemann é pastor Sinodal no Sínodo Sudeste, e 2º vice-presidente da IECLB.


  LEIA TAMBÉM:
- Integridade ética na política e na vida pública de nosso país (2005)
- Intercessão pela ética e integridade (2005)
- Manifesto contra a corrupção e a favor da ética no Brasil (2001)

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Autor(a): Rolf Schünemann
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 21652
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