Família Sagrada, um pequeno sermão...

27/12/2020

 

Há pouco tempo nascer em casa e com parteira não era nenhuma novidade. Mas, o evangelista Lucas ao ouvir e depois narrar a história do primeiro Natal - com certeza, mesmo sendo médico – surpreendeu-se. O menino Jesus nasceu numa estrebaria, no meio de animais. Quem fez o parto de Maria foi seu esposo José, que acomodou o pequeno numa manjedoura. Assim nosso Salvador chegou ao mundo. Ao mundo em trevas, nasceu a luz, que é Jesus. Ouçam o relato do evangelista...

NAQUELE TEMPO, O IMPERADOR AUGUSTO MANDOU UMA ORDEM PARA TODOS OS POVOS DO IMPÉRIO. AS PESSOAS DEVIAM SE REGISTRAR A FIM DE SER FEITA UMA CONTAGEM DA POPULAÇÃO. QUANDO FOI FEITO ESSE PRIMEIRO RECENSEAMENTO, CIRÊNIO ERA GOVERNADOR DA SÍRIA. ENTÃO, TODOS FORAM SE REGISTRAR, CADA UM NA SUA PRÓPRIA CIDADE. POR ISSO, JOSÉ FOI DE NAZARÉ, NA GALILEIA, PARA A REGIÃO DA JUDEIA, A UMA CIDADE CHAMADA BELÉM, ONDE TINHA NASCIDO O REI DAVI. JOSÉ FOI REGISTRAR-SE LÁ PORQUE ERA DESCENDENTE DE DAVI. LEVOU CONSIGO MARIA, COM QUEM TINHA CASAMENTO CONTRATADO. ELA ESTAVA GRÁVIDA. ACONTECEU QUE, ENQUANTO SE ACHAVAM EM BELÉM, CHEGOU O TEMPO DA CRIANÇA NASCER. ENTÃO, MARIA DEU À LUZ AO SEU FILHO. ENROLOU O MENINO EM PANOS E O DEITOU NUMA MANJEDOURA, POIS NÃO HAVIA LUGAR PARA ELES NA PENSÃO.

Vale a pena lembrar que, ano após ano, a história do Natal precisa ser ouvida e recontada. Por incrível que pareça, mesmo num país onde 90% da população se diz cristã e destes ⅓ se apresenta como evangélico, ainda existem crianças que não sabem que o Natal está relacionado ao nascimento de Jesus, outros tantos “adultos” confundem os fatos.

Destacando a Família Sagrada, gostaria de trazer aos ouvintes alguns desafios necessários e bem atuais. Como ponto de partida, quero que você reflita sobre JOSÉ. A Judeia estava sob domínio do Império Romano. Da capital aos diversos rincões imperiais eram determinadas leis que precisavam ser obedecidas. Augusto solicitou um censo para saber quem é quem, onde estão as pessoas e que recursos possuem. Provavelmente, a intenção era verificar se impostos estavam sendo pagos corretamente. José poderia ou não obedecer. Se quisesse, poderia sonegar informações. Mas, como bom cidadão fez questão de se apresentar em Belém, cidade de origem da sua família. Recentemente, nas eleições 25% dos brasileiros se negaram a ir às urnas no 1º turno e 30% no 2º turno. Um direito e um dever. Depois, muitos se queixam do resultado e condução do governo. Mas, não deveriam. O Ministério da Saúde também determinou o uso de máscara. É lei. Todavia, obedece quem quer. Muitos não ligam, outros falecem. Por vezes, Deus e os outros levam a culpa. E a responsabilidade pessoal? Em José temos um exemplo positivo de cidadão responsável. Fazer o que é certo era sua determinação.

Agora, vou ao encontro de MARIA. Mil anos separavam a geração de Davi e José. Ela poderia ter dito: José! Esqueça sua origem. Poderia, mas não fez. 150 quilômetros separavam Nazaré de Belém. Uma viagem e tanto para uma grávida montada num jumentinho. Ela poderia ter dito: Vá José. Faça o que é direito. Mas, me deixe sossegada aqui. Poderia ter dito, mas não o fez. Muito pelo contrário, ao ser vocacionada, Maria não temeu em dizer: “Eis aqui a tua serva, Senhor! Que se cumpra em mim a tua vontade” (Lucas 1.38). Ela era parceira de José. Jamais deixaria que ele partisse sozinho. Vice e versa, também era verdade. Existem projetos que são pessoais. Mas, via de regra, a vivência evangélica se dá em comunhão. É uma caminhada de casal, grupo e comunidade. Outro detalhe que merece destaque na escolha de Maria: Muitos procuram somente o prazer na vida espiritual. A fé que me satisfaz. Mesmo Jesus afirmou que a fé traz uma boa recompensa. Todavia, ele também deixou bem claro que o discípulo precisa aprender a levar a cruz. A vida do cristão não é um “oba-oba”. Ela é sacrifício pelo outro e pela causa do Reino de Deus. A vida conjugal não é só “love”, também é doação. Assim Maria, nos dias finais de sua gestação acompanha José até Belém.

Por fim, as dificuldades se acentuam na vida do casal, pois não encontram local adequado para acomodarem-se. Mas, um bom coração lhes oferece uma humilde estrebaria. Ao rico e enjoado, tudo pode ser motivo de reclamação. Ao pobre e simples, mesmo um cantinho pode servir de acomodação. Completou-se o tempo de Maria dar à luz. José, além de companheiro, foi um bom parteiro. Como carpinteiro, de imediato arranjou um berço rústico, onde Maria – uma jovem mãe – enrolou em panos e acomodou o recém-nascido, pois mesmo o Filho de Deus, ele precisava de carinho e cuidados.

É Natal. Chegou o Salvador. Aquele menino - desde seu extraordinário nascimento - causou e causa sensação. É muito difícil deixar de comover-se com suas histórias e palavras, com seu jeito amoroso e autêntico. É necessário deixar-se tocar por suas lições que – tal como José – nos levam ao comprometimento como cidadão. Ou ainda, olhando para Maria, podemos aprender que amor é doação e exige parceria com aqueles que Deus colocou ao nosso redor. Tais atitudes se tornam possíveis quando retiramos Jesus da manjedoura, colocando-o em nosso coração, quando entendemos que comprometimento, simplicidade e devoção fazem parte da vida do cristão. Natal é sempre uma lição. Aprender e viver. Aprender é viver. Uma abençoada prática do Evangelho. Amém!


Autor(a): P. Euclécio Schieck
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense / Paróquia: Garuva-SC (Martinho Lutero)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo do Natal
Testamento: Novo / Livro: Lucas / Capitulo: 2 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 7
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 60690
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