Falar do amor de Deus, mesmo que pareça que se está falando para as paredes! - Ezequiel 2.1-7

Prédica

03/07/2021

Ezequiel 2.1-7

Estimados irmãos e irmãs:
Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus nosso Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam entre nós. Amém.
Estimada Comunidade....
O Evangelho de Marcos nos falou de Jesus que foi rejeitado em sua própria terra, onde vivia com sua família e onde era conhecido desde pequeno. Em Nazaré Jesus não consegue fazer nenhum milagre por conta da incredulidade das pessoas.

Também o profeta Ezequiel é enviado a um povo de duro semblante e obstinados de coração (v.4), que não dará ouvidos à mensagem do profeta.
Vejamos o texto do profeta Ezequiel. Ele tem uma visão:

Um carro leva o trono e a glória de Deus do templo de Jerusalém até a Babilônia, onde se encontra o profeta com um grupo de exilados judeus. No ano 587 o rei da Babilônia invadiu Jerusalém, destruiu a cidade e depois de roubar os utensílios do templo, também destruiu o templo de Jerusalém. Uma grande parte das pessoas foi levada presa para a Babilônia. Eles tinham perdido tudo o que tinham.
Para o judaísmo, Deus mora no céu, mas Ele se manifestava no templo de Jerusalém, na parte do templo chamada o Santo dos Santos. Na visão que apareceu ao profeta Ezequiel, Deus sai do Templo e se desloca para onde o seu povo está. Na sua visão, Deus já não se prende mais ao templo, mas peregrina com sua gente.
Assim como no tempo dos patriarcas e das matriarcas, Deus não está preso a um templo, mas acompanha seu povo em suas migrações e lhes abre perspectivas de um novo futuro.
Após essa visão o profeta cai sobre sua face. Nesse momento de fraqueza do profeta, a Palavra de Deus alcança seus ouvidos. Não se menciona o nome de Deus, mas simplesmente “alguém que fala”. Nem sempre é possível perceber de imediato que a palavra ouvida tem origem divina. A palavra diz que esse pequeno ser humano precisa erguer-se do chão e assumir uma postura de mensageiro digno diante daquele que lhe fala. Mas a fragilidade do ser humano precisa de ajuda do Espírito para colocar-se de pé. Aqui vemos que a ordem de Deus vem acompanhada da força vital que capacita o vocacionado a realizar o que lhe é ordenado.
O profeta, fala em nome de Deus, e ele deve se lembrar que ele foi enviado por Deus. Que ele não fala por si mesmo, mas Deus colocou as palavras em sua boca. E a maioria das pessoas que os ouve não recebem bem essa mensagem. Eles tem um duro semblante e um coração empedernido ou obstinado. É um povo sem empatia ou solidariedade. Um povo que havia se fechado em si mesmo.
Se uma pequena parte dos exilados sabia que a destruição da cidade e do templo de Jerusalém não foi mera casualidade, mas consequência de sua própria conduta e castigo pela maldade do povo de Israel, uma grande parte dos exilados não pensava assim. Essa grande parte achava que Deus tinha falhado, pois era sua obrigação proteger o seu povo. O fato de terem perdido tudo o que tinham era um sinal do abandono de Deus. Para uma grande parte dos exilados foi Deus que falhou ao não proteger o seu povo. E por isso, agora era o povo que não queria mais saber desse Deus. O povo exilado se comporta como o filho mimado, que pensa que os pais têm a obrigação de se sacrificar por seus filhos, de dar-lhes tudo o que eles quiserem, pois os filhos não pediram para nascer.
Ainda hoje muitas pessoas dizem que a função de Deus é nos proteger, não deixar que nada de mal nos aconteça. Deus deve estar ao nosso serviço. Nós o adoramos para que ele nos sirva. Se algo de mal nos acontece – ou se o que queremos da vida demora em acontecer – então dizemos que Deus falhou conosco. Muitas pessoas preferem acusar Deus e por isso não querem mais saber de Deus. Aí essas pessoas abandonam a igreja e até trocam de deus.
É para pessoas assim que o profeta Ezequiel é enviado. E ele é animado para não desesperar diante da oposição que receberá. A mensagem do profeta vai se confrontar com palavras acusadoras e rostos desaprovadores. Vai parecer que o profeta está vivendo no meio de espinhos e escorpiões. “Mesmo assim: não temas. Diga-lhes tudo o que eu mandar, quer eles lhe deem ouvidos ou não. Lembre-se de que eles são teimosos (v. 6-7).
Apesar da rebeldia desse povo, Deus mantem a sua fidelidade. Deus vai atrás do seu povo, ele vai em busca dos pecadores. Por isso, ainda que um a pessoa tenha se afastado mil passos de Deus, basta um único passo para trás para encontrar outra vez a Deus, pois ele nunca deixou de acompanhar a pessoa que dele se desviou.
Hoje nós sabemos que Deus não apenas enviou profetas, mas em Jesus Cristo Deus envia seu próprio Filho ao mundo, não para julgar o mundo, mas para salvá-lo (João 12.47).
Poema: “Profeta moderno” (Olmiro Ribeiro Junior)
Um profeta moderno, entristecido com a maldade e a perversão da humanidade, pede demissão a Deus. Ele não quer mais falar sobre o seu Senhor às pessoas. Consequentemente, Deus interroga o profeta sobre as razões que redundaram em tal convicção.
O profeta, indignado, responde:
– Senhor, como vou falar de um Deus que age como um pai e uma mãe, que cuida e protege, enquanto existem tanta fome, guerras, violência e morte? As pessoas se matam por matar, criminosos atormentam e executam as suas indefesas vítimas friamente. A polícia pouco protege, e quando o faz, assassina os delinquentes para puni-los. As pessoas brigam, se ofendem, fazem inimizades por motivos banais. Pouca gente protege e respeita a vida que tu nos deste.
– Senhor, como eu vou falar do teu amor, enquanto o sexo, a prostituição, a promiscuidade e o egoísmo são mais importantes do que o teu amor? Como falar de amor a uma família que perde sua única filha atropelada por uma pessoa embriagada, à namorada que vê seu amor ser assassinado por uma bala perdida, à mãe que presencia o suicídio do filho por overdose?
– Senhor, como eu posso falar de misericórdia e perdão se os países ricos oprimem, lançam bombas, devastam com guerras os países mais fracos para explorá-los e empobrecê-los ainda mais? Como falar de justiça e misericórdia para uma mulher que viu seu marido ser preso por ter roubado comida, enquanto políticos, empresários e parte das elites enriquecem desviando verbas, sonegando impostos, praticando o estelionato, e tudo fica por isso mesmo?
Como acreditar na justiça se ela pune a pobreza, a cor da pele e não o delito?
Deus escuta pacientemente e responde-lhe com os olhos cheios de lágrimas:
– Meu filho amado, isso tudo que você me contou não são motivos para desistir. Justamente por essas coisas que você necessita seguir falando do meu amor às pessoas, para ver se o meu amor, a minha misericórdia, possa estar na vida das pessoas. Para que elas possam viver do e no meu amor, libertas do egoísmo, da indiferença, que infundem todo mal, atrocidades e sofrimentos no mundo.
Não desista, meu filho! Muitas pessoas não entendem e nem querem entender o meu amor, que criou o mundo e o mantém. Eu nunca desisto da humanidade, pois a cada novo dia mais e mais pessoas reconhecem o meu amor e passam a viver dele. E elas só chegam a conhecê-lo por causa de profetas como você, que propagam minhas palavras, minha esperança e meu juízo para estruturas e sistemas que infundem a morte.
Deus nos chama a não desistir da semeadura da sua Palavra. Mesmo que os tempos sejam desfavoráveis e perigosos como os tempos de hoje. Mesmo que as pessoas não queiram ouvir a mensagem do Evangelho, os ministros e ministras da nossa igreja não devem desanimar. Nossa tarefa é ajudar a Jesus na edificação de seu povo e de sua igreja. E o povo de Jesus deve um povo diferente das demais pessoas. É um povo que deve ter atitudes diferentes. Por exemplo: É um povo que não olha para os pobres com os olhos dos soberbos, mas olha para os pobres com os olhos de Jesus, que lhes deu alimento e se fez um com eles.
O povo de Jesus não olha para os ricos com os olhos dos que carregam ódio e inveja, mas olha para os ricos com os olhos de Jesus, que os ensinou a repartir e que, ao fazer isso, se tornam instrumentos de Deus na terra.
O povo de Jesus não olha para os pecadores com os olhos dos que se acham perfeitos, mas olha para os pecadores com os olhos de Jesus, que lhes pediu arrependimento e concedeu o perdão.
Que Deus nos abençoe para que possamos reter o Evangelho em nossas mentes, proclamá-lo com nossos lábios e recebê-lo em nossos corações.

Amém.
 


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Paranapanema / Paróquia: Curitiba - Igreja de Cristo
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Área: Missão / Nível: Missão - Coronavírus
Testamento: Antigo / Livro: Ezequiel / Capitulo: 2 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 7
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 63554
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