Eu quero ver!

26/09/2021

 

Em Betsaida nasceram Pedro, André e Filipe. Era uma aldeia pesqueira às margens do Mar da Galileia. Jesus conhecia bem o local. O povo que morava lá também sabia quem era o Mestre. Assim que chegou, trouxeram-lhe um deficiente visual. Devido ao clima seco e poeirento, ou à falta de higiene e recursos médicos, as doenças de olhos eram comuns na época. A cegueira podia ser de nascença ou adquirida por acidente ou doença, que era o caso deste sujeito citado. Ele conhecia o mundo e deixou de ver. A cegueira pode ser plena ou parcial. Quando parcial, limita-se para perto ou longe. Tem ainda o mal da catarata, onde se vê tudo turvo. Além da condição física, convém lembrar que há uma cegueira emocional, onde costuma-se usar a expressão: Ele (ou ela) está cego de ódio, de paixão ou de ganância. Na esfera da política, do futebol e da religião, infelizmente o fanatismo também é capaz de cegar as pessoas. No sentido espiritual é cego aquele que não percebe a Cristo ou não consegue ver a mão de Deus agindo, algo muito comum em todas as épocas e lugares. Diante de tal realidade, seja física, emocional ou espiritual, surge a pergunta: Quem ou o que pode nos curar? Como se dá a cura? Vamos permitir que o trecho do Evangelho nos responda tais questões.

ELES SEGUIRAM PARA BETSAIDA. ALGUMAS PESSOAS TROUXERAM UM CEGO PARA JESUS, SUPLICANDO QUE TOCASSE NELE. ELE TOMOU O CEGO PELA MÃO E O LEVOU PARA FORA DA ALDEIA. DEPOIS DE APLICAR SALIVA NOS OLHOS DELE, IMPÔS-LHE AS MÃOS. ENTÃO, JESUS PERGUNTOU: VOCÊ ESTÁ VENDO ALGUMA COISA? ELE DISSE: VEJO AS PESSOAS. MAS, ELAS PARECEM ÁRVORES ANDANDO. OUTRA UMA VEZ, JESUS COLOCOU AS MÃOS NOS OLHOS DELE. OS OLHOS FORAM ABERTOS. A VISTA FOI RESTAURADA PLENAMENTE. ELE VIA TUDO COM CLAREZA. ENTÃO, JESUS O MANDOU PARA CASA, DIZENDO: NÃO VOLTE À ALDEIA (MARCOS 8.22-26).

A região em torno do Mar da Galileia e também a aldeia de Betsaida era lugares comuns para Cristo. Ele conhecia bem a região. As pessoas sabiam de suas capacidades. Provavelmente, noutras oportunidades, ele já tinha cruzado pelo mesmo cego. Ou, pelo menos, o cego sabia quem Jesus era. Mas, somente agora, graças aos amigos ocorreu um encontro. É importante, sempre de novo, refletir sobre a importância de encaminhar os outros à presença de Jesus. Não deixe de convidar. Não deixe de socorrer. Há gente que sofre. Há pessoas cegas precisando de uma luz. Ajude-as a encontrar Jesus! Ele é a solução.

Aliás, Jesus é a solução às pessoas e ao mundo. Ele expressa seu carinho acolhedor. Não mantém distância do deficiente. Cristo se aproxima dele e o toca. Primeiro, conduzindo-o pela mão e, em seguida, impondo-lhe as mãos. O evangelista faz questão de destacar o uso da “saliva”. O Mestre dá um pouco de si para ajudar o outro. Se todos desse um pouco de si muitas dores seriam minimizadas e questões resolvidas. Não deixe de olhar, estender a mão, dar um sorriso, cumprimentar, aconselhar os outros. Isso é o que faz a diferença. Como em situações anteriores, Jesus aparta o cego da multidão. Nosso Mestre não é sensacionalista. Não procura fazer da fé um espetáculo. Sempre de novo também precisamos lembrar disso como igreja. Vale mais o acolhimento, do que o show.

Diferente doutras curas de Jesus, o cego é curado em etapas. Cristo pode curar à distância, de imediato e sem tratamento. Em alguns, ele toca. Noutros mantém distância. Raramente usava elementos naturais. Via de regra bastava uma palavra. Todavia aqui ocorre a aplicação de saliva nos olhos. Ele passa a ver, mas as pessoas lhe parecem “árvores”. Ou seja, nem sempre foi cego. Outrora, quando enxergava, sabia distinguir. Num segundo, momento, com novo toque, tudo fica claro, aliás claríssimo. Ele tem sua visão totalmente restaurada.

Vou aproveitar para alertar sobre a comemoração desta semana - 21 de setembro lembramos o “Dia da Árvore” - para dar um testemunho pessoal sobre como o toque de Jesus deixa a vida mais clara. Com 14 anos entendi e me coloquei debaixo da promessa de João 3.16: “Deus amou ao mundo dando seu único Filho. Quem o aceitar, passa da morte à vida”. Reconheci a dádiva do Batismo e passei integrar o povo de Deus. Com o passar do tempo entendi que o mundo não era somente eu, mas todas as pessoas, inclusive aquelas bem diferentes de mim. Não há como limitar o plano de salvação. Deus ama todas as pessoas, mesmo aquelas que não gosto tanto. Muitos anos depois, entendi também que dentro da palavra “mundo” está inclusa toda a criação, ou seja, animais e plantas, terra, ar e mar. Deus quer restaurar tudo. Por isso, sempre de novo, proclamamos “novos céus e nova terra”. Da mesma, por isso o ordenamento do Éden: “Guardar e cultivar” (Gênesis 2.15). O plano de salvação é integral.

O evangelista Marcos narra a cura do cego em etapas. As minhas descobertas espirituais se dão dia a dia. Ninguém nasce pronto. Jesus me cura. Ele me esclarece situações e mais situação. Faz-me ver. Faz-me amar. Tal processo vem desde o nascimento, passando pela nossa conversão consciente - ou seja, do momento em que me assumi como “cristão” - e segue até a morte. Vivendo e aprendendo. Sempre crescendo. Deus vai iluminando o meu caminho. Eu vou adiante.

Outro detalhe do texto que é importante e que vale destacar. Não será a primeira vez que falo disso. Ao receber a cura e ver tudo claro, quem sabe até o sujeito pensou em voltar à aldeia e mostrar-se aos demais, feliz da vida pelo ocorrido. Mas, não. Jesus o manda para casa. O nosso testemunho de fé começa sempre em casa, com a família. Em seguida, se abre à nossa vizinhança, aos amigos e aos colegas. Deus é bom. Ele opera maravilhas. Precisamos ser testemunhas dos seus milagres.

Por fim, a cura do cego em Betsaida nos revelar a importância da reflexão pessoal, onde percebo minhas próprias cegueiras, entendendo o quanto minha visão é limitada. Nascemos pecadores. Constantemente voltamos ao pecado. Somos pecadores. Só Jesus pode curar. Por isso, entre na caminhada fé. Deixe-se moldar dia a dia pelo exemplo de Cristo, em constante aperfeiçoamento. À medida em que você vai sendo “esclarecido” também se tornará um canal de bênção às demais pessoas, levando-as a Cristo. Bênçãos na jornada. Amém!

Convido-o para orar comigo nas palavras de Lutero: “Senhor! Abre os nossos olhos para enxergarmos a ti e aos teus caminhos. Ajuda-nos a, sem nenhuma dúvida, reconhecer e confessar a ti como o nosso médico. Amém”.

“Foi na Cruz” é composição de Isaac Watts, um inglês de Southampton (1674-1748) nas estrofes e Ralph Erskine Hudson, um americano da pequena cidade de Napoleon (1843-1901) no estribilho. Como o conhecemos foi publicado em 1707...

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Autor(a): P. Euclécio Schieck
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense / Paróquia: Garuva-SC (Martinho Lutero)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Testamento: Novo / Livro: Marcos / Capitulo: 8 / Versículo Inicial: 22 / Versículo Final: 26
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 64464
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É isto que significa reconhecer Deus de forma apropriada: apreendê-lo não pelo seu poder ou por sua sabedoria, mas pela bondade e pelo amor. Então, a fé e a confiança podem subsistir e, então, a pessoa é verdadeiramente renascida em Deus.
Martim Lutero
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