Eu creio Senhor! Ajuda a minha incredulidade

09/09/2005


“Eu creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade” (Mc 9.24)
Essa frase parece uma contradição, algo absurdo, pois ou se tem fé ou não se tem. Como alguém afirma ter fé, no entanto pede ajuda em sua incredulidade? – dirão muitos. Mas ao analisarmos com mais calma, vemos que isso é perfeitamente possível.

Para compreender é muito fácil, basta um exercício individual. Pense numa forma de falar da sua fé, daquilo em que crê, naquilo que certamente não lhe deixa perturbado ou inseguro. Naquilo que você crê de corpo e alma. Ao final desse exercício, você possivelmente deverá ter ficado com a cabeça cheia de incertezas, de dúvidas e inseguranças, não é verdade?

Isso é muito comum. A verdadeira fé não é uma fé tranqüila, completamente segura e simples. A fé em Deus é algo muito mais complexo do que podemos compreender, num primeiro momento. Quem já não teve crises de fé ao ver uma grande injustiça, ao perder uma pessoa que amava muito, ao ver algo que, segundo as suas convicções humanas, Deus não poderia permitir?

Nossa fé é fraca, nossa fé, muitas vezes, requer provas, marcas claras de que nosso Deus está conosco, de que ele não nos abandonou ou até de que ele existe realmente. Quem tem fé, certamente tem ou já teve dúvidas. Aquele que se vangloria de sua muita e forte fé é o primeiro a abandoná-la quando deparado com uma das circunstâncias mencionadas anteriormente.

O verdadeiro crente é como aquele cobrador de impostos, citado por Jesus em Lc 18.9-14. Ao contrário do fariseu que se orgulhava de quanto era bom, o publicano não tinha nem ao menos coragem de elevar o rosto e batia ao peito dizendo não ser merecedor do amor de Deus. Aquele que se orgulha de quão crente é pode ser comparado ao fariseu da mesma história; esse não necessita de Deus, pois ele já é, ao seu ver, bom o suficiente. No meio teológico, usa-se muito a expressão: “Fé de mais não cheira bem”, como crítica a esse tipo de discurso ou atitude. Quando alguém diz estar completamente dono da situação, ou não crê, ou não reflete sobre a fé que tem.

Portanto, sejamos humildes como o publicano, que entra na sinagoga, mas não ousa dirigir-se com petulância a Deus, ou como o homem citado em Mc 9.24, que afirma ter uma fé, fraca e insuficiente, e que roga por Deus, pois Ele é o único que pode fortalecê-la. Lembre-se: a “fé é irmã gêmea da dúvida”, pois quem tem dúvida, interessa-se pela fé que tem e pela religião que professa.
 



Autor(a): Cat. Daniel Ricardo da Costa
Âmbito: IECLB
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 7704
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Jamais a fé é mais forte e gloriosa do que ao tempo da maior tribulação e tentação.
Martim Lutero
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