Espíritos maus existem?

25/01/2024

Marcos 1.21-28
Prezada Comunidade
Estimados rádio ouvintes:

Muitas vezes nos perguntamos: Por que existem 4 Evangelhos? Porque existem 4 livros na Bíblia que contam histórias parecidas da vida de Jesus?
É que cada Evangelho foi escrito para um determinado grupo de pessoas. Mateus e João foram escritos para os judeus e a ênfase de Mateus e João está em provar que o Messias prometido no Antigo Testamento é Jesus Cristo. Já os Evangelhos de Marcos e de Lucas foram escritos para pessoas de outras culturas e que tinham outras religiões. Para essas pessoas, a principal característica de uma religião deveria ser o poder sobre outras religiões e principalmente sobre os demônios. Os demônios eram considerados espíritos ou poderes que provocam doenças físicas e psíquicas nas pessoas. Pessoas endemoniadas precisavam de um exorcista para livrá-las do mal. Por isso, os sacerdotes dessas religiões tinham como tarefa principal expulsar os maus espíritos das pessoas e dos ambientes. E os sacerdotes faziam isso com amuletos, com anéis, com incensos. Podemos dizer que hoje em dia, a maioria das igrejas está nessa linha de exorcista. Não falam muito de Jesus como Filho de Deus, mas sim do Jesus como autoridade para expulsar demônios.
Portanto, o Evangelho de Marcos e o Evangelho de Lucas querem falar de Jesus para as pessoas de outras culturas. Elas querem dizer que Jesus Cristo é o Deus Todo Poderoso, que tem autoridade sobre todas as coisas inclusive os outros deuses e os maus espíritos.

Por isso, tanto o Evangelho de Marcos, como o Evangelho de Lucas, colocam como primeiro milagre de Jesus, a expulsão de um espírito mau (Mc 1.21-28 e Lc 4.31-37) e mostrando que Jesus tem autoridade sobre os maus espíritos. E o poder de Jesus sobre os maus espíritos é tão grande, que Jesus nem mesmo precisa de amuletos, anéis, sangue de animais ou incenso. Com a simples presença de Jesus o espírito mau já se inquieta e com apenas uma palavra, Jesus consegue tirar esse espírito mau das pessoas. Portanto, os evangelistas Marcos e Lucas querem mostrar que Jesus tem total poder sobre o mal e que confiar e seguir a Jesus significa estar protegido dos espíritos maus.

Mas tem uma coisa curiosa nessa passagem do Evangelho que ouvimos hoje. Nós estamos acostumados a pensar que os maus espíritos frequentam apenas os “inferninhos” da vida, isso é os lugares onde não se fala, nem se respeita a palavra de Deus. No entanto, o Evangelho de hoje nos diz que Jesus estava ensinando na sinagoga e as pessoas o escutavam muito admiradas pela maneira como Jesus ensinava. A sinagoga era um ambiente religioso, frequentado por gente religiosa. No entanto, ali chega um homem com um espírito mau e começa a questionar os ensinamentos de Jesus. Esse espírito mau não respeita o ambiente religioso e nem os ensinamentos de Jesus. O que um espírito mau estava fazendo num ambiente religioso como a sinagoga?
Talvez o Evangelho queira dizer que alguém pode estar num ambiente religioso, numa igreja, ouvir os ensinamentos de Jesus e mesmo assim não respeitar nem o ambiente, nem os ensinamentos de Jesus?

Ou talvez o Evangelho nos queira dizer que o espírito mau não se importa com o lugar onde ele está, mas ele se incomoda diante de quem ele está. O que incomoda o espírito mau não é o lugar onde ele está, mas o que incomoda o espírito mau é a presença e os ensinamentos de Jesus.
O certo é que Jesus nos quer mostrar que as pessoas que ouvem a Palavra de Deus são pessoas pecadoras, pessoas que até reconhecem a divindade de Jesus, mas ainda assim continuam pecadoras. Portanto, a igreja não é um céu de santos, mas um hospital de pecadores.
A reação de Jesus no texto do Evangelho é curta e certa:
- Cale a boca e saia desse homem!
Aí o espírito sacudiu o homem com violência e, dando um grito, saiu dele.(vv.25-26).

E o Evangelho conclui dizendo que se antes as pessoas já estavam admiradas com os ensinamentos de Jesus, agora ficaram ainda mais admiradas com o poder de Jesus. E a fama de Jesus se espalhou depressa por toda a região.

Precisamos trazer essa história para os dias de hoje e buscar nela a iluminação para a nossa vida. Mas precisamos ter cuidado. Nos tempos antigos se considerava qualquer doença física ou uma doença de sofrimento mental, como possessão demoníaca. Hoje sabemos que isso não é assim. A ciência trouxe luz sobre esses preconceitos. Hoje sabemos que doenças tem tratamento. Algumas doenças não têm cura, mas todas tem tratamento para aliviar o sofrimento da pessoa.

Mas isso não quer dizer que os maus espíritos não existam nos dias de hoje. Eles existem sim. A gente pode não acreditar neles, mas eles existem. Assim como existem os anjos de Deus, assim também existem os espíritos maus. Mas, diferente do que muita gente pensa, esses espíritos maus não moram em cavernas, em cemitérios, não são aqueles fantasmas que se manifestam apenas na escuridão da noite ou que podem ser enviados para fazer mal a alguém.

Os espíritos maus são mais facilmente encontrados dentro do coração humano. 

Será que tem algum espírito mau morando no meu coração? Martin Lutero ensinava que só a metade de nosso coração é bom. A outra metade quer viver sem Deus. Portanto, somos pessoas pecadoras por natureza. Pelo menos metade de nosso coração não é bom. E não conseguimos transformar essa parte má do nosso coração. Essa parte má de nosso coração não quer obedecer a vontade de Deus, essa parte má de nosso coração nos torna egoístas, intolerantes, preconceituosos, violentos, incapazes de perdoar. Portanto, esses são os sinais e cada pessoa deve examinar a si mesma, se dentro dela está morando um espírito mau. É importante cada pessoa conhecer a si mesma, saber que demônios moram dentro dela. Só assim teremos a chance de controlá-los.

O ser humano não era assim. Ele não foi criado para hospedar demônios dentro de si. Ele foi criado por Deus para viver perto de Deus. Mas o pecado afastou o ser humano de Deus. E o pecado não está somente naquilo que o ser humano faz, mas está também naquilo que ele sente, no que ele pensa. E essas são coisas – muitas vezes - não conseguimos controlar.

Portanto, se pensássemos numa escada que chega até o céu, nós não conseguimos alcançar o céu por conta do peso do pecado que mora dentro de nós.
No entanto, Deus não quis nos perder. Por isso, ele desceu aqui para a terra, para nos dizer que podemos sim chegar ao céu: pela fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus. Jesus tem a chave para abrir a porta do céu. E ele nos convida a entrar.

Mas, apesar do convite e da oferta de Jesus, não deixamos de ser pessoas pecadoras. Continuamos com nossa natureza pecaminosa, com a metade de nosso coração querendo desobedecer a Deus. Talvez porque Deus não quer que esqueçamos que sem a misericórdia de Deus, não temos salvação.


Precisamos conhecer a maldade que está dentro de nós para poder controlá-la. Caso contrário, essa maldade acaba nos controlando. Nos deixando raivosos e na maioria das vezes – essa maldade é mais forte do que o bem que está dentro de nós. Mas na presença de Jesus, quando ouvimos sua Palavra ou quando decidimos conduzir a nossa vida pelos ensinamentos de Jesus, então esses maus espíritos dentro de nós vão ficando mais fracos diante do poder de Jesus.

Por isso, em oração, roguemos a Deus que a presença e os ensinamentos de Jesus enfraqueçam dentro de nós os espíritos maus. Que se fortaleça dentro de nós a alegria por ouvir a Palavra de Deus e a vontade de viver segundo os ensinamentos de Jesus.
Amém.
 


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Paranapanema / Paróquia: Curitiba - Igreja de Cristo
Testamento: Novo / Livro: Marcos / Capitulo: 1 / Versículo Inicial: 21 / Versículo Final: 28
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 72190
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Salmo 16.2
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