Espaços Sagrados nas Cidades

26/07/2010



“O verbo se fez carne e veio morar entre nós.” (João 1.14)

Conhecemos os grandes espaços sagrados das nossas cidades. Em São Paulo logo nos lembramos da catedral da Sé, referência central do sistema de metrô, ou do Santuário de Aparecida do Norte. No Rio de Janeiro vem em mente o ecumênico Cristo Redentor. Em Minas Gerais rapidamente identificamos as relíquias históricas das cidades do ouro e, na capital, a Catedral da Pampulha. Andando pelas cidades avistamos os templos cristãos e os espaços de culto típicos das diferentes religiões. A população urbana preserva seus ícones, símbolos e espaços sagrados. A busca pela presença de Deus ganha diferentes formas. A concepção de divindade, através da inteligência, criatividade e cultura humanas tomam formas para hospedarem o encontro entre o divino e o humano. Os espaços sagrados comunicam a incessante necessidade da população de recolhimento e comunhão, de cuidado e proteção, da presença salvadora de Deus, revelada em seu cotidiano. Na história de todos os povos é comum a construção de espaços dedicados para a busca do transcendente. Não foi diferente na história do povo de Deus, conforme os relatos bíblicos.

Também é comum entre nós a escolha e dedicação de espaços sagrados em nossas casas. Continuamos construindo templos, pequenos ou grandes, suntuosos ou modestos, para as nossas comunidades de fé. Dedicamos esses espaços para o encontro com Deus. Um lugar aonde Deus VEM nos servir com a sua Palavra, com os seus Sacramentos, com suas bênçãos, com o seu consolo e amor. Espaço de comunhão e de paz, que reúne expressões de louvor e gratidão, também de clamor pelas dores do mundo de cruz, violência e morte.

Entre nós cristãos a busca pelo sagrado, pelo encontro com Deus mantém uma dimensão ainda mais radical. Pelo Batismo o nosso corpo hospeda o Espírito Santo. Dessa forma recebemos de Deus, pela mediação de Jesus Cristo e pela fé, o bonito poder de, quotidianamente, viver em comunhão com ele, em qualquer lugar e em qualquer espaço. Em Jesus Cristo Deus está no mundo e doa aos seus filhos e filhas a sua santificação. Após a ressurreição, Jesus anuncia a sua presença contínua no mundo: “Eis que estarei convosco até a consumação dos séculos” (Mateus 28.20).

Cremos que Deus se faz presente nos espaços sagrados que reúne pessoas para a gratidão e diálogo com Deus, para a santificação e transformação. Nós seres humanos dependemos de rituais, de repetições, de definições que comunicam formalmente através dos diversos sentidos. Porém, a presença de Deus vai além dos espaços sagrados estáticos. Ele está presente onde as pessoas se dispõem a testemunhar o amor incondicional de Deus, a viver esse amor em comunhão, com dignidade e em paz, onde as pessoas preparam-se para servir e servem. Significa que a presença de Deus em nosso meio é como vento que sopra e se faz sentir nas casas, nas ruas, ambientes de trabalho, hospitais, escolas, instituições sociais. A sua ação salvadora perpassa o quotidiano. É tal como estar permanentemente unido a Deus. Mesmo no mundo provisório ou, de outra forma, mesmo vivendo num estado de vida frágil e ameaçada podemos ser sujeitos de liberdade e vida, construir esperança, espaços de comunhão e consagrar caminhos.

A partir dessa concepção e visão entendo melhor a Palavra do apóstolo Paulo à Comunidade de Filipenses:

Por estarem unidos com Cristo, vocês são fortes, o amor dele os anima, e vocês participam do Espírito de Deus. (Fl 2.1-4)

Guilherme Lieven, Pastor Sinodal

Sínodo Sudeste - IECLB


Autor(a): Guilherme Lieven
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 8182
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