Ernst Moritz Arndt (1769-1860)

Obra e Biografia

29/06/2012

Arndt, Ernst Moritz (1769-1860) HPD nº 142

Nasceu aos 26 de dezembro de 1769 em Gross-Schoritz na Ilha de Rügen, Alemanha
Faleceu aos 29 de janeiro de 1860 em Bonn, Alemanha

Ernst Moritz Arndt nasceu na Ilha de Rügen como filho de um lavrador súdito. Em Greifswald e Jena estudou de 1789 até 1794 teologia, história, filologia clássica, além de geologia e ciências naturais. Depois de ter sido professor particular na casa do pastor Kosegarten e ter feito uma viagem cultural, tornou-se 1800 professor autônomo em Greifswald, lecionando História e Filosofia, e em 1805 professor extraordinário. Passou alguns anos em exílio na Suécia. Em 1812 tornou-se colaborador do Barão Freiherr von Stein, e, durante as guerras pela liberdade (1813-15), escritor patriótico. A partir de 1818 é professor em Bonn. Através de seu artigo “Sobre a Palavra e os Hinos da Igreja” de 1819 deu o impulso para a reforma dos hinários, depois da época do Racionalismo. Em 1820 perdeu a cadeira devido suas idéias democráticas. Em 1840 foi reabilitado e voltou a ser professor. No ano de 1848 participou como delegado de Solingen no congresso nacional realizado em Frankfurt/M, representando o partido fiel ao Imperador da Prússia.

No hinário HPD, sob nº 142, se encontra um único hino de Ernst Moritz Arndt:: Ó vinde, convidados, amados do Senhor (feito em 1819). O tema é a Santa Ceia. O original alemão (Kommt her, ihr seid geladen, EG nº 139) contém 6 estrofes, das quais somente 4 foram traduzidas.

Fontes:

- Ernst Wolf , Artigo “Arndt, Ernst Moritz” em “RGG”, Tübingen, 1957³, Volume I
- “Kleines Nachschlagewerk zum Evangelischen Gesangbuch”. München & Weimar, sem data.

 

A vitoriosa certeza da fé.

No fim do século 18 e início do século 19 Napoleão Bonaparte se fez o Senhor de Europa, invadindo com seu exército vários países. Era como um terremoto, que abalou muito daquilo que antes parecia firme. Na tempestade destas guerras vacilaram também os ídolos do racionalismo, e muitas pessoas lembraram-se novamente do Deus eterno e todo-poderoso.

Nesta época viveu o poeta Ernst Moritz Arndt. Com seus hinos ele era um daqueles que ensinou a comunidade a cantar novamente de todo o coração. Em conseqüência dos acontecimentos violentos da época seus hinos expressam profunda confiança em Deus e ao mesmo tempo sonhos patrióticos. Com voz sonora ele convocou seu povo para a luta contra servidão e opressão. E ao mesmo tempo ele sabia que liberdade verdadeira não se alcança com punhos cerrados, fanfarras ou armamentos. Pelo contrário, era necessário usar as armas espirituais (Ef.6,10-17), o escudo da fé, o capacete da salvação e a espada do Espírito que é a Palavra de Deus. Ele escreveu: “Somente é livre, quem teme a Deus, pois o temor a Deus está acima de tudo.”

Ernst Moritz Arndt tornou-se um dos mais importantes adversários intelectuais de Napoleão. Os caminhos dos dois sempre de novo se cruzaram de maneira estranha. Ambos nasceram no ano de 1769, e cada um numa ilha afastada, sendo Napoleão na Ilha de Córsega, (ao sul da França) e Arndt na Ilha de Rügen (ao norte da Alemanha). Quando entraram na luz da história, logo um se tornou adversário e perseguidor do outro. Quando nos dias de opressão o professor Arndt em Greifswald, como bom patrióta, levantou sua voz a favor de uma Alemanha unida, teve que fugir da ira de Napoleão. Encontrou abrigo na Suécia. Porém, ele não agüentou por muito tempo no exílio. Por caminhos aventurosos voltou para a Alemanha. Chegou no mesmo tempo em que o Rei da Prússia se instalou novamente em Berlim. Deste modo pôde re-assumir seu cargo de professor.

Não demorou muito, e ele teve que fugir novamente. Mal e mal conseguiu escapar dos esbirros (soldados) de Napoleão. Desta vez ele se dirigiu para a Rússia. Seguiu seu caminho via Praga, e, antes de deixar sua pátria alemã, tomou mais uma vez água da nascente do Rio Elba, nas montanhas do “Riesengebirge”. No mesmo ano, porém, também Napoleão se dirigiu para o reino dos Czares. De novo a vida de Arndt parecia estar em perigo. No entanto, a Rússia quebrou o poder do córsego. Em dezembro de 1812 foi vencido o exército do imperador francês, e ele correu num trenó solitário pelas estepes brancas da vastidão russa em direção ao Oeste. Algumas semanas mais tarde um outro trenó seguiu o mesmo caminho, trazendo o poeta Arndt de volta para sua pátria libertada.

Nestes anos de tempestades e da humilhação da Alemanha Ernst Moritz Arndt aprendeu de novo a orar. Antes ele era um céptico, como muitos outros de sua época. Agora achou o caminho de volta para a fé evangélica dos seus antepassados. Esta fé, cheia de confiança em Deus, era corajosa e valente. Um dos hinos seus expressa isto com clareza:

“Quem é um varão? Aquele que sabe orar e confiar em Deus; aquele que não desanima, ainda que tudo desmorone.” (EG nº 382: “Wer ist ein Mann? Wer beten kann und Gott dem Herrn vertraut; wenn alles bricht, er zaget nicht; dem Frommen nimmer graut.”)

Um tom varonil igual a esse se encontra num outro hino (EG nº 158) de sua autoria (que não se encontra mais em nosso hinário, mas constava sob nº 76 nos “Hinos da Igreja Evangélica” traduzidos pelo P. Hans Müller, editado em 1939 em Joinville):

1. “Eu sei, em quem eu creio, / O que há de perdurar, / Enquanto em devaneio / A vida vai murchar, / O que jamais se afasta, / Se tudo me fugir, / Quimera nos arrasta, / Visões vão iludir.

2. Eu sei quem sempre dura, / Jamais nos deixará, / E base mui segura / Em fundo eterno está! / E´ a Palavra certa / E firme do Senhor! / Com ela bem alerta / Eu fico sem pavor.

3. E desta fortaleza / Conheço o mestre bem: / O Rei que com clareza / Os anjos rege além - / Adora-o lá prostrado / O forte serafim. / Lhe serve o arcanjo alado! / Eu sei, conheço-o, sim!

4. Ele é a luz divina, / Meu Salvador Jesus,/ A rocha diamantina, / Radiante em pura luz, / penhasco inabalado, / Amparo, Redentor, / Um castiçal dourado, / Um mundo de fulgor.

5. Por isto sei que creio, / O que há de perdurar, / O que é um forte esteio, / E nunca há de falhar. / Eu sei que não se encerra / Da morte no terror, / E faz brotar da terra / A mais sublime flor!”

O poeta confessa que nas tempestades da vida só existe um lugar firme e seguro: Jesus Cristo. Ele é como rocha ou castelo forte. Somente ele permanece, quando tudo o mais se desfizer em pó. Os versos são uma confissão de fé, que se aproxima aos versos de Martim Luthero.

Fonte: Lieselotte von Eltz-Hoffmann “Lob Gott getrost mit singen”, Quellverlag, Stuttgart, 1989


Autor(a): Leonhard Creutzberg
Âmbito: IECLB
Natureza do Texto: Música
Perfil do Texto: Autor Letra
ID: 15521
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