“Hoje estou decepcionada. Decepcionada com o ser humano. Decepcionada comigo. Não consigo me organizar pra escrever coisas boas e de saudades para meus sobrinhos e sobrinhas. Não tenho “clima” pra mandar noticias para meus amigos e amigas de longa data que acompanham diariamente minhas lembranças e que foram pessoas importantes naquilo que sou e sinto hoje. Não tenho paciência pra ouvir alguém que muito precisa de apoio e atenção hoje, no meu dia de folga. Hoje foi um dia cheio. Cheio de gente precisando de mim e eu precisava só de sossego pra minha alma e pros meus problemas. E não me sai da cabeça a tentativa de distração que procurei hoje ao perambular pelas ruas da cidade a procura de um óculos de sol. Em três lojas o preço que eu me dignaria a pagar por um óculos de sol, estava longe do imaginário da loja. Numa loja meu apelo a algo em promoção e sem frescuras, foi pelo menos ouvido. Um homem e uma mulher fizeram um complô tentando me convencer que o preço absurdo era justificado pelo fato de ficarem muito bem em meu rosto, e que valia a pena me sacrificar mensalmente para tê-lo e mostrar às outras pessoas. Pra mim é uma necessidade, disse aos dois, e esse objeto é algo que se esquece facilmente em algum lugar, que costumamos sem querer sentar encima, ou que se arranha por qualquer bobagem... e sabe o que argumentaram? ‘Mas estes modelos são os que se encontram em todas as revistas no momento. São caros mas valem a pena!! Ficavam lindos e valorizam o seu rosto!!’... pechinchei tanto num modelo fora de linha e ainda disse que se não encontrasse outro que eu gostasse em outro lugar poderia voltar. E saí da loja tida como louca, cafona, pãodura, sem noção e “fora da casinha”.
Será que estou louca? Louca por achar tantas coisas demais pra minha cabeça? O ser humano se dar tão pouco valor? Se vender por tão pouco, se conformar com as coisas como elas estão? Você paga uma carne com gelo e não reclama? Você usa uma roupa que ao seu gosto é horrorosa só porque dizem que é a tendência e que fica linda em você, ou que é a sua cara? Você compra uma bolsa caríssima só por achar que alguém vai te respeitar ao usá-la?
Desculpe meu desabafo. Queria entender melhor o que o ser humano está fazendo com os presentes de Deus. Meus sentimentos de crer nas pessoas precisam ser revigorados. Necessito de testemunhos de vidas que sentem que a vida é rara. Estou fora desta casinha que querem me enfiar e luto a cada dia pra continuar assim. Continuar esperançando na vida tão singela e bonita. Não quero esperar pela aposentadoria pra ter o tempo de escrever cartas pras pessoas importantes da minha vida. Não quero estar de mau humor quando alguém me procurar. Preciso de proteção e cuidados, de um bom óculos de sol...”
Uma jovem de 38 anos abriu seu coração hoje me despejando tudo isso. O que eu poderia dizer pra ela? Procure um Spa. Faça um esporte e gaste as energias acumuladas ou recupere as que estão faltando. Vá às montanhas ou à praia pra relaxar e colocar as idéias no lugar. Isso passa... será que é tão simples assim?
Como podemos ajudar essa pessoa?
Não sei se passa. Sei que ela ter compartilhado sua tristeza já a deixou mais forte. É na fraqueza que redescobrimos a força. “Três vezes orei ao Senhor e lhe pedi que tirasse isso de mim. Então ele me respondeu:“A minha graça é o suficiente para você, pois o meu poder é mais forte quando você está fraca.
Portanto, eu me sinto mais alegre ainda por estar orgulhosa pelas minhas fraquezas, para assim ter a proteção do poder de Cristo em mim.
Alegro-me com essas fraquezas, insultos, necessidades, perseguições e dificuldades por causa de Cristo. Porque, quando estou fraco, aí sim é que sou forte.”2 CO 12.8-10
Bênção
Que o amor de Deus, Pai e Mãe nos fortaleça
Que a graça do Filho nos renove
Que a comunhão do Espírito Santo transforme o nosso cotidiano pelas obras das nossas mãos. Amém!
Pa. Elisabet Lieven, Pastora da IECLB em Teófilo Otoni/MG