Encarar ou fugir?

“Quem me dera ter asas de uma pomba... para fugir para o deserto” (Salmo 55.7-8)

28/07/2016

Muitos são os motivos que nos fazem pensar em fugir dos problemas, das aflições e até mesmo da realidade a nossa volta. Mesmo crendo em Deus e confiando em sua Palavra, somos confrontados/as frequentemente com a maldade humana, com atos de injustiça, com falsidades, opressões... E por que não, conosco mesmo?

Sentimos raiva, ódio, culpa, tristeza, medo.

E sem perceber acabamos guiados por estes sentimentos angustiantes, pela incompreensão das coisas, pela falta de fé, pelo esforço em vão.

Enfim, não seria melhor fugir para bem longe dos problemas, de nós mesmos e das pessoas a nossa volta? Não seria melhor viver enclausurados/as em um deserto solitário, em uma bolha de plástico, que pudesse nos isolar das emoções, dos relacionamentos incertos, das más línguas, dos ímpios aos nossos olhos, das injustiças, do pecado que tanto nos maltrata e maltrata a vida em sociedade?

Ah se pudéssemos ter asas para voar o mais alto e pousar o mais distante de tudo isso, em um refúgio secreto!!

Esse também era o desejo do Rei Davi tão bem exposto no Salmo 55.9-9. A realidade a sua volta não era das melhores. Inimigos o perseguiam e outros lançavam calúnias contra ele. No versículo 5 ele descreve poeticamente o quão desolado está: “meu coração se contorce dentro de mim e sobre mim caem terrores mortais; medo e tremor me invadem”.

Medo, dor, angústia.

É o que o “homem segundo o coração de Deus” sentia naquele momento.

O que fazer?  Fugir??

Esse é o desejo de Davi. Mas, logo ele chega a uma conclusão que não queremos ouvir de imediato: É impossível criar asas.

Não se pode voar para longe. Não se pode fugir da realidade. Pois isto seria abandonar a própria vida ao acaso, ao incerto, ao léu.

Davi tinha consciência que seu clamor era apenas um desabafo, pois sabia que havia outra possibilidade.

O que fazer? Recorrer a Deus!

Buscar ajuda no Senhor de toda a Criação, o Castelo Forte na hora da angústia.

Davi sabia que o melhor refúgio não estava longe dos problemas, nem de si mesmo. O melhor refúgio estava em Deus, que nos encontra em nossos problemas, que ouve nosso grito de socorro, e que nos resgata de nossa aflição oferecendo a salvação concreta, histórica e pessoal (Salmo 55.18.19).

É por isso que Davi diz no versículo 17 do Salmo: “Invoco a Deus, e o Senhor me salva”. E no versículo 23 ele convida a todos/as que se sentem cansados/as e sobrecarregados/as a “descarregar seu fardo no Senhor Deus e ele cuidará de você e jamais permitirá que o justo venha a tropeçar”.

E que fazer pois, quando os problemas nos sobrevier? O que fazer quando a angustia nos oprimir. O que fazer quando a injustiça nos alcançar? O que fazer quando o medo nos paralisar? O que fazer quando a solidão nos ameaçar. O que fazer quando não temos para onde fugir e nem criar asas de imaginação”.

Davi nos dá uma saída com seu próprio testemunho ao dizer no final do Salmo 55: “Quanto a mim, eu confio em Ti Senhor”.
Recorrer ao Deus conosco ainda é o melhor refúgio. Este não nos isola da realidade, mas nos faz encará-la com fé e esperança naquele que tudo venceu!

Que Deus nos ajude hoje e sempre, a termos nossos pés firmes no chão e a mente aberta para realidade e o coração confiante naquele que ouve nosso clamor, Amém!
 


Autor(a): P. Marcus David Ziemann
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 38876
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Quando eu sofro, eu não sofro sozinho. Comigo sofrem Cristo e todos os cristãos. Assim, outros carregam a minha carga e a sua força é também a minha força.
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