A palavra mais usada nos nossos dias é a palavra crise. Fala-se em crise moral, crise renal, crise conjugal, crise de nervos, crise existencial. São tantas as crises! Mas nenhuma está mais na boca do povo do que a crise econômica. Fala-se dela todos os dias. Conforme os dicionários, a crise pode referir-se ao ataque repentino de uma doença, a um período difícil na economia, a uma dificuldade de relacionamento familiar. Geralmente, atribuímos à palavra um aspecto negativo, de perda, de prejuízo, de perturbação.
A palavra crise origina-se do grego. No seu significado original, ela apresenta também um aspecto positivo, passando a ideia de movimento, de mudança decisiva. Assim, a crise pode ser positiva ou negativa. Ela é negativa quando, além de desestruturar uma situação ou um relacionamento, impede que ocorram mudanças. Ela é positiva quando promove uma avaliação e uma oportunidade de crescimento em direção a alternativas possíveis. Das crises surgem as soluções. O que não passa por crise, tende a cair na rotina e no ostracismo.
Tanto nas doenças quanto na economia, a crise é tão somente a ponta do iceberg de um problema que vem se arrastando há muito tempo. No caso específico da economia, há muito tempo se vem trabalhando com papéis podres no mercado mundial. Chega uma hora em que a corda arrebenta. Lamentavelmente, ela arrebenta sempre no lado mais fraco: a classe trabalhadora!
O Prêmio Nobel de Literatura, José Saramago, afirma que a pior crise não é a crise econômica, mas a crise moral, causada por aqueles que se aproveitaram do esbanjamento, quando tudo parecia correr bem, e que nada fizeram para impedir que tudo desmoronasse. Essa falta de ação provocou o desemprego de milhares de pessoas.
Que saibamos aproveitar os aspectos positivos da crise. Albert Einstein dizia que a criatividade nasce da angústia. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la.
Pastor Geraldo Graf
Publicado na edição 83 do Informativo dos Luteranos - abril/2009
