Desde o culto da Reforma em 31/10/2000 as crianças participam da celebração da Ceia do Senhor em nossa comunidade. O fato é resultado de uma longa caminhada, que envolveu toda a comunidade na reflexão. Tudo começou com uma pregação na noite de Quinta-Feira Santa de 2000. Os textos que serviram de base para a pregação foram Mt 26.17-27 e 1 Co 11.17-34. Nessa pregação foram feitas algumas perguntas para a comunidade: quem nós excluímos quando celebramos a Ceia em nossa comunidade? Com que autoridade nós fazemos isto, se quem convida é o próprio Cristo e ele não deixou ninguém de fora quando celebrou a Ceia? A constatação foi de que a nossa prática não estava de acordo com a teoria, pois o convite para a Ceia sempre incluiu todas as pessoas; no entanto, mesmo que viessem participar, as crianças não receberiam a Ceia.
O passo seguinte foi proporcionar uma bênção às crianças presentes no culto após a Eucaristia dos adultos. Combinou-se com os orientadores e as orientadoras do culto infantil que trouxessem as crianças para participarem do culto a partir da liturgia eucarística. Isto aconteceu assim porque em nossa comunidade as crianças participam do culto infantil, em separado, no mesmo horário do culto dos adultos. Depois da comunhão e da oração pós-comunhão, as crianças eram chamadas para se colocarem diante do altar. Nessa hora, algumas perguntas eram feitas à comunidade, destacando o que se comunica às crianças quando estas são deixadas de lado no momento mais importante da vida da comunidade. Em seguida, as crianças recebiam uma bênção especial e permaneciam junto da comunidade até o final do culto.
O terceiro passo nesse processo foi um estudo mais aprofundado com as lideranças da comunidade. No retiro de presbíteros (julho de 2000) foi refletido em conjunto sobre o que é a Ceia do Senhor, por que as crianças também podem e devem participar dela e como isto poderia vir a acontecer em um futuro não muito distante. As lideranças concluíram que a comunidade estava cometendo um erro muito grande ao deixar as crianças de fora das celebrações da Ceia.
O quarto passo aconteceu de uma maneira não planejada: no culto da Reforma de 2000 a comunhão eucarística aconteceu em um grande círculo em volta do altar. O culto foi à noite, as crianças estavam presentes e fizeram parte do círculo. Como a patena e o cálice iam passando de mão em mão e duas crianças que estavam no início da distribuição já haviam participado da Eucaristia em outras comunidades, elas comungaram naturalmente e as outras crianças presentes seguiram o seu exemplo.
Atualmente as crianças participam normalmente da Ceia em nossa comunidade. Quando, por causa de alguma programação diferente do culto infantil, elas não vêm participar, acontece muita cobrança e há sinais de insatisfação pela ausência delas. As próprias crianças estranham e reclamam quando outras atividades as impedem de participar na Eucaristia. Um membro ativo da comunidade, presbítero, avaliou: Desde que as crianças participam, a Ceia tornou-se mais alegre.
Márcio Arthur Trentini
é pastor da IECLB na Paróquia
Rincão dos Ilhéus, Novo Hamburgo, RS.
Após estudar o assunto com maior profundidade, a comunidade convidou as crianças a participarem da Ceia do Senhor.