No dia da ressurreição de Cristo, dois discípulos voltavam de Jerusalém para Emaús, onde moravam. Estavam com medo de serem presos e até, quem sabe, mortos como aconteceu com Jesus. Eles estavam confusos, pois ouviram também que o Mestre, mesmo morto, havia aparecido às mulheres. Mas, enfim, a vida tinha continuidade com suas decepções e surpresas. Os compromissos estão adiante deles, que precisavam colocar pão na mesa de suas famílias. De volta, então, à vida anterior ao discipulado. Era apenas dois amigos, seguindo o caminho e conversando sobre o que estavam passando e seus sonhos. Aproximou-se e entrou na conversa uma terceira pessoa. À primeira vista, desconhecido. Por propósito divino, eles não reconheceram que era o próprio Mestre ao lado deles. O desconhecido pergunta: Vocês estão preocupados com o quê? Jesus usa sua antiga estratégia. Ele jamais chega com uma resposta pronta. Ele instiga a reflexão. Costumava perguntar aos discípulos e outras pessoas: O que vocês acham? O que você deseja? Qual é a tua opinião?
Feliz é aquele/a que tem um/a amigo/a com o qual pode abrir o seu coração! Jamais se esqueça... Primeiro, aprenda a repartir seu fardo com o outro. O peso vai diminuir. Você vai se sentir mais leve. Também, repartindo as alegrias, poderá contagiar e motivar seus companheiros para o bem. Segundo, mesmo que você não tem ninguém para falar, lembre-se que o maior e melhor amigo (Jesus) está contigo. Por meio dele, o próprio Deus te ouve. Por isso, torne a vida mais leve colocando as preocupações diante de Deus. Também, aprenda a glorificar e agradecer. Deus é bom!
No Caminho de Emaús, Jesus escuta com atenção as queixas dos amigos. Depois, com leveza, começa a explicar detalhes e trazer lembranças. Muitas vezes é assim. A resposta está quase na cara, mas temos dificuldades para ver ou entender. Deus tem paciência. Por isso, precisamos ter paciência também com os outros. Jesus recorda velhas histórias. Ele lembra aquilo que se passou com os antigos líderes. As promessas e desafios que Deus fez ao povo são recordadas. Lentamente, no fundo da cabeça e do coração, as ideias vão se juntando. A reflexão é sempre um processo. As peças do quebra-cabeça vêm daqui e dali e formam um conjunto maior. Mas, de fato, tudo são articulações ou história e Teologia. É preciso que o mundo das ideias se torne concreto. Por si só, a fé não basta. É preciso atitude. Mas, afinal, quando acontece a mudança? Quando há esclarecimento? Quando passamos das trevas para a luz? Convido-o para ler na íntegra o Evangelho deste domingo, que está em Lucas 24.36-48. Desta leitura e destaco aqui uma pequena porção (vv.28-32) para dar continuidade à reflexão.
AO SE APROXIMAREM DO POVOADO DE EMAÚS, JESUS DISSE QUE SEGUIRIA ADIANTE. MAS, ELES INSISTIRAM: A NOITE JÁ VEM. O DIA JÁ ESTÁ QUASE FINDANDO. FIQUE CONOSCO! ENTÃO, ELE ENTROU PARA FICAR COM ELES. QUANDO ESTAVA À MESA, TOMOU O PÃO, DEU GRAÇAS, PARTIU E O DEU AOS AMIGOS. SOMENTE AÍ FOI QUE O RECONHECERAM. NESSE EXATO MOMENTO, JESUS DESAPARECEU. PERGUNTARAM-SE UM AO OUTRO: NO CAMINHO, NÃO ESTAVA ARDENDO O NOSSO CORAÇÃO DENTRO DO PEITO, ENQUANTO ELE NOS FALAVA E EXPUNHA AS ESCRITURAS?
O evangelista Lucas retrata duas atitudes parecidas, mas distintas, as quais desejo comentar e também usar como desafio nesta manhã. De fato, são duas etapas da nossa vida de fé. Anteriormente relatei um pouco da minha infância, onde lia, via, questionava e teimava. Na adolescência, Deus colocou gente experiente na minha caminhada, os quais me deram suporte com explicações e bons exemplos na conduta. Então, as minhas leituras e reflexões encontraram sentido. Se você parar e pensar, verá quantas pessoas amigas Deus já colocou no teu caminho para lhe explicar a sua santa vontade para a tua vida. É algo que amadurece e chega num ponto onde...
Primeiro! É preciso convidar Jesus para entrar na casa, na vida, no coração. Em Apocalipse 3.20 é dito: “Eis que estou à porta e bato. Se você abrir, eu entro”. Quem dá acesso a Jesus somos nós mesmos. Não é o pastor, a missionária, os pais, os avós, os amigos... A decisão sempre é pessoal. Você precisa dizer: Eu quero! Então, Jesus entra. Ao abrir a porta do coração, Jesus entra e começa a ocupar o espaço. É um processo que tem um começo, uma decisão, a qual, volta e meia, precisa ser renovada.
Segundo! Outro detalhe importantíssimo é a questão da comunhão. Muitos tomam e primeira atitude e esquecem da segunda. Convidam Jesus para entrar, mas não mantém a comunhão. A caminhada de Emaús tem como ponto alto a mesa da comunhão, onde Jesus reparte e distribui o pão. Houve conhecimento no caminho, reconhecimento na mesa e vivência, tanto em Emaús, bem como depois no compartilhar alegre em Jerusalém. Aceitar a Jesus e não viver em comunidade é morte certa na vida espiritual. O que acontece na comunhão? O coração e a fé são constantemente reaquecidos. A Palavra de Deus nos molda, corrige e incentiva na continuação da caminhada e também no testemunho eficaz.
Chegando ao fim do sermão! Agradeça a Deus pela história que Ele tem contigo. Agradeça por tudo o que Ele já fez, faz e ainda fará. Há muito trecho pela frente, melhor que seja ao lado de Cristo. Se você ainda não tomou a atitude, convide Jesus para entrar. Se você tem dúvida, coragem. Se necessário, converse com alguém mais maduro. Você verá que tudo vai melhorar na tua vida. Ou, ao menos, vai ficar mais claro. Se você me diz: Já está bom. Eu vivo com ele. Não esqueça da vida em comunidade, do partir do pão. Eu sei que há dificuldades devido ao Covid, que é compreensível. Se puder, venha e participe presencialmente das atividades. Mas, caso não seja possível, acompanhe as programações virtuais, as quais são feitas de coração. E, principalmente, coopere e ore pelo fim da pandemia. Amém!
