Quantas são as vezes que nos sentimos desanimados, sem esperanças, inseguros, impotentes, com medo, com duvidas, sem autoridade?
Vivemos em uma tensão constante entre a exigência do mercado de trabalho, na luta para sobreviver, e a vida em comunhão com os irmãos e irmãs na fé.
Ao ir e ao voltar do trabalho, escola, igreja... passamos pelo transito violento que muitas vezes produzem morte.
Vemos tantas pessoas sem comida, teto, roupas... pessoas pedindo nos ônibus, estações, semáforos; e tantas outras pessoas que morrem de fome e firo.
Sentimos medo! Medo de não conseguir competir; medo da violência que está no mundo... Sentimos duvidas! Duvida de que Deus possa atuar neste mundo. Sentimos a ausência de Deus, de entendimento, do amor, da paz, da justiça...
E além disto, fazemos parte deste mundo e deste sistema.
Acho que todos conhecem o ditado que diz: se parar o bicho pega e se correr o bicho come.
Assim, como auto defesa, construímos paredes, trancamos as portas, nos isolamos do mundo e dos outros com medo.
Seria esta a solução para o medo, para a violência do mundo, para nossas duvidas, para a ausência de paz, justiça, amor, para a insegurança?
Vejamos o que está escrito em João 20.19-23.
“19 Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco!
20 E, dizendo isto, lhes mostrou as mãos e o lado. Alegraram-se, portanto, os discípulos ao verem o Senhor.
21 Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio.
22 E, havendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.
23 Se de alguns perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; se lhos retiverdes, são retidos.”
Neste texto, os discípulos também se encontravam trancados, com medo da violência que levara à morte Jesus e que poderia lhes levar à morte também. Quem sabe, até estavam decepcionados, desanimados, sem esperanças, inseguros, com duvidas, sem saber o que fazer. Seu mestre tinha morrido! E agora? Teria acabado também o plano de uma vida nova, de um novo Reino? Jesus teria sido um impostor? Era difícil entender o que havia acontecido e o que passava pela cabeça dos discípulos.
E, como vemos no versículo 19 e 20, é para dentro desta realidade e deste mundo que Jesus põe-se no meio deles, deseja a paz mostra a eles as cicatrizes de sua morte violenta.
Os discípulos se regozijaram, ou seja, tiveram una alegria enorme ao saber que Jesus vive e está no meio deles. Alegraram-se por ter a certeza da ressurreição, por sentir a presença de Jesus. Sim, agora tinha sentido!
E o texto continua dizendo que Jesus lhes enviou como o Pai o enviou ao mundo e lhes capacitou com o Espírito Santo lhes fazendo partícipes da mesma força de vida do próprio Jesus. E Jesus concedeu aos discípulos a autoridade de perdoar e reter pecados.
É para dentro de nossa realidade que Jesus Cristo ressuscitou, nos faz partícipe de sua vida e nos capacita a atuar neste mundo pelo Espírito Santo. Ele concede a autoridade de perdoar e reter pecados. Ao ter certeza disto o medo cede espaço para o regozijo, a duvida cede espaço para a certeza da ressurreição e da presença viva de Jesus Cristo no nosso meio, a insegurança cede espaço para a segurança da ação do Espírito Santo e a incapacidade cede espaço para a capacitação do Espírito Santo com a autoridade concedida por Jesus mesmo.
Mas, que significa atuar no mundo, perdoar e reter pecados?
Para que haja paz e justiça movida pelo amor é necessário a ação concreta do perdão. É necessário saber perdoar e dar uma nova opção. Mas também, é necessário que se denuncie aqueles que não querem que haja a paz.
Jesus capacita todos nós na certeza da ressurreição, com o Espírito Santo, para atuar no mundo pela paz, pela justiça e em amor, perdoando e retendo pecados.
P. Alberto Gallert - Paróquia da IECLB na Paróquia de Santos/SP