Eis o Messias!

01/10/2021

 

Reflita comigo na seguinte situação. Você está junto aos teus amigos num bate-papo bem descontraído. De repente você pergunta: Quem sou eu para vocês? O que você ouviria de resposta? Se a tua esposa (ou marido) perguntasse quem ela (ou ele) é para você? Como identificamos as pessoas que nos cercam? A pergunta não é sem sentido. A indagação nos leva à reflexão e valorização daqueles que nos cercam. O que vale ter um pai ou uma mãe? Muito só percebem o valor depois da partida. O que vale ter um filho (ou filha)? Então, o evangelista Marcos (também Mateus e Lucas) destacam o momento onde Jesus questiona aos seus discípulos sobre a sua própria pessoa. Vale destacar que, somente agora, eles reconhecem – mesmo que parcialmente – a real missão de Jesus. Ouçam com atenção o que nos diz o Evangelho em Marcos 8, versos 27 a 30...

JESUS E OS SEUS DISCÍPULOS SE DIRIGIRAM AOS POVOADOS PRÓXIMOS DE CESARÉA. NO CAMINHO, ELE LHES PERGUNTOU: QUEM O POVO DIZ QUE EU SOU? ELES RESPONDERAM: ALGUNS DIZEM QUE VOCÊ É JOÃO BATISTA. OUTROS, ELIAS OU UM DOS PROFETAS. JESUS CONTINUOU: MAS, VOCÊS? QUEM VOCÊS DIZEM QUE EU SOU? ENTÃO, PEDRO RESPONDEU: VOCÊ É O CRISTO. JESUS OS ADVERTIU QUE NÃO FALASSEM A NINGUÉM A SEU RESPEITO.

Uma longa e proveitosa caminhada a pé. Eram 40 km entre Betsaida e Cesárea. Um bom tempo de conversa, questionamentos e descobertas. Quem sabe por curiosidade, mas também abrindo as portas ao diálogo mais profundo, Jesus questiona de como anda seu “IBOPE” com o povo. Afinal, como eles me veem? Jesus sabia que os escribas e fariseus o viam como um “perturbador”, que os constrangia com frequência sobre o abuso da lei. Eles não conseguiam crer que Jesus foi enviado por Deus para corrigir as distorções e mal-uso da lei. “Crer ou não crer” era o real sentido da pergunta do Mestre. Eu sei o que pensam os sacerdotes. Mas, o povo me vê como enviado dos céus ou não? Para sua surpresa, escuta uma resposta ambígua, evasiva e superficial: Você é um fantasma! Como? Sim! O povo o identifica como João Batista, Elias, Jeremias ou outro profeta, todos mortos, que podem ter voltado à vida em Jesus.

O que significa isso? De fato, o povo não tinha noção da missão de Jesus como Salvador do mundo. Eles apenas enxergavam os benefícios terrenos do Mestre que falava das coisas de Deus, ensinando, curando e operando sinais... Mas, com certeza, também atinam para algo além. Algumas vezes, eles destacaram que Jesus tinha uma autoridade incomum e amava, sempre amava, mais e mais. Isso o difere de todos os demais citados. O jeito de ser de Jesus não só incomodava a elite religiosa, mas também deixava o povo com “uma pulga atrás da orelha”. Mesmo, os discípulos não tinham muita certeza a quem seguiam. Que era um sujeito diferenciado, sim. Mas, o Messias?

Dentro da cultura judaica havia a expectativa de que viesse o Messias para redimi-los dos poderes deste mundo. Por ser descendente de Davi, havia a esperança de que Jesus passassem de pregador revolucionário ao poder político. Eles se frustraram quando Jesus virou as costas ao povo ao ser indicado como “novo rei”. Até mesmo na Ascensão, eles ainda ousaram questionar: Quando virá o teu reino? Os romanos ironizaram sua morte com a placa: “Rei dos Judeus”. Infelizmente, demorou muito para que os discípulos entendessem que tipo de Messias Jesus era. Aliás, ainda é assim demorado para entendermos o que Jesus representa e faz em nossa vida.

Por isso é que Jesus questiona: Quem sou para vocês? A mesma pergunta vale ainda hoje àqueles que me escutam (ou leem): Quem é Jesus para ti? Pedro o identificou como Messias. Na tradição judaica é a pessoa escolhida (ungida) para salvar o povo. Eles queriam um político. Jesus, entretanto, assume o papel de “sacrifício”. O alvo não é ser engrandecido pelo poder humano, mas a entrega pela vontade de Deus. O alvo não é conquistar na marra o palácio, mas com humildade o coração. A atitude de Jesus foge à regra humana. Vai na contramão. Consequentemente, nem sempre entendemos e conseguimos aceitar. Para entender a missão de Jesus é preciso reconhecer a miséria que vivemos, que não somos nada longe de Deus, que só Jesus pode nos resgatar.

Pedro reconheceu o Salvador somente após negá-lo no pátio do palácio e chorar amargamente. Nesse momento é que reconheceu o verdadeiro amor que o resgata, redime e levanta do pó. O evangelista Mateus faz questão de destacar na sequência do diálogo que Pedro é pedra, que a partir de sua descoberta a igreja será estabelecida. Por isso, é bem-aventurado todo aquele que reconhece a Jesus como Salvador. É a maior descoberta que alguém pode fazer na sua vida. É entender o amor de Deus por meio de Jesus, entregando a vida em suas mãos. Tal descoberta precisa ser vivida e proclamada em todos os cantos do mundo, para que outros também entendam e se entreguem ao Salvador.

Todavia, naquele exato momento do ministério de Jesus, ele pede “silêncio”. A caminhada não era apenas até Cesárea. A jornada até à cruz em Jerusalém levaria ainda alguns meses. O processo não deveria ser apressado ou provocado de maneira raivosa. Até mesmo os próprios discípulos - que só agora disseram “é o Messias” - precisavam compreender melhor o ministério de Jesus como o “cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.

Concluo o momento de sermão pedindo que você reafirme sempre de novo sua fé, dizendo em qual Deus você crê. Igualmente, não tenha medo de assumir-se como um fraco pecador. Somente no reconhecimento de quem sou é que posso valorizar o ato salvador de Cristo. Como igreja, diferentemente do que fazem muitas denominações e pessoas religiosas que buscam o poder político, vamos aproveitar o tempo que nos resta para, com humildade, aprende sempre mais e entregar-se a Jesus, deixando que o seu amor tome conta do nosso ser, servindo-o com amor em todas as oportunidades. Tal qual os discípulos, estamos numa caminhada, conhecendo e reconhecendo nosso Salvador. Amém!

O sambista José “Bezerra da Silva” nasceu no Recife em 1927. Fez de tudo um pouco na vida até descobrir a música. Tocava percussão e instrumentos de sopro. Somente em 1970 gravou seu primeiro disco. Sua música sempre foi considerada “marginal”. Nos últimos anos de vida, tornou-se “evangélico” e passou a cantar música sacra, donde sai o testemunho cantado “Achei Jesus”. Faleceu no Rio em 2005.
 


Autor(a): P. Euclécio Schieck
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense / Paróquia: Garuva-SC (Martinho Lutero)
Testamento: Novo / Livro: Marcos / Capitulo: 8 / Versículo Inicial: 27 / Versículo Final: 30
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 64558
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