Edificação de comunidade a partir do Batismo - Proposta de um modelo de comunidade batismal

Artigo

05/05/2005

No Batismo forma-se a Igreja. A Igreja é a assembleia das pessoas batizadas. O Batismo é o início da vida cristã. No entanto, não deve ser compreendido apenas como o início, mas como o centro da vida cristã e, também, como o horizonte da prática da Igreja, já que o Batismo nos insere na promessa da salvação. Esta salvação se realizou na obra de Cristo, mas tem efeito hoje e no futuro, através da ação do Espírito Santo, que anima sua Igreja na construção do reino de Deus.que já é experimentado agora, mas se completa no futuro. Portanto, a comunidade que não se entende como comunidade batismal não dá importância à salvação dada no Batismo. No centro da comunidade devem estar o Batismo e a Ceia do Senhor, que se complementam.

Batismo, educação e diaconia

A educação batismal não é apenas para batizandos, mas também para todas as pessoas batizadas. Para crianças, jovens e adultos. A educação batismal se relaciona com a conscientização do significado do Batismo em nossas vidas e com o aprendizado e a reflexão sobre os temas vinculados ao Batismo: fé, graça, Deus, salvação, bênção, amor fraterno, partilha, ação e responsabilidade social.

Por isso, o modelo de educação que apresento é um modelo de educação contínua, da infância à fase adulta.

De início é importante trabalhar na comunidade a importância e centralidade do Batismo na vida cristã. Isto pode se dar em ciclos de palestras, em cultos que tematizem o Batismo, em conversas com o presbitério, em reflexões nos grupos da comunidade, onde se pode recordar o Batismo, falando do seu significado, da sua relevância na atualidade e de seus benefícios e compromissos.

Recomenda-se o uso da água no trabalho com temas teológicos vinculados ao Batismo, como a incorporação na Igreja, morte e ressurreição da nova pessoa em Cristo, perdão dos pecados, recepção do Espírito Santo.1 Bom é haver um símbolo que tenha relevância e mostre a atualidade do Batismo em nossas vidas (este símbolo depende de aspectos culturais marcantes em cada comunidade), como, por exemplo: uma porta, uma fita que todos têm e que a pessoa batizada recebe.

Após essa conscientização das pessoas sobre o Batismo, sugerimos o planejamento de ações de uma comunidade batismal. Para isso, não é conveniente que o ministro ou a ministra reflitam a sós. Sugiro um grupo para traçar ideias e caminhos. Seria uma espécie de pastoral do Batismo.2 Essa pastoral pode ser composta por representantes dos grupos da comunidade e o ministro ou a ministra. A partir desse grupo seriam definidas as seguintes questões:

a) uma liturgia batismal que seja consistente e considere as redescobertas no campo da ciência litúrgica;3

b) a proposta de cultos batismais especiais. Minha sugestão é de que sejam realizados dois cultos batismais especiais no ano litúrgico. Um deles aconteceria necessariamente na Páscoa, para ressaltar a intrínseca relação entre Batismo e ressurreição; o outro dia seria definido pelo grupo, podendo realizar-se, por exemplo, na Epifania ou em Pentecostes;

c) a forma de preparação ao Batismo. É preciso elaborar cursos batismais bem planejados, que se realizem durante um certo período anterior aos cultos batismais programados. Esses cursos podem ser realizados em módulos que se repetem e permitem a participação de pessoas que se candidatem em datas diferentes. No caso de adultos, seria estimulada a participação em grupos da comunidade e nos cultos (onde essas pessoas seriam previamente apresentadas como candidatas ao Batismo). Em se tratando de crianças, sugerimos a participação dos pais em grupos e no culto regular e a iniciação da criança em grupos infantis (culto infantil, juventude mirim ou outros,conforme a idade da criança);

d) a proposta do padrinho ou madrinha da comunidade. Os pais indicariam padrinhos e madrinhas de sua escolha (pessoas cristãs,das quais pelo menos uma deveria ser membro da igreja na qual a criança é batizada). Adicionalmente, a pastoral do Batismo nomearia um padrinho ou uma madrinha da comunidade. Sua função seria acompanhar a pessoa a ser batizada ou seus pais durante a preparação para o Batismo, testemunhando sua participação ativa (ou não) na comunidade; posteriormente, acompanharia também a continuação da sua educação na vida de fé.

Culto infantil e juventude mirim

A educação contínua segue as diferentes etapas do ciclo da vida. No início da vida cristã há o culto infantil. Este é caracterizado pelo ensino de histórias bíblicas, pela formação de valores nas crianças a partir da ética cristã. Ele acontece paralelamente ao culto regular, conduzido por pessoas orientadas pelo ministro ou pela ministra. Aborda temas predeterminados, repetindo os mesmos ciclicamente, talvez conforme o ano litúrgico. O culto infantil também pode ser realizado em outro horário. Dessa forma, as crianças podem estar presentes no culto regular, participando, inclusive, na Ceia. É importante enfatizar no culto infantil os mesmos temas trabalhados pela comunidade nos cultos e nas programações regulares. No espaço de trabalho com as crianças é muito válida a experiência de convivência com outras crianças e de brincadeiras.

Dessa maneira, pais e filhos trabalham os mesmos temas, cada qual segundo as suas condições de cognição. Para as crianças é necessária uma abordagem lúdica, envolvendo atividades práticas que acionem os seus sentidos. Desenhos e brincadeiras com elementos simbólicos são importantes nesse processo. Para o período após a infância, no início da puberdade, propomos um grupo de juventude mirim, no qual se aplicam novas formas de abordagem pedagógica, guardando sempre consonância com os temas trabalhados na comunidade como um todo.

Ensino confirmatório ou catequese

O próximo passo é o ensino confirmatório ou catequese, no qual a participação se torna mais intensa. Particularmente não considero necessário abolir o ensino confirmatório. Julgo importante que o repensemos. O ensino confirmatório deixa de fazer jus às exigências educacionais do Batismo, se for o único espaço de ensino cristão na comunidade. Deve estar entrelaçado com o ensino contínuo da comunidade. O ensino confirmatório é um espaço riquíssimo. De um lado, manifesta a consciência coletiva de que é necessária a participação de filhos e filhas, afilhados e afilhadas na vida da Igreja. De outro, numa perspectiva antropológica, exerce função importante como rito de passagem da infância para a puberdade. Além de ser espaço de ensino, contempla também a necessidade humana de ritualizar a transição entre diferentes fases da vida. Para o ensino confirmatório, utiliza-se um plano de temas bem específicos, que sejam centrais para a fé cristã e reflitam sobre o ser Igreja na atualidade. No decorrer do ensino confirmatório, iniciam a conexão e integração dos confirmandos e das confirmandas com o grupo de jovens da comunidade.


Grupo de jovens

O grupo de jovens tem um papel diaconal importante. Além de dar continuidade ao trabalho com temas importantes da fé, deve estimular bastante a participação ativa dos e das jovens na vida da comunidade, dando-lhes responsabilidade e oportunidade de participação em conselhos e atividades. É relevante a promoção de ações práticas, como campanhas de auxílio, voluntariado, visitação. Assim, a diaconia seria a bandeira dos jovens. Este tipo de engajamento, como elemento de educação cristã, auxilia na formação de pessoas conscientes de sua responsabilidade social e também no aprendizado do amor cristão.

É importante um trabalho de formação de lideranças, de envolvimento ecuménico, de contribuição e atuação interparoquial com outros grupos de jovens, promovendo atividades conjuntas, como retiros, passeios, campanhas, viagens, atividades esportivas, celebrações de cunho religioso e festividades que contemplem as necessidades da juventude, dentro de parâmetros de responsabilidade, os quais não seriam impostos, mas formados a partir da própria consciência desses jovens.

Jovens adultos e casais jovens

À juventude segue-se a fase jovem-adulta e universitária. Nessa etapa da vida, prossegue o trabalho de conscientização do ser batizado e suas consequências diaconais. Contemplam-se as necessidades características desta fase da existência, como dificuldades com a vida acadêmica, as novas descobertas que dela resultam, a vida profissional, a questão do desemprego, a vida de recém-casados, a experiência da paternidade e maternidade. Para tanto, é necessário haver um grupo de confiança, de apoio, no qual pessoas façam parte ativa da vida das outras. Este é um bom espaço para a construção (que já vem da juventude) de amizades firmes, consistentes, nas quais impera o amor fraternal cristão. Torna-se mais difícil dar continuidade a uma ação diaconal intensa, já que as responsabilidades fora da Igreja aumentam. Contudo, essas pessoas batizadas já desenvolveram uma consciência de que são chamadas a agir conforme aquilo com que se comprometeram no Batismo.ou seja, a exercitar seus dons recebidos no Batismo, dádivas do Espírito, também no ambiente fora da Igreja, em suas vidas, na sua postura ética e na sua responsabilidade social.

Mulheres na Igreja

Conforme as características de cada comunidade, os grupos que vêm posteriormente poderiam variar. Um dos espaços que deveria ser considerado é o das mulheres, as quais, me arriscaria a dizer, sustentam como um pilar a nossa Igreja,4 por sua intensa participação e disposição. Talvez, três seriam os espaços para reunir mulheres: um grupo de não-casadas, ou singulares, com viúvas, divorciadas ou solteiras; um grupo de senhoras, o sustentáculo das nossas igrejas, de onde surge o maior impulso para o trabalho social, a diaconia e a participação nas comunidades; e, quem sabe, um grupo de terceira idade, o qual criaria um espaço de reflexão sobre a vida e abordaria a fase da velhice com brincadeiras, descontração e muita reflexão sobre a Palavra.

Grupo para senhores

Este seria como a Legião Evangélica da IECLB.5 É um espaço para o estudo e o exercício de relações sadias na fé, as quais se desdobram em ação social. A partir daí, mas também em conjunto com a atuação das mulheres, a fé cristã é praticada na sociedade, através da atuação em diversas esferas: em meio ao empresariado; em programas consistentes e regulares de ajuda a pessoas necessitadas; no auxílio ao ensino profissionalizante de jovens sem perspectiva; na participação voluntária de profissionais da comunidade em creches, escolas, grupos de apoio a pessoas portadoras de HIV/AIDS,a desempregados, a pessoas portadoras de deficiência; no auxílio jurídico, administrativo, médico, psicológico. Mulheres e homens são estimuladas e estimulados a disponibilizarem voluntariamente seus dons, sua vocação (Beruf), conforme Lutero, na construção de uma comunidade batismal que exercita os dons do Espírito na prática diaconal.

Trabalho pastoral

Na área pastoral, a comunidade batismal presta apoio a pessoas enfermas, enlutadas, marginalizadas, leva aconselhamento e auxílio relativos aos problemas quotidianos, sobretudo numa perspectiva espiritual.

Acrescenta-se, ainda, a ênfase na missão e na visitação. Para tanto contribuiria a criação de um grupo de visitadores e visitadoras, que teriam duas funções:

a) visitar pessoas impossibilitadas de frequentar a comunidade, levar-lhes a Palavra, a Ceia, a memória do Batismo e a companhia despretensiosa; também buscar membros novos, ou que não estão mais ativos na comunidade, procurar mostrar a essas pessoas a sua importância para a vida da comunidade e para Deus, oferecer-lhes oportunidade de participação na comunidade e consolá-las em suas fraquezas;

b) um projeto mais ambicioso, reunir pessoas por região. Penso em algo como uma igreja itinerante, ou uma igreja por núcleos. Seriam formados grupos ou núcleos por proximidade, que teriam suas casas como ambiente para cultos, espaço para o ensino e para a evangelização. Seria uma igreja mais descentralizada, que teria a oportunidade de congregar a todos e desenvolver uma missão muito eficiente para fora de suas fronteiras. Para isso, seria importante uma formação de liderança consistente.

Por existir uma ligação tão estreita entre Batismo, educação e diaconia, é fundamental o exercício do sacerdócio universal de todas as pessoas crentes - leigas e ordenadas, nas áreas pastoral, diaconal e catequética,6 atuando juntas - cada qual conforme a sua peculiaridade, sem hierarquia de umas sobre as outras.


Culto, a reunião da comunidade

O culto é o evento mais importante na vida da comunidade. Aqui converge toda a ação comunitária pastoral, educativa e diaconal. O culto é o motor da comunidade.onde as pessoas se nutrem da Palavra do Deus vivo, celebram o evento da morte e ressurreição de Jesus Cristo, se alimentam do seu corpo, bebem do seu sangue, em memória do Salvador. Esta memória se faz vida, enchendo de ânimo as pessoas batizadas, através da presença vivificadora do Espírito Santo.

No culto, as pessoas podem ser recordadas de sua aliança batismal, sendo motivadas, a partir dessa recordação, para o seu papel evangelizador, educativo, e para a sua vocação de serem luz no mundo, cumprindo seu compromisso diaconal. Por isso, é importante a realização de cultos de recordação do Batismo. Esses cultos visam recordar as promessas de Deus no Batismo e os compromissos assumidos pelas pessoas batizadas, padrinhos e madrinhas, pais e toda a comunidade. São um espaço adequado para receber com carinho membros novos e pessoas transferidas de outras comunidades, para celebrar a confirmação, para concluir cursos de profissão de fé, entre outras ocasiões que se relacionam tematicamente com uma (re)iniciação na vida cristã. Em tais cultos, é importante acionar os sentidos das pessoas, trabalhando com a água, traçando o sinal da cruz, símbolo da pertença a Cristo, no peito, na testa ou na mão. O uso de velas é importante para a recordação do caráter diaconal do Batismo. Outros símbolos, como alianças, também podem ser significativos. Esses cultos, que ficam sob a responsabilidade da pastoral do Batismo e de um grupo de liturgia, encerram com a Ceia do Senhor. A relação entre esses dois sacramentos precisa ficar bem evidenciada.

No culto, as pessoas cristãs unidas no corpo de Cristo a partir do Batismo exercem sua função de orar pelo mundo e interceder por quem está em necessidade. É pertinente a criação de um grupo de oração, cuja função seria coletar pedidos de orações nos outros grupos da comunidade e junto ao pastor ou à pastora.

Cabe re-imaginarmos o culto batismal, a partir de uma nova consciência do significado do Batismo. Devemos ser sensíveis nas mudanças a serem realizadas no culto batismal; contudo, não podemos deixar de experimentar e, aos poucos, acrescentar aspectos que são importantes para um culto de Batismo.

Consideramos os seguintes elementos imprescindíveis:

- Os cultos de Batismo serão cultos especiais, realizados em datas escolhidas, nos quais normalmente serão batizadas diversas pessoas.

- A pia batismal é central na liturgia de Batismo e deve estar visível.

- A liturgia batismal terá os seguintes componentes:

a) apresentação dos e das candidatas;

b) recordação da justificativa clara para o Batismo;

c) procissão que leva a água à pia, de forma visível;

d) compromisso de pais, padrinhos, madrinhas e comunidade de levar a bom termo a educação batismal dos/as batizandos/as;

e) renúncia ao mal, em termos contemporâneos como renúncia ao descaso com a pobreza, maldade, corrupção, violência, etc.

f) profissão de fé das pessoas batizandas e da comunidade;

g) oração sobre a água, com toque na água e epiclese;

h) o ato batismal com abundância de água, com o toque físico no rosto da pessoa e talvez também o sinal da cruz sobre seu corpo;

i) oração com imposição das mãos e oração pelos dons do Espírito Santo, culminando na selagem com óleo e o sinal da cruz;

j) colocação de vestes brancas;

k) bênção dos pais e dos padrinhos e madrinhas;

l) oferecimento da vela batismal e do certificado de Batismo a todos os responsáveis e à pessoa batizada;

m) acolhida na comunidade, com presente de recordação (flores, Bíblia, etc.);

n)a partilha do gesto da paz (que também pode ser realizada na Ceia do Senhor);
o) oração de intercessão pelas pessoas batizadas, por seus familiares, padrinhos e madrinhas; bênção à comunidade e envio ao mundo. Para tanto, todas as pessoas que puderem trazer suas velas batismais ao culto podem acendê-las no círio pascal:

p) no culto batismal celebra-se a eucaristia, encerrando o culto com bênção e envio ao mundo.

Todos estes elementos litúrgicos devem ser realizados com muita naturalidade, descontração e uma consideração sensível por todas as pessoas. A música exerce um papel muito importante no culto e deve ser tratada com muita atenção. É necessário se preocupar com o conforto das pessoas e o cuidado com pessoas idosas e portadoras de deficiência.

Felipe Gustavo Koch Buttelli é estudante de Teologia na EST e bolsista de iniciação científica da FAPERGS.

Notas:

1. Gottfried BRAKEMEIER, Batismo perdão dos pecados vida em Cristo, nos oferece uma boa reflexão sobre os significados teológicos do Batismo.
2. Werner KIEFER, Uma pastoral do Batismo Experiência na Comunidade Evangélica de Joinville/SC. Pastoral do Batismo.
3. Eugene BRAND, Batismo uma perspectiva pastoral e James F.WHITE, Introdução ao culto cristão.
4. A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).
5. Cf. a nota anterior.
6. A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil reconhece quatro ministérios ordenados: o pastoral, o diaconal, o catequético e o missionário.
Senhoras da OASE: sempre envolvidas no trabalho social da igreja.


Referências bibliográficas
1. BRAND, Eugene. Batismo - uma perspectiva pastoral.São Leopoldo:Sinodal, 1982.
2. BRAKEMEIER, Gottfried. Batismo - perdão dos pecados - vida em Cristo. São Leopoldo: CRL, 2004. (texto avulso).
3. EQUIPE TEAR. Batismo em pauta. Tear
liturgia em revisto,São Leopoldo.n. 17,p.3-12, ago.2005.
4. KALMBACH, Pedro. Bautismo y educación Contribuciones para el actuar pedagógico comunitário. Buenos Aires:el autor,2005.
5. KALMBACH, Pedro; MANSK, Erli; OSTROWSKY, Carla. Batismo e educação. Tear - Liturgia em revisto, São Leopoldo, n. 12, p.8-l6,dez.2003.
6. KIEFER. Werner. Uma pastoral do Batismo - Experiência na Comunidade Evangélica de Joinville/SC. Pastoral do Batismo. Teor -Liturgia em revista, São Leopoldo, n. 16, p. 13-16, maio 2005.
7. KIRST, Nelson (Coord.).Guia de orientação para a prática do Batismo. São Leopoldo: CRL, 2001. (texto avulso).
8. VOLKMANN.Martim.Lutero e a educação. In: DREHER, Martin (Org.). Reflexões em torno de Lutero. São Leopoldo: Sinodal, 1984. v.2,p.93-106.
9.WHITE, James. Introdução ao culto cristão. 2.ed. São Leopoldo: Sinodal, 1997.


Trechos da Catequese pré-batismal 9, de Grilo de Jerusalém, sobre as seguintes palavras do Credo:

Criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis.

Contemplar a natureza divina com os olhos carnais é, pois, impossível. Mas podemos chegar, a partir das obras divinas, ao conceito do poder [de Deus], segundo o que diz Salomão: Pois é a partir da grandeza e beleza das criaturas que, por analogia, se contempla seu autor. Não diz ele que a partir das criaturas se vê o Criador, mas acrescentou: por analogia. (...) Quem é o pai da chuva? Quem forma as gotas de orvalho? Quem adensa o ar em nuvens? Quem as acumula ora num todo e logo as separa nas formas mais bizarras e caprichosas? (...) Quem, como já disse, formou as gotas de orvalho? Do ventre de quem procede o gelo? (...) Às vezes,a água se faz neve como lã, outras vezes, espalha a geada como cinza e ainda é convertida em matéria dura como pedra, porquanto Deus dirige a água como lhe apraz. (...) Que, pois, se faz necessário? Blasfemar o Criador, ou antes adora-lo? E por ora não estou falando dos mistérios ocultos da sua sabedoria. Considera a primavera e as flores mais variegadas que na sua semelhança tomam formas tão diferenciadas: o rubor da rosa e a brancura resplendente do lírio! Um e outro se formam da mesma chuva e brotam da mesma terra. Quem, pois gera a diversidade? Quem o que cria? Contempla a exatidão: de uma e mesma árvore se forma a cobertura protetora e os mais diversos frutos. E um é o artista. (...) Da mesma terra provêm os répteis, as feras, o gado, as árvores, os alimentos, o ouro, a prata, o bronze, o ferro e a pedra. (...). Eis o mar, imenso e vasto, onde sem conta se agitam répteis. Quem poderia expor a beleza dos peixes que nele habitam? (...) Quem é capaz de pesquisar a natureza das aves do ar? Algumas têm a língua perita em cantar, outras têm as mais variegadas penas; umas voam no meio do ar e param imóveis (...).Se, portanto, não podes compreender a ave irracional que se eleva, como pretendes entender o Criador do universo? Quem dos homens conhece ainda quais sejam os nomes de todos os animais? Ou, quem lhes pode penetrar a fisiologia? Se, pois, nem conhecemos os nomes dos animais, como compreenderíamos seu Criador? (...) Talvez estas coisas não te sejam conhecidas ou não te interesses pela natureza que te rodeia. Então, entra em ti mesmo e pela tua própria natureza chega ao conhecimento do Artífice. (...) Quem foi que preparou as mães para a parturição? Quem nelas animou o inanimado? Quem nos conectou com ossos e nervos, com pele e carne nos envolveu? E, logo que a criança nasce, faz brotar das mamas a fonte de leite? Como a criança se torna menino, este jovem e, a seguir, homem adulto? E como o homem se faz ancião? (...) Dobra piamente os joelhos ao Autor de tudo, digo, as coisas sensíveis e inteligíveis, visíveis e invisíveis, com palavras de gratidão e louvor! Com lábios incansáveis glorifica e bendize o Senhor: Quão admiráveis, Senhor, são as tuas obras! Fizeste-as todas com sabedoria. A ti convém honra, glória e magnificência agora e pêlos séculos dos séculos. Amém. (Catequese pré-batismal 9,2 -16)

 

Frases em destaque:

A COMUNIDADE QUE NÃO SE ENTENDE COMO COMUNIDADE BATISMAL NÃO DÁ IMPORTÂNCIA À SALVAÇÃO DADA NO BATISMO.

O ENSINO CONFIRMATORIO DEIXA DE FAZER JUS ÀS EXIGÊNCIAS EDUCACIONAIS DO BATISMO SE FOR O ÚNICO ESPAÇO DE ENSINO CRISTÃO NA COMUNIDADE.

ALÉM DE DAR CONTINUIDADE AO TRABALHO COM TEMAS IMPORTANTES DA FÉ, O GRUPO DE JOVENS DEVE ESTIMULAR BASTANTE A PARTICIPAÇÃO DOS E DAS JOVENS NA VIDA DA COMUNIDADE.

POR EXISTIR UMA LIGAÇÃO TÃO ESTREITA ENTRE BATISMO, EDUCAÇÃO E DIACONIA, É FUNDAMENTAL O EXERCÍCIO DO SACERDÓCIO UNIVERSAL DE TODAS AS PESSOAS CRENTES.

O CULTO É O EVENTO MAIS IMPORTANTE NA VIDA DA COMUNIDADE. AQUI CONVERGE TODA A AÇÃO COMUNITÁRIA PASTORAL, EDUCATIVA E DIACONAL

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Autor(a): Felipe Gustavo Koch Buttelli
Âmbito: IECLB
Título da publicação: Crianças na Ceia do Senhor / Ano: 2008
Natureza do Texto: Artigo
ID: 14012
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Assim, outros carregam o meu fardo, a força deles é a minha. A fé da minha Igreja socorre-me na perturbação. A oração alheia preocupa-se comigo.
Martim Lutero
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