Ecumenismo a serviço da Vida

Artigo

01/06/2003

A busca da unidade das igrejas e o diálogo entre as confissões religiosas exigem perseverança e paciência. A jornada visando à construção de relacionamentos no decorrer da história do ecumenismo revelou várias ênfases. O contexto social, político, cultural, a espiritualidade e a prática da piedade exigem essa variedade de acentos. Ora o destaque tem sido na ação prática em favor do povo de Deus, colocando acentos no trabalho conjunto e priorizando questões relacionadas à ética, política ou ao meio ambiente. Ora a ênfase recai sobre a reflexão teórica e dogmática.

A tarefa ecumênica é dar atenção às divergências doutrinais que nos acompanharam no decorrer da história criando, por vezes, sérios conflitos, ao mesmo tempo, diálogo ecumênico não pode descuidar-se das questões que desafiam pessoas cristãs a partir da vida. A prática ecumênica, nesses últimos meses tem mostrado um empenho conjunto muito grande em favor da paz contra todo tipo de agressão e de violência. Olhamos conjuntamente com preocupação e nos posicionamos de forma profética e crítica diante da política de guerra desenvolvida e defendida pelo Império norte americano no Iraque, por exemplo. Celebramos e compartilhamos liturgias, lançamos manifestos, organizamos passeatas a favor da paz e da vida, contra todo tipo de destruição. A paz no mundo, bem como a situação calamitosa no Brasil em função da fome, da miséria e da violência, sobretudo urbana, assim como a violência no trânsito e contra crianças e adolescentes vítimas de abusos, exigem esforços conjuntos e manifestações claras como sinal da vocação cristã à paz e à vivência do ministério de reconciliação. O empenho pela unidade cristã não pode ser tão somente algo teórico que sucede entre teólogos especialistas. É preciso que se torne visível em sinais concretos que servem à preservação da vida da criação. Outra atividade prática que tem motivado as comunidades, suas lideranças, padres e pastores/as tem sido a Semana de Oração pela Unidade dos cristãos. A oferta de pentecostes, presença do Espírito Santo anima o povo de Deus para celebrações conjuntas. A torre de Babel dispersou o povo, o Espírito Santo de Deus aproxima, une e reúne.

Continuam bloqueios e dificuldades que se interpõem na caminhada da unidade entre as igrejas. Lembram de divergências doutrinárias históricas que dificultam a aproximação e cooperação das estruturas das instituições. Existem muitos exemplos bonitos de fraternidade ecumênica, sendo esta a vontade de Deus, porém há iniciativas que nem sempre são assimiladas pelas estruturas institucionais. A aproximação das estruturas eclesiásticas permanece sendo um desafio do Evangelho e da própria missão de Deus, que requer cooperação. A vivência prática do ecumenismo, assim como o imperativo da unidade desafiam a iniciativas corajosas sem que se perca a qualidade das igrejas particulares. A chama do ecumenismo e a sua conseqüência prática não deveriam passar ao largo das instituições eclesiais. Se assim for, corremos o risco de vivermos a fraternidade ecumênica à parte das estruturas eclesiásticas. Orar pela unidade é sinal a indicar disposição de sermos alimentados no desejo de vivência ecumênica. A oração por unidade é expressão de humildade que reconhece o pecado das separações e a total dependência da graça e da fidelidade de Deus. Na realidade, vertentes que nos animam a investirmos no caminho da fraternidade ecumênica, vocação do Evangelho que mexe com as igrejas e com os cristãos.

Manfredo Siegle
pastor sinodal do Sínodo Norte-catarinense
da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
em Joinville - SC
Diosece Informa - 06/2003
 


Autor(a): Manfredo Siegle
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense
Área: Ecumene
Natureza do Texto: Artigo
ID: 8688
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