23022020 - PMLRio (Contexto: carnaval e a discussão sobre a presença da IECLB na Sapucaí. Como não há perspectiva de muita frequência neste Culto, devido aos impedimentos de trânsito, este texto será apresentado em um roda de conversa, estilo estudo bíblico.)
2Pe 1.16-21
16 De fato, não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a respeito do poder e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; pelo contrário, nós fomos testemunhas oculares da sua majestade. 17 Ele recebeu honra e glória da parte de Deus Pai, quando da suprema glória lhe foi dirigida a voz que disse: Este é o meu filho amado, em quem me agrado”. 18 Nós mesmos ouvimos essa voz vinda do céu, quando estávamos com ele no monte santo. 19 Assim, temos ainda mais firme a palavra dos profetas, e vocês farão bem se a ela prestarem atenção, como a uma candeia que brilha em lugar escuro, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em seus corações.
20 Antes de mais nada, saibam que nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação pessoal, 21 pois jamais a profecia teve origem na vontade humana, mas homens falaram da parte de Deus, impelidos pelo Espírito Santo. 2 Pedro 1.16-21
E agora, Pedro?
Sejam santos, porque eu sou santo”
Quando a Igreja Cristã fala em sua liturgia que neste último domingo após Epifania recorda a Transfiguração de Jesus, somos logo levados a fazer uma conexão deste fato com Jesus e Pedro. Os três Evangelhos (Mt 17, Mc 9, Lc 9) ressaltam que Pedro toma a palavra ao tentar compreender e se apropriar do milagre de ver na mesma cena Moisés, Elias e Jesus. O objetivo de Pedro era eternizar tanto quanto possível este encontro maravilhosamente surpreendente e impensável. Surreal!
Na segunda carta de Pedro, que a Igreja entende como sendo lavra da pena do mesmo pescador dos tempos de Jesus, o autor diz que não está contando histórinhas para o entretenimento dos ouvintes. Está falando daquele que era, que é e será para toda eternidade. Aliás, este pescador, no episódio da pesca maravilhosa (Mt 4, Mc 1, Lc 5, Jo 21) é o que prontamente reconhece que Jesus não é um mero passante com um discurso contagiante; ELE É O SENHOR!
Testemunhas
O Pedro escritor se coloca na posição de testemunha ocular da majestade de Deus revelada em Cristo Jesus. Outro testemunha, o João, afirma que através do Conselheiro, outro nome para o Espírito Santo, as pessoas que estão com Ele desde o princípio, também vão testemunhar (Jo 15.26s). Da mesma forma o apóstolo Paulo envia discípulos apostólicos que vão testemunhar, não a respeito de si próprios, mas a respeito de Cristo.
Tomemos por exemplo um apóstolo menos conhecido. É o caso de Tito, a quem é dito que deve ensinar, exortando, repreendendo com toda autoridade, e sem ser desprezado por nada do que diz. O que deve anunciar? Deve falar com todas as letras da “… gloriosa manifestação de nosso grande Deus e salvador, Jesus Cristo” (Tt 2). Portanto, temos uma boa pista sobre o conteúdo do testemunho a respeito de Cristo Jesus.
A glória do Cristo é compreendida pela regeneração
O mesmo Pedro ouviu quando Jesus afirmou que quando Ele, o Cristo, se assentar no trono glorioso, irá também chamar os próprios apóstolos para este lugar de honra. É um lugar santo e de onde parte o julgamento. Isto tudo passa a acontecer “por ocasião da regeneração de todas as coisas” (Mt 19).
A glória de Cristo somente é percebida na παλιγγενεσια. Este termo, paligenesía, tem sua origem na filosofia grega. Platão teria falado disso e Democritus escreveu. Também encontrado na obra Mistérios de Dionísio, paligenesía descreve a regeneração do κοσμοσ, do mundo. Quando Jesus fala isso para seus dscípulos, entre eles, Pedro, se apropria do termo dando um sentido escatológico. É a regeneração, ou a nova era para este mundo, da qual se fala aqui. A paligenesía reveladora da glória de Cristo, portanto, tem sua origem no interior do ser humano por ação do Espírito Santo.
Pedro dificilmente ouviu ou leu o que Paulo escreve neste sentido para Tito, e o emprego do termo regeneração é aqui muito didático para nós: “Houve tempo em que nós também éramos insensatos e desobedientes, vivíamos enganados e escravizados por toda espécie de paixões e prazeres. Vivíamos na maldade e na inveja, sendo detestáveis e odiando uns aos outros. Mas, quando, da parte de Deus, nosso Salvador, se manifestaram a bondade e o amor pelos homens, não por causa de atos de justiça por nós praticados, mas devido à sua misericórdia, ele nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós generosamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador.”
Aí está a gloria de Cristo: quando aceitamos como nosso Senhor, o Filho de Deus, do qual Pedro e nós ouvimos falar Este é o meu filho amado, em quem me agrado”
O que temos ouvido de Cristo?
Pedro confirma ter ouvido a voz de Cristo no alto do monte e, diz que fará bem a todos nós, ouvir esta mesma voz em meio à escuridão. Não se refere à escuridão das horas, mas à escuridão no coração. “… até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em seus corações.” (v.19)
A voz de Cristo alcança o coração, clareia os pensamentos e transforma este mundo. Já estamos cientes de que o transformação vem de dentro, e isso o próprio Pedro reconhece quando diz: “Antes, santifiquem Cristo como Senhor em seu coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que pedir a razão da esperança que há em vocês.” (1 Pedro 3.15 NVI) A voz de Cristo Jesus é a voz da verdade “Agora que vocês purificaram a sua vida pela obediência à verdade, visando ao amor fraternal e sincero, amem sinceramente uns aos outros e de todo o coração. Vocês foram regenerados, não de uma semente perecível, mas imperecível, por meio da palavra de Deus, viva e permanente.” (1 Pedro 1.22-23 NVI)
A voz profética
Onde a voz de Cristo se faz ouvir, clareia o entendimento e o coração é transformado. Em sequência o nome de Cristo é glorificado, respeitado, santificado e colocado no trono de Deus. Observem: não é a voz individual que se faz ouvir, não se trata de colocar uma vontade pessoal como se fosse a voz de Deus. Voz preofética é uma palavra, um posicionamento, investigado, estudado, refletido, analisado em todos seus detalhes. Embora precise ser, muitas vezes contundente, sempre vai zelar pela inegridade do Corpo de Cristo. “Foi a respeito dessa salvação que os profetas que falaram da graça destinada a vocês investigaram e examinaram, procurando saber o tempo e as circunstâncias para os quais apontava o Espírito de Cristo que neles estava…” (1 Pedro 1.10-11 NVI)
A santidade requerida
Sejam santos, porque eu sou santo.” 1Pe 1.16 ecoa a lei de Levítico 11. Naquela ocasião o povo estava sendo instruído a não comer do enxame de criaturas que se arrastam sobre a terra.” Hoje podemos fazer uma analogia com aquilo que as pessoas consomem em termos de ensinamentos errados e não santos. Afinal, Jesus nos dá esta chave hermenêutica ao dizer que não só de pão se vive. E Jesus o diz recordando do episódio do maná. “Assim, ele os humilhou e os deixou passar fome. Mas depois os sustentou com maná, que nem vocês nem os seus antepassados conheciam, para mostrar a vocês que nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca do Senhor.” (Deuteronômio 8.3 NVI)
Tirando nossas conclusões
No meio destes dias com suas confusões carnavalescas também não estamos imunes a críticas e preconceitos. Há pessoas que acham ser absolutamente procedente levar um cristo à moda Frankestein para a avenida. Acreditam que esta é a forma autêntica de evangelizar esta cidade.
Mesmo que argumentos sejam trocados aqui, ali e acolá, mesmo que posicionamentos não decisivos sejam publicados (inclusive posicionamentos da Igreja), resta saber o que cada pessoa irá responder diante da santidade divina.
Tiremos as nossas conclusões enquanto ainda ouvimos o pescador escritor testemunha do Cristo.
'Sejam santos, porque eu sou santo'. Uma vez que vocês chamam Pai aquele que julga imparcialmente as obras de cada um, portem-se com temor durante a jornada terrena de vocês. Pois vocês sabem que não foi por meio de coisas perecíveis como prata ou ouro que vocês foram redimidos da sua maneira vazia de viver que lhes foi transmitida por seus antepassados, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha e sem defeito. 1 Pedro 1.16-19
Que a santidade de Cristo habite nosso coração e nos faça atores da santificação em nosso contexto. Sejamos instrumento de denúncia de tudo o que ofende a glória de Deus em nosso próximo, anunciemos corajosamente - em palavras e ações - a nova vida em Cristo, sejamos corajosos e determinados em guardar Sua Palavra e santidade.
Amém.