...distinção e respeito na Evangelização

É reconhecendo a fraqueza que posso ser forte.

08/07/2018

Muitas pessoas estão respirando futebol. Nossa seleção nacional acaba de ser derrotada na Copa da Rússia 2018, e isso pode ser revertido em ensinamentos valiosos para nosso País. Houve uma época em que se ensinava valores essenciais a crianças e adultos através de fábulas. Martin Luther também teria usado deste artifício. Não falou de futebol mas contou a fábula de corvo e da raposa.

Um corvo, sorrateiro como é, roubou um pedaço de queijo de cima da mesa da cozinha na casa do agricultor. Voou e pousou sobre a alta árvore nas proximidades. Ali começou a comer o queijo preso no bico, e o fazia com muito estardalhaço. Chamou a atenção da raposa que passava por ali. “Como vou chegar a este pedaço de queijo?” se perguntou a raposa. Teve uma ideia. “Magnânimo corvo! Em toda a história da minha vida nunca antes tinha visto um pássaro tão belo quanto você. Acho que o seu canto, no mínimo, é tão belo quanto sua aparência. Se você canta tão lindamente quanto é linda sua aparência, deveria ser coroado como o rei dos pássaros.” Ouvir isto fez muito bem ao corvo. Nunca alguém tinha dito algo tão bonito a seu respeito. Como a raposa poderia ser tão gentil? O corvo ficou bem orgulhoso de si, encheu o peito e se pôs a cantar. Assim que abriu o bico o pedaço de queijo caiu direto dentro da boca da raposa. Esta, devorou o queijo e riu, com o canto da boca, debochando do corvo tolo, e desapareceu na mata.

Vamos ao texto de 2 Coríntios 12.2-10:
“2 Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos, foi arrebatado até o terceiro céu. Se isso foi no corpo ou fora do corpo, não sei; Deus o sabe. 3 E sei que esse homem — se no corpo ou sem o corpo, não sei; Deus o sabe — 4 foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras indizíveis, que homem nenhum tem permissão para repetir. 5 Desse eu me gloriarei; não, porém, de mim mesmo, a não ser nas minhas fraquezas. 6 Pois, se eu vier a gloriar-me, não serei louco, porque estarei falando a verdade. Mas evito fazer isso para que ninguém se preocupe comigo mais do que vê em mim ou do que ouve de mim. 7 E, para que eu não ficasse orgulhoso com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que eu não me exalte. 8 Três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. 9 Então ele me disse: “A minha graça é o que basta para você, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza.” De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. 10 Por isso, sinto prazer nas fraquezas, nos insultos, nas privações, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então é que sou forte.” (NAA‬‬‬‬‬‬)


Introdução
Há um mês pregava sobre alguns versículos do capítulo 4 desta epístola. Disse na introdução que Paulo “escreve à comunidade afirmando que seu ministério se fundamenta na delegação divina (2.14-4.6), sendo ministério do Espírito Santo que provoca consequências concretas, no presente tempo, de sofrimento, perseguição e tribulação (4.7-5.10) e que identifica seu ministério com as marcas da morte de Cristo.” (Küntzer, PL 42. p. 198)

O texto que hoje nos faz refletir sobre o caminho do povo cristão, segue no mesmo espírito de defesa do apóstolo diante de uma igreja rebelde. O apóstolo certamente já queria ter encerrado o assunto, mas os habitantes de Corinto parecem estar obrigando o pregador a voltar ao tema “orgulho”. Não fica dúvida, nem para ele e nem para nós, que o orgulho próprio é algo complicado. O orgulho fora do lugar e fora da medida pode ser loucura e irresponsabilidade ou insensatez (11.1, 21-23). Isso já tinha ficado claro. Por que, então, retornar ao assunto?

Informação privilegiada
O produto mais valioso e disputado em nossos dias não é outro que não a informação. Estar bem informado, ter informações confiáveis e certeiras, é mercadoria que se transforma em riquezas ou guerras. O apóstolo parece querer encerrar a disputa sobre o assunto orgulho com a ecclesia dos corintos citando um fato nunca antes declarado.

Fala de um “homem”, uma expressão de impessoalidade e que pode se tratar do apóstolo mesmo, que teve uma visão. Mesmo desta visão não há segurança absoluta de ter existido de fato, segundo o apóstolo. Mas, vá lá, teria sido informado através de uma visão a respeito de coisas que não se consegue falar (arreta remata). Certamente uma razão para a existência da linguagem apocalíptica para falar dos segredos divinos.

Paulo arremata: “Desse eu me gloriarei; não, porém, de mim mesmo, a não ser nas minhas fraquezas”. (v.5) É como se Paulo dissesse: Não fico falando de mim mesmo, não me orgulho de mim mesmo, mas falo com orgulho, com firmeza e autoridade daquilo que me foi revelado.

Nosso princípio é não fazer uso do discurso eloquente nem de muita sabedoria para proclamar o mistério de Deus. É de nada saber a não ser de Jesus Cristo, e este, crucificado. Nossa mensagem e pregação não se constituiu de palavras persuasivas de sabedoria, mas de demonstração do poder do Espírito, para que a fé que vocês têm não se baseasse na sabedoria humana, mas no poder de Deus. (Cf. 1 Coríntios 2.1-5) (Hoje aconteceu a certificação de mais um Curso Alpha na Paróquia e este parágrafo é parte da declaração de nossos objetivos com o curso.)

Dentro desta temática devo clamar pela seguinte situação: nos envergonha completamente e declaramos aqui no púlpito que é loucura, irresponsabilidade e insensatez o que fez o Bispo/Prefeito da cidade do Rio de Janeiro. Por ter informações privilegiadas e o poder nas mãos concede, em nome de e para evangélicos, favores furando filas de cirurgias zombando da miséria da população carioca. E não é a primeira vez que faz isso!

O que torna o Evangelho (e os evangélicos!) dignos e respeitosos?

A fraqueza que causa colapso
O apóstolo se declara atormentado e constantemente golpeado por alguma fraqueza da carne. O que era esta fraqueza, qual a sua natureza, é um mistério e alvo de várias especulações. Mas era algo sério a ponto de admitir que este “espinho na carne” era um “mensageiro de Satanás”.

Deus permitiu que Jacó vivesse uma crise no lugar de nome Peniel (Gn 32.30) onde lutou com seu Senhor e dissesse: “Vi Deus face a face, e a minha vida foi salva”. Por lutar naquele lugar estreito e perigoso, Jacó teve sua fé alargada e cresceu no conhecimento de Deus, em poder para uma vida vitoriosa.

Deus teve que fazer Davi passar por longa disciplina para que viesse a reconhecer que não ele, o Rei Davi, mas Deus é onipotente. Que Deus queria gravar em seu coração orgulhoso os princípios de fé, piedade e confiança, atributos indispensáveis na carreira de um líder sobre o povo.

Paulo somente teve oportunidade de conhecer a promessa graciosa da sustentação de Deus a partir da vivência de situações extremas nas quais estava vivendo. Foi assim que o poderoso Paulo aprendeu a fazer uso de seu conhecimento com distinção e respeito. Observação: o apóstolo poderia ter se orgulhado de seu sofrimento, fazendo-se de coitadinho como muitas pessoas fazem; mas não o fez.

A minha graça te basta
Virou bordão. Todos falam isso de forma gratuita. Diante de dificuldades e contrariedades muitas pessoas simplesmente deixam de lutar e reagir dizendo: “a minha graça te basta”. Isto é conveniente para “domesticar” um povo “evangélico” ensinando-o a se contentar com aquilo que tem enquanto outros levam uma vida nababesca às custas de mentiras, exploração, injustiças e corrupção.

Afirmar “a minha graça te basta” é não declaração de acomodação. É declaração de resistência baseada na graça de Deus “porque, quando sou fraco, então é que sou forte”. (v.10)

Só mesmo perigos e obstáculos podem fazer com que muitas pessoas venham a conhecer a graça poderosa de Deus para reagir. As situações desesperadoras de corrupção, violência, desemprego... nos obrigam a reconhecer e buscar em Deus toda graça de que precisamos para reagir e viver.

No v.9 temos a expressão grega eireken que denota a última palavra de Deus sobre o assunto: a minha graça te basta. E esta última palavra divina se estende como anúncio permanente de consolo e segurança. Obstáculos e dificuldades em nossa vida são constantemente desafios para a nossa confiança em Deus. O nosso dever é de exercitar distinção e respeito na Evangelização, no anuncio da vontade de Deus, nos princípios do Reino de Deus. E a graça é como uma vasilha com suprimentos da plenitude e suficiência de Jesus Cristo. À medida que avançamos confiando unicamente e inteiramente em Jesus, podemos ser provados, mas também podemos esperar com paciência e ver a obra completa de Deus em nossa vida.

Conclusão
Prezada comunidade.
Há sempre um grande saldo de esperança e graça em nosso favor durante nosso tempo de vida. Isso não significa que ficamos deitados em berço esplêndido, ao som do mar e à luz do céu profundo, deixando os fatos se suceder nas mãos de orgulhosos poderosos. Significa que, com distinção e respeito, anunciamos e vivemos a nova ordem de Cristo.

Há pouco ainda ouvimos no testemunho da Sandrinha (testemunho Alpha) que aprendeu a respeitar as outtras pessoas com suas denominações e preferências religiosas. E que no respeito encontra maior autoridade de falar do amor de Cristo, ao contrário da confrontação. É assim que gostaríamos de ser igreja que testemunha o amor de Cristo e a transformação cidadã que Jesus traz às pessoas.

Em Cristo,
a maior necessidade encontra suprimento,
a maior indignação encontra resposta,
a maior lacuna encontra preenchimento,
a maior carência encontra plenitude de satisfação,
a maior miséria encontra a graça – em Cristo!

Amém!
  


Autor(a): Pr. Rolf Rieck
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Rio de Janeiro - Martin Luther (Centro-RJ)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Testamento: Novo / Livro: Coríntios II / Capitulo: 12 / Versículo Inicial: 2 / Versículo Final: 10
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 47900
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Portanto, estejam preparados. Usem a verdade como cinturão. Vistam-se com a couraça da justiça e calcem, como sapatos, a prontidão para anunciar a Boa Notícia de paz.
Filipenses 6.14-15
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