Diaconia e Cidadania
ESTUDO PARA GRUPOS
Acolhida
Bem-vindas pessoas amadas de Deus neste momento de encontro e estudo da Palavra de Deus. Acolho vocês com as palavras do Evangelho: “Vinde, benditos de meu Pai. Possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mateus 25.34).
Saudação
Nós nos encontramos hoje aqui por gratidão a Deus, que nos agracia com mais um dia de vida. Em nome do Deus que como um pai nos alimenta e como uma mãe nos ensina os bons caminhos da vida; em nome do Deus que através de Cristo nos deixou muitos ensinamentos, sendo o maior o de servir, doando-se por nós na cruz para que tenhamos a vida eterna; em nome do Deus que através do Espírito Santo nos inspira a servirmos com nossos dons a todas as pessoas e em todos os momentos. Amém.
Canto: Aqui você tem lugar (HPD 325)
Oração
“Vê, Senhor, que sou um vaso que carece muito de ser preenchido. Meu Senhor, enche o vaso, pois sou fraco na fé. Fortalece-me, pois sou frio no amor. Aquece-me e torna-me quente, para que meu amor transborde para o próximo. Não tenho fé robusta e forte, acontece que sou acometido de dúvidas, não podendo confiar em ti inteiramente. Ó Senhor, ajuda-me, faze crescer minha fé e confiança. Tudo o que tenho se encerra em ti. Eu sou pobre, tu és rico e vieste para receber em misericórdia os pobres. Eu sou pecador, tu és justo. Comigo está a doença do pecado, em ti está a plenitude da justiça. Por isso quero ficar contigo, não preciso dar de mim para ti: de ti posso receber. Amém” (Martim Lutero, 1527)1.
Cidadania é estender a mão!
Neste momento em que nos encontramos para celebrar o Dia Nacional da Diaconia de 2017, temos a oportunidade de dialogar sobre Diaconia e Cidadania. Talvez seja um tema já bastante discutido nos grupos de diaconia, mas neste ano conversaremos a partir da leitura dos Dez Mandamentos do Catecismo Maior de Martim Lutero.
Para iniciarmos este tema, lembremos que Diaconia é uma opção de vida para servir (Marcos 10.35-45) e cuidar das pessoas com alegria (Mateus 9.13) por gratidão e fé. É a caminhada (Lucas 24.13-45) com as pessoas buscando dignidade de vida (João 10.10) em todas as suas necessidades (Mateus 25.31-46). Da mesma forma, lembramos que Cidadania é “A realização democrática de uma sociedade, compartilhada por todos os indivíduos ao ponto de garantir a todos o acesso ao espaço público e condições de sobrevivência digna, tendo como valo-fonte a plenitude da vida. [...] Assim, verifica-se que a cidadania é uma relação de mão dupla: dirige-se da comunidade para os cidadãos, e também dos cidadãos para a comunidade.”2
Desta maneira, compreendemos que a Diaconia é a forma, a partir da fé, de buscarmos garantir a Cidadania (dignidade de vida às pessoas). Para exercitarmos um pouco mais nossos olhares, convido a lermos em conjunto os Dez Mandamentos. (Podem ser encontrados no Catecismo Menor, na parte final da Bíblia editada pela IECLB ou no site http://www.luteranos.com.br/conteudo/catecismo-menor-martim-lutero).
Após lermos, convido a conversarem sobre:
1. Quais mandamentos falam sobre a pessoa próxima?
2. Quais mandamentos falam sobre cidadania?
3. Quais são as ações diaconais possíveis a partir dos mandamentos?
Martim Lutero nos auxilia a compreender os mandamentos e como eles nos conduzem às ações diaconais que possibilitam o resgate do cuidado e a cidadania das pessoas. Porque eles falam de nossa relação com Deus e com a pessoa próxima, de como devemos nos relacionar. Percebemos isso através do quinto mandamento: Não matarás.
Sobre ele Lutero nos diz no Catecismo Maior: “Nesse mandamento agora saímos de nossa casa e vamos aos vizinhos, para aprender como devemos viver uns com os outros, cada qual individualmente em relação ao próximo. [...] Deus quer que este mandamento envolva o próximo como muro, fortaleza e asilo sagrado, para que nenhum mal ou dano se lhe cause no corpo”. “Não matar” significa que, “em primeiro lugar, a ninguém devemos fazer mal. [...] Em segundo lugar, transgride este preceito não só quem pratica ações más, senão também aquele que, podendo fazer o bem ao próximo, [...] de modo que nenhum mal ou dano lhe suceda no corpo, todavia não o faz”. Em seguida, Lutero desdobra o que significa “deixar de fazer” o bem ao próximo: “Assim, se despedes uma pessoa desnuda quando poderias vesti-la, deixaste-a sucumbir ao frio; se vês alguém que sofre fome e não o alimentas, estás permitindo que morra de fome. Da mesma forma, se vês alguém condenado à morte, ou em apertura similar, e não o salvas, posto conheças meios e maneiras de fazê-lo, então o mataste. E coisa nenhum te valerá alegar incumplicidade só porque não entraste com ajuda, conselho e atos, pois lhe negaste a caridade e o despojaste do benefício que lhe teria salvo a vida.”3
Com isso, quando afirmamos nossa fé a partir do quinto mandamento, estamos nos comprometendo a garantir a vida, a dignidade e a cidadania. Ao olhar para a outra pessoa, buscamos compreender suas necessidades, buscamos com ela cuidar e transformar a sua realidade, através de ações diaconais pessoais e comunitárias. Para Lutero, no quinto mandamento “A intenção real de Deus é, portanto, que não permitamos venha qualquer homem sofrer dano, e que, ao contrário, demonstremos todo o bem e amor”4.
Para terminarmos, convido a refletirmos sobre como podemos planejar ações diaconais de resgate da cidadania a partir do quinto mandamento. Fazemos isso respondendo:
1 – Como “matamos” as pessoas segundo a interpretação do quinto mandamento feita por Lutero?
2 – Como podemos buscar o não matar, garantindo a vida no lugar onde vivemos?
Oração
Senhor Jesus Cristo, tu és minha justiça, eu, porém, sou teu pecado: Levaste sobre ti o que é meu, e deste a mim o que é teu. Tomaste sobre ti o que não eras, e deste a mim o que eu não era. Senhor Jesus Cristo, permaneço contigo e a ti me prendo e em ti creio; pois tu somente és o que importa. Depois quero ir e confrontar-me com os dez mandamentos e aplicar-me a boas obras. Mas o principal será que a ti me atenha e que por ti me seja doada a vida eterna (Martim Lutero, 1522)5.
1. Queira a estrada conduzir-nos juntos com o vento sempre a teu favor,
tendo garoa sobre os verdes campos ou brilhando o sol com seu calor.
2. Firme subindo pelo trilho certo, sem perder o rumo para os céus;
Agradecendo e abençoando, sentirás que somos filhos seus.
3. Tenha descanso e o pão de cada dia, que isso nunca venha te faltar!
E quando a morte vier ao teu encontro, o inimigo não te possa achar.
4. Vamos em paz até que um novo dia nos permita aqui nos abraçar.
Mesmo distantes, tendo alegria, Deus, o pai, queremos, pois, louvar.
Estr. Deus te guarde, Deus te guie, te segure bem na sua mão.
Vá confiando, vá com alegria, pois seus anjos te acompanharão.
Notas:
1. LUTERO, Martim. Orações. Disponível em: <http://www.luteranos.com.br/conteudo_organizacao/capela-luterana/ve-senhor-que-sou-um-vaso>. Acesso em: 13 jan. 2017, 16:20)
2. MADERS, Angelita Maria; ANEGLIN, Rosângela (Org.). Direitos Humanos e Sociais: à luz da Teoria da Complexidade de Edgar Morin: discussões acerca de sua efetivação no Brasil. Santo Angelo: FuRi, 2012. p. 26.
3. GAEDE NETO, Rodolfo. Leitura diaconal do Catecismo Maior de Martim Lutero. Estudos Teológicos, v. 41, n. 1 , p. 78-93, abr. 2001. Disponível em:
<http://www3.est.edu.br/publicacoes/estudos_teologicos/vol41_2001/gaedeET411.htm>.
4. Ibid., p. 87.
5. LUTERO, Martim. Orações. Disponível em:
<http://www.luteranos.com.br/conteudo_organizacao/capela-luterana/senhor-jesus-cristo-tu-es-a-minha-justica>. Acesso em: 13 jan. 2017, 16:26).
Diácono Jaime Ruthmann