DEZ MOTIVOS PARA CRER NO DEUS QUE PERMITE O SOFRIMENTO E A DOR

06/07/2014

Certa vez um pai estava levando seu filho para que lhe fosse aplicada uma vacina que o tornaria imune contra uma doença grave. Entre lágrimas e choro veio o questionamento: – Papai, por que você vai deixar que me machuquem com aquela agulha? O pai, sofrendo com tristeza no coração, respondeu: - Filho, por te amar tanto tenho que permitir essa pequena dor. Mas saiba que ela vai te livrar de maiores dores e sofrimentos.

Evidentemente que o filho não entendia o motivo pelo qual seu pai, que o amava tanto, permitiria que ele sofresse aquela dor. Mas será que a reação do filho não é parecida com a nossa quando nos encontramos diante da dor e do sofrimento? Conseguimos crer num Deus que permite a dor e o sofrimento? Queremos analisar 10 motivos que ajudem a manter nossa fé inabalável, mesmo que dor e sofrimento rondem nossa vida.

1. A livre escolha, a liberdade e a possibilidade de fazer certas escolhas, trazem sofrimento consigo (Gn 2.15-17).
Pais amorosos desejam que seus filhos sejam protegidos de dores desnecessárias. Porém, eles também sabem que não faz sentido empacotar pessoas em algodão. Liberdade pertence à humanidade. Um mundo sem liberdade de decisão seria pior que um mundo sem dor. Pior ainda seria um mundo com pessoas que podem tomar decisões erradas sem sentir dor alguma. Não existe ninguém mais perigoso do que um assassino, mentiroso, enfim qualquer pecador, que não sente mais a dor que provoca nos outros.

2. Dor nos lembra de algum perigo (Lm; Sl 78.34s; Rm 3.10-18).
Detestamos dor e sofrimento, principalmente em nós mesmos e nas pessoas que amamos. Isso é totalmente compreensível. Porém, sem dor ninguém poderia saber se está doente. Não iríamos procurar um médico. Sem a pressão dolorosa de um castigo muitas vezes não iríamos temer a lei. Crianças iriam rir de proibições, como p. ex., não assistir televisão, não ganhar mesada, etc. Sem o peso da consciência, sem o nosso sofrimento diário com sentido vazio, sem uma cota de pressão dolorosa, nós seres humanos, não iríamos procurar a Deus. Nos satisfaríamos com muito pouco em nossa vida. Especialmente o homem mais sábio tende a se desviar do caminho que, em última análise, é prejudicial a ele e aos outros (Prov. 2.20-3). Isso nos mostra o exemplo bíblico de Salomão.

3. Sofrimento pode ajudar a nos conhecermos melhor (Jó 42.1-16; Rm 5.3-5; Tiago 1.2-5; I Pe 1.6-8).
Geralmente outras pessoas nos ferem e isso não é nada bom. Só que está em nós como lidamos com essas situações. Quando enfrentamos um problema é que podemos avaliar o que está acontecendo dentro de nós. Nossa capacidade de amar ou odiar, perdoar ou semear mágoas, ficar amargurado ou ir ao encontro - tudo é testado no sofrimento. Não conseguimos dimensionar nossa verdadeira força ou fraqueza quando tudo está bem. A Bíblia fala que esse processo acontece com o ouro e a prata que precisam ser purificados por fogo. Na natureza vemos que o carvão precisa de pressão e tempo pra virar diamante. Assim se desenvolve um caráter forte em momentos difíceis.

4. Sofrimento aprofunda nosso olhar para dentro da eternidade (Mt 5.1-12; Rm 8.18s).
Se a morte fosse o fim de todas as coisas, uma vida de sofrimento não seria uma coisa justa. Mas se o fim dessa vida trás a porta da vida eterna, as pessoas mais felizes serão aquelas que descobriram que a nossa vida presente não é tudo para o qual a pessoa vive. Estas pessoas, que se aproximaram mais de si mesmos e de Deus através da dor, não sofreram em vão. Seu luto, sua pobreza, sua fome, sua dor, serão transformados em alegria eterna (Ap 21.1-7).

5. Sofrimento nos ensina a nos desprendermos, desapegarmos (Lm 5.1-4).
Na medida que avançamos em idade, nosso trabalho e nossa opinião não são mais tão valorizados. O corpo não está mais tão bem. Nossas articulações doem e os olhos ficam fracos e não enxergam mais tão bem. Fica mais difícil adormecer. Os problemas ficam maiores e as possibilidades menores. Porém, se a morte não é o final para os que crêem, mas a passagem para um novo dia, então a situação que parece uma desgraça será ao mesmo tempo uma bênção. Cada nova dor faz o mundo ser menos convidativo. Vamos aprendendo a nos desprender das coisas deste mundo e agarrar a verdadeira nova vida que realmente tem valor.

6. Sofrimento oferece a possibilidade de confiar em Deus (Jó 42.1ss).
Talvez o mais conhecido e famoso sofredor de todos os tempos foi um homem chamado Jó. De acordo com a Bíblia, de repente ele perde sua família, seus bens e sua saúde. Em todo o sofrimento Deus não lhe diz nada. Jó precisou ouvir as acusações de seus amigos, pois o céu havia ficado mudo. Quando Deus finalmente resolve se manifestar, fala de cabritos das montanhas recém nascidos, jovens leões na caça, de corvos no ninho e da força de bois. Ele desenha diante dos olhos de Jó o círculo das estações do ano e as maravilhas do mundo. Jó percebe ao final que ele podia também confiar em Deus, mesmo dentro de tempos de sofrimento absoluto. Esse Deus que havia criado todo o universo, dono de todo poder e sabedoria, olhava para seu sofrimento de forma especial.

7. Deus sofre conosco (I Pe 2.21; 3.18; 4.1).
Ninguém sofreu mais do que o nosso Pai Celeste. Ninguém pagou um preço maior por um mundo tão cheio de pecado. Ninguém como Ele chorou tanto pela dor de uma humanidade tão egoísta. Ninguém sofreu tanto como Jesus Cristo que pagou nosso pecado na cruz - e com isto mostrar como Deus, tão imensamente, nos ama. Pelo fato de Deus ter se manifestado a nós através de Jesus Cristo, quer que confiemos n’Ele, mesmo quando pessoalmente, ou quando um amigo ou uma pessoa que amamos enfrenta um sofrimento ou dor.

8. O consolo de Deus é maior que os nossos sofrimentos (2 Co 12-9s).
O Apóstolo Paulo ora algumas vezes para que Deus o livre de um sofrimento. Deus assim lhe responde: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza”. A doença permanece. E Paulo está satisfeito: “De boa vontade, pois mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte” (2 Co 12.9s).

9. Em tempos de crise podemos nos ajudar mutuamente; surge a solidariedade (2 Co 1.3-11).
Ninguém procura sofrimento, medo ou dor por vontade própria. Mas se nós sofremos, outras pessoas podem nos consolar. Catástrofes da natureza e crises fazem com que a gente se una novamente. Tempestades, incêndios, terremotos, doenças e acidentes podem nos tornar sensíveis. Novamente nos lembramos de que pessoas são mais importantes que objetos materiais. Somos lembrados pelo Senhor que precisamos uns dos outros e, acima de tudo, d’Ele, o nosso Criador. Toda vez que descobrimos o consolo de Deus em nosso próprio sofrimento renova-se a nossa capacidade de ajudar ao próximo. É isso o que Paulo tem como intenção em nos dizer quando escreve: “É ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus” (2 Co 1.4).

10. Deus pode usar e transformar nosso sofrimento em algo bom (Gn 50.20).
A certeza de que Deus pode transformar um sofrimento em algo bom, positivo, é uma verdade que a Bíblia mostra em muitos exemplos. Através do sofrimento de Jó, vemos um homem que, não apenas passa por uma profunda experiência de conhecimento de Deus, mas também de sua cura. Isto se torna uma fonte de encorajamento e ânimo para pessoas de todas as gerações. Também pela história da vida de José aprendemos a conhecer alguém que, de uma hora para outra, estava preso nas mãos de pessoas que o abandonaram, machucaram e tornaram como escravo. Mesmo assim pode dizer: “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente em vida” (Gn 50.20).

Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus. Rm 8.28

Pastor Leandro Daniel Ristow
pastor.ristow@gmail.com
 


Autor(a): Pastor Leandro Ristow
Âmbito: IECLB / Sinodo: Uruguai
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 28984
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