Deus faz. Eu faço!

13/06/2021

 

Cerca de 30 anos atrás, uma pequena comunidade no interior do Rio Grande do Sul passava por dificuldades financeiras. Mesmo com um grupo de membros relativamente grande e famílias de poses, ela estava sempre no vermelho. Chegou um jovem pastor com ideias novas e muita motivação à prática do dízimo. Era a solução às dificuldades da comunidade. No Culto de Natal, ele trouxe consigo um grande balaio carregado de pequenos saquinhos de sementes. Havia porções de soja, milho, feijão, arroz, girassol e até abóbora. Ao fim da celebração, disse: É o meu presente para vocês neste Natal. Escolham um pacotinho, levem, plantem e tragam o fruto, seja em espécie ou dinheiro no próximo Culto da Colheita. Jamais esqueçam do homenageado de hoje: Deus nos presenteou com seu único filho Jesus. Vamos ajudar a nossa comunidade a levar adiante o nome do Salvador, recém-nascido.

Os membros e visitantes toparam o desafio. Fizeram a sua parte no plantio e na colheita. Deus abençoou cada semente fincada no chão. No Culto da Colheita, o templo estava completamente lotado. O altar, idem, com produtos ofertados. A cestinha de ofertas, também. O coração das pessoas mudou a partir daquela experiência. A Comunidade mudou. Ela cresceu em participação, arrecadação e, principalmente, na disposição ao serviço. A dedicação do dízimo ao Senhor sempre traz bons resultados. Mas, convém lembrar que, com Deus não se negocia dizendo: Vou dar para receber! Graças ao que recebemos dele é que podemos no mover e levar adiante o anúncio do Evangelho. Graças à oferta de muitos, no passado, somos o que somos, temos o que temos. Pense consigo: Qual semente vou plantar às futuras gerações, seja na minha família, como aqui na comunidade?

No quarto capítulo do Evangelho de Marcos são apresentadas algumas parábolas sobre o REINO DE DEUS, o qual iniciou com Jesus e só será pleno na eternidade. Mas, a partir da proclamação do Evangelho, cresce dia a dia no coração das pessoas, no meio das instituições e, assim esperamos, também na sociedade. Eu creio que as pessoas encontram sentido à vida a partir do momento em que colocam suas vidas sob o governo de Cristo, onde a Palavra de Deus passa a ser a diretriz máxima. Tal transformação interior passa a refletir nos pensamentos, decisões e atitudes que tomamos, as quais afetam o mundo ao nosso redor. Eis o tema deste sermão.

Jesus conta duas parábolas, uma sobre a semente e, em seguida, outra sobre o grão de mostarda. O que aprendemos sobre o Reino de Deus com elas? Então, Jesus prosseguiu dizendo: “O Reino de Deus é semelhante a uma pessoa que lança a semente na terra. Noite e dia, quer ela durma, quer se levante, a semente germina e cresce, embora ela não saiba como. A terra por si própria produz o grão. Primeiro o talo, depois a espiga e, então, o grão cheio na espiga. Logo que o grão fica maduro, o agricultor lhe passa a foice, porque chegou a colheita”. Deus criou o mundo do nada. Ele pôs o caos em ordem. Assim tudo segue num ritmo ordenado. Por isso, também o tempo é obra do Senhor. Estamos presos ao tempo. O Sábio observa e determina: “Tudo tem o seu tempo determinado” (Eclesiastes 3.1).

Deus continua no comando da criação. Ele coloca a força na semente. Manda o sol e a chuva. As estações e as fases da lua fazem parte da boa criação. Elas devem ser admiradas e observadas. Louvo a Deus e ativo meus pensamentos e mãos para semear e colher, para cuidar e ajuntar. Início, fim e reinício constantes. É um ciclo. Na vida, precisamos aprender a observar o ritmo das coisas. Não atropelar e, ao mesmo tempo, não deixar “o bonde passar”. Precisamos observar a ação divina e assim cumprir a nossa obrigação.

É importante que relembremos aqui a Parábola do Semeador. O Pai é o agricultor. Ele lançou como proposta de salvação seu filho Jesus. Ele é a semente que pode ser acolhida em nosso coração, a terra. Todavia, há diversas situações que impedem ou inibem o crescimento da semente. Por isso, são necessárias tanto a atenção, quanto a dedicação. O Espírito age. Mas, não concorre com o nosso esforço. Antes, coopera. Agimos sob a promessa de que, um grão, pode produzir outros cem grãos. Obra 100% divina e, ao mesmo tempo, 100% humana. O alvo desejado é sempre a ampliação do Reino de Deus, onde mais e mais pessoas se agreguem ao projeto de Jesus colocando vidas debaixo do seu governo.

Em seguida, Jesus amplia nossa visão contado outra parábola: “Com que compararemos o Reino de Deus? Que parábola usaremos para descrevê-lo? É como uma semente de mostarda, que, quando plantada, é a menor semente de todas. No entanto, plantada, cresce e se torna a maior de todas as hortaliças, com ramos tão grandes que as aves do céu podem abrigar-se à sua sombra”. Do nada, Deus fez tudo na mais perfeita ordem. Ao admirar o pôr do sol e as nuvens vagam no céu, ou as aves migratórias e um formigueiro, como não glorificar ao Criador? Do primeiro casal – Adão e Eva – a terra encheu-se com diferentes tons de pele e cores de cabelo. As línguas e jeitos de se expressar se expandiram a partir de Babel. Como não dar louvores ao Senhor que controla a tudo e todos?

Do Evangelho pregado por Jesus, muitas pessoas entenderam e aceitaram o desafio, tornando-se discípulos. A árvore cresceu e serviu de abrigo para muitos. Do projeto inicial surgiu a Igreja, composta por todos aqueles que creem, em diferentes épocas e locais, independentes de línguas, culturas e costumes. Somente creem em Jesus, do seu jeito, fazendo parte do Corpo de Cristo, a Igreja. Aqui em Garuva, somos uma pequeníssima fração do jeito luterano de viver a fé em Jesus. Fazemos parte de uma paróquia, um sínodo e a IECLB, que integra a Federação Luterana Mundial. Mas, há ainda o jeito católico romano e ortodoxo de viver a fé. Há inúmera outras igrejas tradicionais e pentecostais. Infelizmente a divisão na Igreja não faz parte do projeto original de Jesus. Antes, é fruto da cobiça humana. A divisão pende para o lado da confusão de Babel. Deus deseja unidade por meio de Jesus. Todavia, cada qual - do seu jeito - oferece oportunidade e abrigo às aves do céu. A Igreja acolhe e oferece sentido à vida. A Igreja é um pequeno experimento da eternidade. Mesmo com suas imperfeições, viver em comunidade se torna um aperitivo do céu.

As duas parábolas de Jesus – da semente e do grão de mostarda - apontam ao Reino (governo) de Deus, que começa no coração daqueles que creem em Jesus e se expande à Igreja como um todo. Não somos seres isolados. Precisamos viver e cooperar em comunidade. A pequena semente – semelhante ao minúsculo grão de mostarda – dia a dia cresce e se torna ponto de acolhimento àqueles que estão perdidos e sem rumo neste mundo. Somente em Jesus nossa vida encontra sentido. Somente em Jesus entendemos a nossa missão. Amados por Deus, no Caminho – que é Jesus – continuemos a lançar boa semelhante. Plantar e colher até que Deus nos leve à eternidade. Amém!


Autor(a): P. Euclécio Schieck
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense / Paróquia: Garuva-SC (Martinho Lutero)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Testamento: Novo / Livro: Marcos / Capitulo: 4 / Versículo Inicial: 26 / Versículo Final: 32
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 62985
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Quando Deus parece estar mais distante, mais perto de nós Ele se encontra.
Martim Lutero
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