Porque assim diz o Senhor: Eu farei derramar para a cidade, como um rio, a paz... As nações levarão nos braços suas criaturas e sobre os seus colos as acariciarão e delas cuidarão. Como a uma criança a quem sua mãe consola, assim eu os consolarei (Isaías 66. 12-13).
Em 1977, fiquei quase um dia na rodoviária de Água Boa, MT, esperando ônibus para seguir viagem até Barra do Garças para um reunião da igreja. Era época de Páscoa de Jesus Cristo. Ali mesmo, no entorno da rodoviária, era um local de encontro de pessoas que estavam à procura de trabalho de catar raízes nas lavouras, derrubadas de cerrado ou de mato. Centenas de “boias frias”, vindos do nordeste brasileiro, aguardavam a vinda de camionetes que os levava aos locais de trabalho, nas fazendas da região. Eram pessoas de mãos calejadas, rostos sofridos, olhos fixos no vazio, pessoas de pouca conversa.
Sentei num dos bancos, onde já havia algumas pessoas. Entre uma e outra conversa curta, um dos “boias frias” disse: “Meu sonho é voltar para Paraiba para abraçar minha mãe. Quando lembro dela, a saudade toma conta do meu coração e minha garganta aperta”.
Eu admirei a espontaneidade daquele trabalhador. Encarei-o de alta a baixo. Parecia homem rude, insensível, até mesmo grosseiro, na linguagem mais “moderna”. Puro engano meu. Senti-me próximo e solidário com aquele homem. Mais algumas pessoas se aproximaram. A palavra mãe nos aproximou. O sentimento geral era de voltar para a casa e aos cuidados da mãe. Mesmo aqueles que não tinham mais a mãe viva, como eu, voltarem seus pensamentos aos cuidados da mãe.
No contra ponto, na minha atividade pastoral, muitas mães relataram suas dores e lágrimas, do anoitecer até ao amanhecer, porque seus filhos e suas filhas foram indiferentes aos apelos de cuidados com a sua própria vida. Às vezes, é exagero de mãe. Mas quase sempre, a história termina mal, porque os clamores da mãe não foram ouvidos. Se as mães, pessoas humanas falhas, como todas, sabem se dedicar tão bem aos filhos e filhas, então você imaginar como são as atitudes de Deus, que é a fonte do cuidado, do bem e da vida.
Assim diz o Senhor: Será que uma mãe pode se esquecer o seu bebê? Será que pode deixar de amar seu o próprio filho? Mesmo que isso acontecesse, eu nunca esqueceria de vocês (Is 49.15).
Teobaldo Witter Pastor na IECLB ouvidor do DETRAN MT professor universitário. twitter@terra.com.br