"Deus é o oleiro ... o barro sou eu"

Mensagem do Culto de Confirmação

26/10/2019

Isaías 64.6-8 – Jeremias 18.1-12

Culto de Confirmação de Gabriella Iser Damasceno, Lua Helena Alves de Mello, Maria Eduarda de Carvalho Hollerbach e Tainá Wickert de Souza.

Deus é o oleiro... o barro sou eu

Hoje chega ao fim uma trajetória de dois anos de convívio no Ensino Confirmatório com estas jovens Tainá, Lua Helena, Gabriella e Maria Eduarda. Outras propostas estão agora à nossa frente. Acabamos nos conhecendo bastante bem a partir da comunhão da sala onde nos reunimos e nas atividades que desenvolvemos juntos. Confesso que vou ficar com saudades destes momentos que tivemos o privilégio de viver juntos. Acalento a ideia de que vamos continuar na comunhão do Corpo de Cristo, agora de maneira diferente. Mas chegou a hora da mensagem, da prédica que desejo repartir com vocês. Eu leio o texto do profeta Isaías, capítulo 64, os versos 6-9.

“Somos como o impuro—todos nós! Todos os nossos atos de justiça são como trapo imundo. Murchamos como folhas, e como o vento as nossas iniquidades nos levam para longe. Não há ninguém que clame pelo teu nome, que se anime a apegar-se a ti, pois escondeste de nós o teu rosto e nos deixaste perecer por causa das nossas iniquidades. Contudo, Senhor, tu és o nosso Pai. Nós somos o barro; tu és o oleiro. Todos nós somos obra das tuas mãos.” Isaías‬ ‭64.6-8‬ ‭NVI

Sempre que eu leio ou ouço este texto que acabo de ler, fico incomodado. O profeta Isaías nos chama de pessoas “imundas”, de “trapos” e de “folhas murchas”, pelo fato de nos sujarmos com propostas que não vêm do nosso Criador; pelo fato de nos deixarmos levar pelos ventos da modernidade, pelos ventos das emoções baratas, pelas baladas e pela vida sem Deus... acho que é isso que o profeta quer dizer quando fala do vento das iniquidades. E isso não é dar a devida seriedade A Deus. A Palavra de Deus nos diz que Deus nos criou ”um pouco menores“ do que Ele. (“Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste.” Salmos‬ ‭8.5‬ ‭ARA) Desde cedo, os filhos e as filhas de Deus sonharam em ser, pelo menos, iguais a Ele. Entenderam que bem poderiam fazer alguma coisa para “levantar-se” um pouco mais do chão. O inimigo maior da humanidade, o diabo, soprou-lhes no coração que poderiam vir a ser como Deus é (Gênesis 3.5) e não é que os nossos antepassados lhe deram ouvidos e do “pouco” aconteceu o “muito”. Como pecadoras e pecadores, precisaram afastar-se do paraíso. Naquele dia aconteceu o afastamento das pessoas do seu Criador e hoje, esta distância está bem aumentada. Não justamente do Criador que fala o primeiro artigo do Credo Apostólico? O salmista, refletindo exatamente sobre esta questão, perguntou-se: - Que é o homem, que dele te lembres? E o filho do homem, que o visites? (Salmo 8.4)

Esta é realmente uma boa pergunta! O salmista Davi tenta respondê-la, enquanto se admira da criação de Deus. Sim, ele reflete sobre a pessoa de Deus e, enquanto conversa com Ele vai se compreendendo melhor, se entendendo como gente. E o que é que ele compreende de si mesmo? Ele descobre ter sido criado somente “um pouquinho menor” do que Deus, conforme se subentende da leitura do Salmo 8.5: “Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste...” Eu creio nesta Palavra com toda força e sinceridade, e dela deduzo que temos mais valor do que muitas vezes pensamos ter. Um poeta dos tempos idos expressou esta descoberta do Davi de uma forma diferente: - Cada indivíduo é um pensamento de Deus! Acredito que podemos tomar esta conclusão como verdade para a nossa vida. Nossa autoconfiança ficará reforçada se assim o fizermos. E como precisaremos de autoconfiança para os dias que temos pela frente, queridas confirmandas e queridos pais e familiares. Também o nosso relacionamento com Deus ficará mais aprofundado. Carrego certeza disso – sim senhor.

Sem dúvida, cada pessoa é mais do que somente pele e ossos; é bem mais do que um “saco de vermes” (puxando Martin Luther na conversa); é muitíssimo mais do que o preço de uma bala de fuzil que tira tantas vidas inocentes em nossa cidade; É mais que a arrogância de certos governantes ou poderes instituídos em nosso País; é mais que fama ou reconhecimento; é mais que a necessidade de ser a melhor em tudo e não poder errar em momento algum. Nosso Criador não deixou qualquer dúvida quando, através do profeta Isaías, nos falou ao ouvido: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu! (Isaías 43,1b). Essa palavra foi anunciada quando vocês foram batizadas. Portanto, Deus sabe que é você e quer moldar a sua vida. Apenas iniciamos esse processo de bênçãos e orientações com o Ensino Confirmatório.
 

Hoje é dia de Confirmação de fé, ou seja,essas meninas aí estão reafirmando um SIM que seus pais já disseram. Essas jovens agora querem caminhar com as próprias pernas e assumir essa responsabilidade? Estão certas de que é isso que querem? Deus já disse SIM para vocês! Ele disse SIM para todos nós.

É isso mesmo! Mas esse anúncio não é só endereçado para mim e para ti, para as confirmandas e seus familiares. Ele foi escrito para todas as pessoas que foram criadas pelos Seus dedos. Tenho a convicção de que não precisamos filosofar ou discutir conceitos abstratos. Olha só que coisa prática temos aqui... Tal como o oleiro cria vasinhos do barro, Deus nos criou pessoas, indivíduos, cada um diferente do outro; cada um com potencialidades diversas dos outros e tudo, para a Sua honra e para a Sua glória. Nós somos chamados a darmos testemunho disso, tanto com a nossa boca quanto com o nosso corpo. Isso mesmo, Deus criou todas as pessoas. Ele soprou vida nas narinas daquelas que hoje estão marginalizadas pela sociedade; naquelas que passam por enormes dificuldades emocionais e espirituais; naquelas que se encontram “quebradas” porque nunca ninguém lhes deixou suficientemente claro que também elas são amadas pelo Criador; que também elas são valiosíssimas aos Seus olhos. Precisamos saber disso, plantar esta informação dentro do nosso coração. Viver com este conceito dentro de nós.

Ouçamos o que diz o profeta Jeremias sobre este tema: “‘Vá à casa do oleiro, e ali você ouvirá a minha mensagem‘. Então fui à casa do oleiro, e o vi trabalhando com a roda. Mas o vaso de barro que ele estava formando estragou-se em suas mãos; e ele o refez, moldando outro vaso de acordo com a sua vontade. 'Ó comunidade de Israel, será que eu não posso agir com vocês como fez o oleiro?‘, pergunta o Senhor. ’Como barro nas mãos do oleiro, assim são vocês nas minhas mãos, ó comunidade de Israel.‘” Jeremias‬ ‭18:2-4, 6‬ ‭NVI‬‬

O maior mistério que existe no mundo somos nós mesmos. Quem somos nós? Os sociólogos afirmam que somos pessoas em eterna mudança e que sobrevivemos a partir de relacionamentos. Os biólogos entendem que somos um aborto da natureza, uma vez que não podemos voar e nem tampouco escalar corretamente e, por cima de tudo, não enxergamos bem à noite. Os psicólogos, por sua vez, estão convencidos de que somos o produto das experiências que fizemos na nossa infância. Já outro poeta classifica as pessoas como um sinal não interpretável”. Quem somos nós?...

Acho que tudo isso novamente fica mais fácil entender a partir do barro... Somos um sinal não interpretável somente se não deixarmos Deus nos moldar.

Concordam?

Estas quatro meninas estão prestes a dizer “SIM”, que colocam sua vida nas mãos de Deus e esperam que Ele as molde com perfeição. Poeta por poeta, cito aquele que escreveu: “Sobre o firmamento deve morar um Pai muitíssimo querido. Tens ideia de como é esse lugar? Procure-o acima das estrelas…” (Friedrich Schiller). Como poderemos nós, pessoas tão pequenas, encontrar lá o nosso Criador? Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus. - disse Jesus - Aquele que desceu do céu para vir ao nosso encontro (Mateus 4.17). Sim, continua se preocupando conosco. Ele quer nos devolver a nossa dignidade. Só quem trabalha com barro desde a criação pode nos moldar com perfeição para o resto de nossa vida. Mas nós viremos a perdê-la, se não olharmos para o firmamento onde dormem as estrelas e nos esquecermos Dele que tudo criou. Ele nos fez a partir do barro...

Amém!
 


Autor(a): Pr. Rolf Rieck
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Rio de Janeiro - Martin Luther (Centro-RJ)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Testamento: Antigo / Livro: Jeremias / Capitulo: 18 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 12
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 53907
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