Descobertas deste século prolongam a vida

01/12/1999

Descobertas deste século prolongam a vida

• Ingelore S. Koch •

As áreas da ciência que nos dizem respeito de forma mais direta, sem dúvida, estão ligadas à Biologia, à Informática e à Comunicação. O câncer, a Aids, as doenças cardíacas e a depressão estão, inquestionavelmente, entre os grandes desafios na área médica do século XX.
Aids

A Aids é com certeza a mais desafiadora das doenças deste século, por ser a mais nova de todas elas — descrita pela primeira vez no Estados Unidos em 1981. Em 1987, chegou ao mercado o AZT, o primeiro medicamento capaz de combater o MV, o vírus da doença. Embora prorrogasse a vida dos doentes, depois de algum tempo eles voltavam a piorar, porque o vírus se torna resistente aos medicamentos. A partir de 1996, o coquetel de drogas criado pelo médico norte-americano David Ho consegue eliminar, em alguns pacientes, até 99% do vírus da Aids. O Brasil é um dos pouquíssimos países que distribui o coquetel gratuitamente. A ¨última geração¨ com menos efeitos colaterais é o Ziagenavir, previsto para chegar ao Brasil em 1999, e o ABT-378, que deve estar disponível para os brasileiros a partir de maio de 2000.

Câncer

Pesquisas mostram, no entanto, que uma das principais ambições da medicina deste século é derrotar o câncer. Em abril de 1998, cientistas americanos anunciaram mais uma vitória, que parece apressar o fim desta guerra. Liderados pelo médico Judah Folkmann, os cientistas comprovaram a eficácia de duas substâncias — a angiostatina e endostatina — que impedem a formação dos vasos sangüíneos responsáveis pela irrigação dos tumores. São estes vasos que fornecem o sangue que, por sua vez, é o condutor do oxigênio e dos nutrientes necessários para que as células doentes cresçam e proliferem.

As duas drogas são fruto de pelo menos 25 anos de persistência de Folkmann. ¨Essa descoberta é a mais importante desde a quimioterapia¨, avalia o cancerologista Dráuzio Varella, de São Paulo. Os testes clínicos para avaliar se as drogas funcionam em seres foram iniciados oficialmente em 1999. No mundo todo, estão sendo investigadas outras 28 drogas que teriam a mesma função.

Transplantes

Certamente os transplantes de órgãos têm trazido nova expectativa de vida, ¨um verdadeiro milagre¨, para pessoas ¨condenadas¨ por suas deficiências cardíacas, renais e de fígado, só para citar três exemplos. Já na década de 1950, ocorriam transplantes de rins, mas os de coração iniciaram em 1969/70, tendo como pioneiro o médico Christian Barnard, da África do Sul. O transplante cardíaco, no entanto, tem um antes e um depois da ciclosporina. Os transplantes cardíacos antes do surgimento desta droga anti-rejeição vitimaram todos os transplantados. A ciclosporina foi a chave do êxito de grande número de transplantados cardíacos, como os realizados no Instituto de Cardiologia de Porto Alegre desde 2 de junho de 1984, explica a enfermeira Lidia Lima, uma das profissionais do Instituto.

Embora para os cientistas não exista milagre, um número cada vez maior de médicos admite que a fé em Deus, no poder salvífico de Jesus Cristo e a oração são responsáveis por melhoras e curas inexplicáveis pela ciência. Muitos médicos chegam a incentivar a oração e a intercessão, confiantes no seu poder curador.

Outras descobertas importantes

Penicilina

Em 1928, por puro acaso, o bacteriologista escocês Alexander Fleming descobriu a penicilina, o primeiro antibiótico. Por esquecimento, ele deixa sem proteção um caldo de micróbios, que estava criando em seu laboratório. No dia seguinte, ele vê que um pouco de mofo tinha crescido em alguns pontos do caldo e que nesses locais os micróbios estavam mortos. Purificando o mofo, observa que é capaz de liquidar diversos tipos de micróbios. Está feita a descoberta. Só no começo da década de 1940, depois que outros cientistas refinaram o potente antibiótico, os grandes laboratórios iniciaram sua produção em massa. A descoberta casual de Fleming revolucionou o tratamento de infecções antes consideradas incuráveis: pneumonia, escarlatina, febre reumática, sífilis, tétano, gangrena.

Engenharia genética

Em 1907, o geneticista norte-americano Thomas Hunt Morgan estuda como as características da mosca-das-frutas são transmitidas às crias. Percebe, então, que estas características passam de pai para filho gravadas em pedaços de cromossomos. Em 1909, o botânico dinamarquês Wilhelm Ludwig Johannsen cria a palavra gene para designar a descoberta de Morgan. Em 1937, surge a idéia de que a evolução das espécies acontece porque os genes sofrem mutações constantemente. Em 1944, descobre-se que o DNA é a matéria-prima da qual são feitos os genes. É nessa molécula que fica registrado o código genético. Desde o início do século, sabe-se que existe DNA no núcleo de todas as células, mas restam dúvidas sobre sua verdadeira função. Quem desvenda o enigma é o bacteriologista norte-americano Oswald Theodore Avery. Sua descoberta é considerada uma das maiores deste século na biologia. Um passo seguinte é dado em 1970, com a descoberta de que é possível realizar alterações no DNA, extraindo um gene ou abrindo um espaço nessa molécula para inserir, no local que fica vago, um gene artificial. A descoberta abre caminho para a engenharia genética. O exame de DNA é hoje um método seguro para confirmar parentesco. A terapia gênica, que combate as causas genéticas da doença, é outro grande avanço da ciência.

Bebê de proveta

Em 24 de julho de 1978, nasceu em Oldham, cidade próxima a Manchester, Inglaterra, a primeira criança concebida numa proveta: Louise Brown, filha de Lesley (30 anos) e John Brown (38 anos). A descoberta chegou como solução para grande parte dos problemas de fertilidade — tanto feminina como masculina.
Raio X

Como tantas outras descobertas científicas, a do ¨raio X¨ foi acidental e aconteceu quase no final do século passado, em 1895, pelo médico alemão Wilhelm Röntgen, possibilitando detectar ossos quebrados e balas em soldados feridos. Foi somente oito décadas depois, na de 1970, que surgiram tecnologias correlatas, como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética, que abriram um visor para a estrutura da matéria e o funcionamento do corpo humano.

Clonagem

Em 1967, o biólogo inglês John B. Gurdon cria o primeiro clone de um vertebrado adulto, de uma rã. O filhote da rã se desenvolve com base em uma célula comum, extraída do intestino de sua mãe. Trinta anos mais tarde, em 1997, para fazer o primeiro clone de um mamífero adulto, a ovelha ¨Dolly¨, o escocês Ian Wilmut dá ¨um nó¨ numa norma fundamental da biologia. De acordo com este mandamento, somente as células sexuais dos mamíferos — o espermatozóide e o óvulo — geram embriões. Wilmut, de algum jeito, obriga uma célula mamária adulta de ovelha a voltar ao estágio embrionário e gerar outro ser. Sua experiência, por isso, revoluciona a biologia.


 

A autora é jornalista e reside em São Leopoldo, RS


Voltar para o índice do Anuário Evangélico 2000
 


Autor(a): Ingelore S. Koch
Âmbito: IECLB
Título da publicação: Anuário Evangélico - 2000 / Editora: Editora Sinodal / Ano: 1999
Natureza do Texto: Artigo
ID: 33077
REDE DE RECURSOS
+
Devemos orar com tanto vigor como se tudo dependesse de Deus e trabalhar com tanta dedicação como se tudo dependesse de nosso esforço.
Martim Lutero
© Copyright 2025 - Todos os Direitos Reservados - IECLB - Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - Portal Luteranos - www.luteranos.com.br