Deixo-vos a paz

07/06/2010

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” João14.27

Um velho caçador um dia contava que você captura porcos selvagens encontrando um lugar adequado na floresta e colocando algum milho no chão. Os porcos vêm todos os dias comer o milho gratuito. Quando eles se acostumam a vir todos os dias, você coloca uma cerca, mas só num lado do lugar para o qual eles se acostumaram a vir. Quando eles se acostumam com a cerca, e quando voltam a comer o milho, você coloca outra do outro lado da primeira cerca. Mais uma vez eles se acostumam e voltam a comer. Você continua desse jeito até colocar os quatro lados da cerca em volta deles com um portão aberto no último lado. Os porcos que já se acostumaram ao milho fácil e às cercas, começam a vir sozinhos pela entrada. Você então fecha a porteira e captura o grupo todo.

Assim, em um segundo, os porcos perdem sua liberdade. Eles ficam correndo e dando voltas dentro da cerca, mas já foram pegos. Logo, voltam a comer o milho fácil e gratuito. Eles ficaram tão acostumados a ele que esqueceram como caçar na floresta por si mesmos e por isso aceitam a prisão.

Atualmente vivemos algo que se assemelha a esta narração. Perdemos a capacidade de reagir ao que está nos aprisionando. Deixamos que a mídia de massa e o capitalismo nos digam quem somos, o que vestimos, o que comemos e o que pensamos. Perdemos a identidade e nossas raízes. Consideramos perda de tempo gastar esforços para defender a liberdade e a dignidade das pessoas. Consideramos demasiado difícil participarmos de uma comunidade, de uma luta que vá além dos meus interesses ou dos meus desejos pessoais de consumo.

Vejam o velho caçador tinha razão. Nos acostumamos com as “cercas” que nos vão colocando ao redor e passamos a pensar que nada mais existe ou é possível para além delas. Temos um entendimento torto daquilo que Jesus nos diz sobre paz. Pensamos ser a paz o estado de animosidade em que vivemos não nos envolvendo com nada e deixando que nos ditem o que devemos e podemos fazer, para, dessa forma não criar “conflitos” na sociedade “pacifica” em que vivemos, onde tudo, tudo mesmo, é tido como absolutamente normal.

Pastor Ademir Edison Trentini – Paróquia de Ibirubá/RS


Autor(a): Ademir Edison Trentini
Âmbito: IECLB / Sinodo: Planalto Rio-Grandense
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 8744
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Salmo 16.2
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