Deem fruto! IV

O fruto se desdobra em atitudes responsáveis na sociedade

12/07/2020

 

Que a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus, o Pai, e a comunhão do Espírito Santo seja com vocês. Amém.

Prezada comunidade,
acabamos de cantar o hino 462 do nosso Livro de Canto:
“Vem Espírito Divino, grande ensinador”. Vem frutificar em cada um, em cada uma de nós. Já sabemos: o Espírito de Deus age como, onde e quando quer — porque é Deus agindo — e explode como força criadora de formas variadas diversificando a vida da Igreja de Cristo.

Neste domingo vamos continuar abordando o fruto do Espírito Santo, esse fruto que queremos produzir a partir da ordem de Cristo em Jo 15.16: “Eu escolhi vocês para que deem fruto” Hoje o tema é fidelidade, mansidão e domínio próprio.

Fidelidade — o exercício da fé
Fidelidade é a palavra escolhida pelos tradutores para falar neste texto de (πι’στις). Fé é, ao mesmo tempo, fruto do Espírito Santo e também dom do Espírito Santo. No entanto, ao ser traduzida por fidelidade esta palavra quer se referir ao contexto em que aparece.Não é fé. É fidelidade como fruto de crescimento, de amadurecimento, de superação, de experiência renovadora em uma vida com Cristo regida pelo Espírito Santo.

Por natureza somos infieis. Somos pessoas desleais. Porém Deus aposta no nosso crescimento e amadurecimento em fidelidade porque “fiel é o que nos chama” e fará acontecer a nossa santificação (1 Ts 5.24). Somente porque Deus, através da ação do Espírito Santo, está operando este crescimento — sem que nós, como fruto, tenhamos que ficar gemendo e nos esforçando — é que o amadurecimento e a superação será real em nossa vida. Nós continuaremos sendo infieis, mas Deus nos faz crescer em fidelidade, uma fidelidade cativante e ousada, confiante em Deus e na ação das pessoas igualmente crentes e fieis ao nosso redor.

Neste tempo de pandemia constantemente somos bombardeados com notícias que fazem perder a confiança nas pessoas. Vivemos um abismo de maldades. Porém Deus nos chama para subirmos nos outeiros das Suas misericórdias. Isso é crescer em fidelidade.

Mansidão — a atitude estimulante
Uma vez que amadurecemos na fidelidade, temos condições de crescer em mansidão. Πραυ`της nada tem a ver com ser ovelhinha, impassividade ou submissão servil. Não significa ser covarde ou sentimental. Escreve W.Barclay (citado por Lohrmann): “Somente quando possuímos πραυτης, podemos ... admoestar sem amargura, discutir sem intolerância, somente então podemos suportar a verdade sem indignação, irar-nos sem pecar, ser mansos e, contudo, não ser fracos.” – “Πραυτης é a atitude que faz da crítica um estímulo, e não algo aterrador, um recurso que desperta nova esperança e preserva do desespero”.

A mansidão é enérgica e atuante, como fonte de amor, reconciliação e misericórdia. A mansidão não se vale de fazer uso sedutor de palavras ou gestos — isso é especialidade de satanás — mas de apresentar a decisiva estratégia de abraçar a outra pessoa com o Evangelho transformador de Jesus Cristo. A mansidão está diretamente associada ao amor, o primeiro gomo deste fruto do ES. Por isso mansidão sempre será agregadora e condutora para o fazer e viver correto diante da justiça de Deus.

Domínio próprio — o poder da prudência
Por fim temos como consequência do “produzir frutos” o conceito de auto-controle, disciplina e prudência (ενκρα’τεια). O uso do termo é bastante diversificado, podendo se referir inclusive ao controle próprio na área da sexualidade, como a castidade, à qual Paulo se refere no pano de fundo das obras da carne.

Um membro de nossa Paróquia, assíduo leitor do livro de Provérbios, escreveu: O DOMÍNIO PRÓPRIO é sempre um ato de escolha”. Se referia ao texto de 10.12: “O ódio provoca brigas, mas o amor perdoa todas as ofensas.”

Embora entendamos que o controle próprio deva abranger todas as áreas da vida, inclusive no tratamento respeitoso e cordial mútuo entre as pessoas — algo que se representa como sumamente importante neste tempo de necessidade de empatia com as pessoas, por exemplo, não deixando de pagar as gentes que arriscaram a vida cuidando de infectados pela covid-19 em hospitais de campanha aqui no Rio e agora não recebem o pagamento, num jogo corrupto de empurra entre Governo Estadua, IABAS e esse tal de Consórcio —aqui o sentido estrito da palavra é outro.

O fruto e o bem-estar
O autocontrole ou a disciplina é aqui, obviamente, o comportamento positivo contraposto à fornicação (πορνεια - pornéia), impureza, deboche e idolatria do v.19. Domínio próprio é a possibilidade de moldar a vida da maneira que Deus deseja, e nunca é algo firmemente próprio da nossa disposição. Sempre deve ser recebido de novo como dom do Espírito no comprometimento de alguém com o Evangelho. Se este auto-controle em Gl 5.23 se refere apenas ao lado sexual ou se entende de maneira mais abrangente ao lado puramente social da vida, é discutivel. No entanto, o que devemos nos apegar é o fato de que, apesar da grande estima em que Paulo mantém o ascetismo sexual, ele nunca é dualisticamente fundamentado e nunca adquire qualquer valor inerente da salvação, a não ser pela graça de Cristo.

Domínio próprio é uma das partes importantes do fruto do Espírito Santo e isso significa: ter o poder de controlar-se no sentido psíquico e intelectual. É a parte do fruto mais difícil de ser exercido, ao mesmo tempo em que é o mais atuante. Isso porque o termo é aqui usado no sentido absoluto de ter poder sobre si mesmo. E não podemos escapar do contexto em que Paulo usa a expressão: significa autocontrole, no sentido de perseverança, firmeza ou restrição, que se refere a questões sexuais. Introduzido pela primeira vez na ética por Sócrates como uma das principais virtudes. Platão e Aristóteles o adotaram por sua vez. É um valor de amor cristão inegociável a partir dos cuidados de Cristo para com todas as pessoas que creem nEle.

Prezada comunidade,
fidelidade, mansidão e domínio próprio são elementos essenciais e necessários para a transformação pessoal e social. Nestes dias temos a oportunidade de rever nossos conceitos essenciais de vida e, para não entrarmos em depressão ou no ócio social, podemos exercitar cada elemento deste fruto. Os dias são propícios. Vamos viver essa novidade?

Que Deus nos dê forças e criatividade.
Amém
 


Autor(a): Pr. Rolf Rieck
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Rio de Janeiro - Martin Luther (Centro-RJ)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Testamento: Novo / Livro: João / Capitulo: 15 / Versículo Inicial: 16
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 57790
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É dever de pai e mãe ensinar os filhos, as filhas e guiá-los, guiá-las a Deus, não segundo a sua própria imaginação ou devoção, mas conforme o mandamento de Deus.
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