Pregação de l Reis 8.22-30
Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo seja com todos vós. Amém!!!
Hoje é um dia de grande alegria para a Comunidade Concórdia. Nosso templo é dedicado ao Senhor nosso Deus. Foram anos até que finalmente chegasse esse momento. Muitos momentos de ansiedade, muitas perguntas sobre como ficaria o novo templo e sobre a nossa real capacidade para levar a cabo esta obra estiveram conosco neste tempo.
Perguntas, dúvidas, medo e, acima de tudo, muita confiança permearam a nossa caminhada até aqui. Caminhada esta que teve início em novembro de 1977 quando cinco famílias se reuniram formando um grupo de estudos bíblicos, na época, sob orientação do Pastor Martin Blümel, e posteriormente, até 1996, pelos pastores Friedrich Genthner e Baldur van Kaick.
Esta história nos mostra que a capacidade de edificar comunidades e igrejas não vem de nós mesmos, mas do Espírito de Deus que está conosco, capacitando-nos constantemente para levar a cabo os seus projetos. Esta igreja não é um projeto pessoal, mas é um projeto de Deus que congrega pessoas.
Peço que tomem em suas mãos a liturgia: olhem para a foto! Olhem para os elementos que ela nos apresenta! Olhem também para o altar e os elementos que nele estão dispostos! Quais as semelhanças com a nossa comunidade?
(Deixar as pessoas observar e falar).
Na verdade, há 23 anos esta comunidade era um feixe de trigo semelhante a este da foto. Havia também uma luz iluminando o caminho e orientando as decisões e os sonhos que iam surgindo. Esta luz é o Espírito do Senhor, representado pela chama da vela.
O tempo passou, as sementes de trigo foram lançadas cm solo fértil. Estas sementes germinaram, produziram e estamos colhendo seus frutos. Vemos também uma bacia transbordando com a massa de pão levedado. Semelhante a esta bacia certamente está toda a Comunidade Concórdia e toda a Comunidade Evangélica Luterana de Curitiba neste dia. Estamos transbordando. Estamos alegres. O trigo germinou, produziu e o Senhor está fazendo a colheita.
Mas o que mais está sendo representado? (....)
No decorrer destes 23 anos, esta comunidade também foi marcada por dor, sofrimento e afastamentos. Todos sabem que pessoas vieram, permaneceram conosco por algum tempo e algumas acabaram se afastando. Isto está representado pelo vaso quebrado. Mas, o importante é que, apesar de estar quebrado, afastado das outras partes, continua sendo iluminado pelo Espírito de Deus, representado pela chama da vela.
Neste dia em que celebramos a semente que germinou, em que agradecemos a proteção e a luz de Deus que nos conduz, neste dia em que celebramos o fruto que transborda, escolhemos um texto do Antigo Testamento, que como tantos outros parece nos descrever uma fotografia, um quadro, uma imagem. Este quadro mostra o Rei Salomão no dia da inauguração do Templo de Jerusalém, se colocando de mãos estendidas, voltado em oração a Deus. Convido para que nos coloquemos em pé, a fim de ouvir a leitura de l Reis 8. 22-30:
Leitura... (pedir para as pessoas ficarem de mãos estendidas, tal como estava Salomão).
Oração: Senhor, nosso Deus! Te agradecemos por tua Palavra e por tudo que ela nos ensina. Concede-nos olhos abertos, ouvidos atentos e coração humilde para transformar a tua Palavra em lâmpada para os nossos pés. Amém!
Salomão, que viveu há mais de 3 mil anos, mandou construir em Jerusalém um templo. Este templo não era muito grande, para os padrões da época, em torno de uns 30 metros de cumprimento. Era todo revestido com os melhores metais e as melhores madeiras conhecidas no antigo oriente. Muito tempo e trabalho havia sido invés lido nesta edificação. E, observando os versículos que antecedem nosso texto, perceberemos que o templo estava concluído. As adora coes podiam ter início, tudo podia e devia ser inaugurado. Nesta oportunidade, Salomão fez questão dele mesmo proferir a oração da inauguração do templo. E o fez com as palavras do texto que acabamos de ouvir. Nesta oração, Salomão pede a Deus que abençoe o templo, o qual deveria se tornar o ponto central da fé e da adoração do povo de Deus daquela época.
O versículo 22 de nosso texto relata: Pôs-se Salomão diante do altar, na presença de toda a congregação de Israel; e estendeu as mãos para os céus.
Salomão estende suas mãos ao encontro de Deus. O ponto alto deste versículo não são as mãos estendidas para o céu, como a indicar que é ali a morada de Deus. O ponto central é que uma pessoa, com a autoridade e o poder de Salomão, diante de Deus, nada mais tem do que as mãos vazias. O importante que se mostra neste versículo é que Salomão só pode ter fé, esperança e confiança de que Deus zelará e preencherá suas mãos vazias. No dia da inauguração do Templo de Jerusalém, o Rei Salomão estendeu as suas mãos vazias, por dedicar o templo a Deus e não a si mesmo. O importante é que Salomão, com o ato de estender as mãos em oração, demonstra que confia em Deus e que ele se coloca nas mãos do bondoso Pai. O ponto central deste versículo é o fato das mãos estendidas indicarem que ele, Salomão, crê que será ouvido e atendido em suas súplicas. Igualmente nós neste dia estendemos nossas mãos vazias, pois dedicamos este templo a Deus e confiamos a Ele nossa vida.
O texto que ouvimos nos deixa bem claro que Salomão tem essa confiança, pois o templo construído não é desejo e nem projeto seu, mas de Deus, prometido a seu pai, o Rei Davi, e realizado com ele, Salomão.
A construção do Templo de Jerusalém foi levada a cabo por meio de trabalho escravo. A construção do nosso templo foi possível por meio da participação voluntária, tanto econômica como de tempo, força e suor de nossos membros para fazei limpezas, arrumação do pátio e todos os preparativos para este grande dia. Todos estavam ansiosos para ver esta obra concluída. Muitos irmãos/as dedicaram parte de seus dias de descanso e do feriado de carnaval aos trabalhos voluntários.
A edificação deste templo do Senhor Artur Polland, que doou o terreno e não viu com seus olhos a conclusão da obra. Mas, sua esposa, filhos e netos ajudaram a concretizar o sonho do pai, avô e esposo. Que todo esse empenho e dedicação, oferecidos na gratuidade, se revertam em bênçãos para as pessoas de boa vontade.
Junto com a alegria trasbordante e tanta dedicação, alguns já se preocupam se não deveríamos ter construído um templo maior ou com alguns detalhes diferentes. Talvez sim, talvez não. A verdade é que nossas decisões são orientadas pela luz do Espírito de Deus. Sendo assim, construímos este templo que servirá a Deus e a nós. O que celebramos neste dia são os passos dados, é a obra concreta e, portanto, devemos esquecer os caminhos que eventualmente deveríamos ter tomado.
A construção deste templo somente terá sentido se nossos olhos, nossos corações e nossas mãos estiverem comprometidos e voltados para a edificação de pessoas desta comunidade e também da comunidade maior do município de São José dos Pinhais. Construir igrejas e edificar comunidades e pessoas é uma resposta de fé, tal como a dada por Salomão.
l Reis 8. 22 30 também nos fala de um Deus que espera algo de nós. Sim! Ele não só dá e concede. Ele também espera algo de ti, de mim e de todos nós. Ele espera, assim como Salomão o expressa ao se colocar de mãos estendidas, que nós confiemos de todo coração. Ele espera que confiemos só e unicamente nele. Ele espera que sejamos confiantes e perseverantes na observância de seus mandamentos/ensinamentos. Ou, dito nas palavras de Dietrich Bonhoeffer: O grande Deus é tão grande, que o mais pequeno não lhe é muito pequeno. Isto quer dizer: podemos chegar a Deus com todas as nossas preocupações. Nada lhe é muito pequeno. Nada lhe é incômodo, a ponto de não poder lhe falar. Nada lhe é tão pesado que não possa ser com ele partilhado.
Voltemos à imagem da liturgia: vemos o tri 50 e devemos continuar lançando as sementes do mesmo, para que mais massa possa se levedar e transformar-se em pão. Aliás, este pão levedado sobre o altar, em seguida, será assado e posteriormente repartido entre nós. Olhando a liturgia, vemos o cálice/ vinho e o pão. Eles representam a comunhão eterna com Jesus Cristo, nosso Senhor. Representam também a possibilidade de ir além dos nossos limites. Lembrem da festa da cumeeira, da frase de pára-choque de caminhão então citada. Ela ainda tem validade. Alguém ainda lembra desta frase? (...) Somos poucos, mas somos loucos.
Somos loucos pelo Espírito do Senhor. Somos loucos pelos sonhos e desejos que ele faz brotar em nós. Somos seus e nos confiamos a Ele. Que jamais nos esqueçamos disto. Amém!
Elaborado por: Vera Maria Immich Odair Airton Braun