Das cinzas à ressurreição

10/03/2009

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No dia 25 de fevereiro, na Quarta-feira de Cinzas, iniciou a Quaresma. Em Daniel 9.3 diz: “Em sinal de tristeza, eu vesti saco de pano grosseiro, sentei-me sobre cinzas, deixei de comer e orei com fervor ao Senhor Deus, fazendo pedidos e súplicas”. Daniel fala de arrependimento. Ele clama por piedade e perdão para o povo. A cinza simboliza em algumas passagens bíblicas transitoriedade, súplica, grito de socorro, arrependimento e contrição (Ester 4.1; Jó 42.6; Mateus 11.21).

A cinza é símbolo muito antigo. Faz parte da vida humana desde os tempos bíblicos. Na Igreja Católica, na Quarta-feira de Cinzas, os fiéis recebem o sinal da cruz feito com cinza na testa. É um sinal visível de arrependimento e contrição, de preparo para o tempo que se segue: a Quaresma.

Com ou sem cinzas o mais importante é que a Quarta-feira de cinzas inaugura um novo tempo no nosso calendário litúrgico: A caminhada de sofrimento e dor de Jesus Cristo em direção a cruz para nos libertar de nossos erros, pecados e da morte.

Na Quarta-feira de Cinzas começa o período que nos permite refletir sobre atitudes que transformam a vida em cinzas. A crise financeira que está abalando o mundo deixou já muitas vidas em meio às cinzas. Há muitas pessoas já desempregadas. Outras que vivem na angústia do que será o dia de amanhã. Também os conflitos entre Israel e Palestina já deixaram muitas famílias e pessoas em meio aos escombros e cinzas. Também o descaso com a criação, a natureza, animais e rios, deixa um mar de cinzas espalhado por todos os lados. Também entre nós, na sociedade e em nossas comunidades, há atitudes violentas, corruptas, egoístas e mesquinhas que muitas vezes deixam vidas em meio às cinzas. Por todos os lados e lugares há pessoas que vêem seus sonhos e esperanças destruídas.

A minha oração e súplica a Deus é que em meio às cinzas do mundo haja espaço para arrependimento e a busca de uma nova relação com o Criador, Deus, e a partir disso do ser humano consigo mesmo, com o outro e com o todo da criação que lhe cerca. Se não nos voltarmos de coração a Deus, assim como Daniel se voltou, estaremos cada vez mais transformando a vida e o todo da criação em cinzas.

O domingo da Páscoa nos lembra que a ressurreição triunfa sobre as cinzas. Em João 14.19 Jesus Cristo diz: “E, porque eu vivo, vocês também viverão”. Apesar das palavras proferidas junto à sepultura: “Terra à terra, cinza à cinza, pó ao pó”, Deus assegura em Jesus Cristo a vida eterna ao que crê.

Para aquele que crê em Jesus Cristo, a vida não é e não será apenas cinza. Para o que crê, a vida, por mais passageira que seja, sempre será uma oportunidade para buscar comunhão, perdão e reconciliação. Como reza o Salmo 23.4: “Ainda que eu ande por um vale escuro como a morte, não terei medo de nada. Pois tu, ó Senhor Deus, estás comigo; tu me proteges e me diriges”.

Ó Deus, obrigado pelo teu amor revelado em Jesus Cristo que faz ressurgir a vida das cinzas. Obrigado por que nada e nem ninguém podem nos separar do teu amor. Guia-nos com o teu Santo Espírito para que irmanados possamos remover as cinzas que sufocam a tua encantadora criação. Amém.

 

P. Ernani Ropke – Pastor da IECLB na Paroquia Cantareira – São Paulo/SP.


Autor(a): Ernani Ropke
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo da Páscoa
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 8394
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A vida cristã não consiste em sermos piedosos, mas em nos tornarmos piedosos. Não em sermos saudáveis, mas em sermos curados. Não importa o ser, mas o tornar-se. A vida cristã não é descanso, mas um constante exercitar-se.
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