Onde há uma fé viva, nascida do Evangelho de Jesus Cristo, o Crucificado e Ressurreto, como o encontramos na Bíblia, há também abertura e liberdade de falar, na Comunidade, sobre todos os aspectos de sua existência neste mundo, inclusive os materiais e financeiros. A Comunidade precisa conscientizar-se de que ela, bem como o conjunto das Comunidades, a Igreja, necessitam de dinheiro para poderem realizar sua missão no mundo e de que ela mesma, a Comunidade, é fonte da ajuda aos necessitados.
O discipulado permanente inclui também a atitude do cristão frente ao dinheiro e a maneira de ajudar a sustentar o trabalho evangélico em Comunidade, Igreja e instituição. O ideal seria cada membro, como discípulo maduro, estabelecer livremente a proporcionalidade de sua contribuição. Para alcançar esse objetivo é necessário que o Evangelho eduque e oriente os membros. Motivá-los para contribuição proporcional abrange os quatro passos de informar, conscientizar, debater e orientar a respeito da contribuição, como o apóstolo Paulo o fez em II Coríntios 8 e 9.
Sendo a contribuição proporcional dos membros um gesto de comunhão e solidariedade, é justo e responsável que Comunidade, Igreja e instituições, no mesmo espírito de comunhão e participação na gestão dos bens, mantenham os membros doadores plenamente informados a respeito da finalidade e do destino das contribuições. Desta forma os membros têm a oportunidade de se alegrarem com os que se beneficiam com seu gesto de agradecer a Deus pela graça de ter participado ativamente na edificação espiritual e material dos demais membros do corpo de Cristo ou de outras pessoas carentes.
O dinheiro tem sua origem e é usado como instrumento de troca. Mas na Comunidade e na Igreja a contribuição financeira não é instrumento de troca. Comunidade e Igreja não são uma sociedade nem um clube para o qual se paga a mensalidade para adquirir os direitos de sócio. Comunidade e Igreja são de Jesus Cristo; nelas, a contribuição pressupõe doação, sem expectativa de uma recompensa material.
A Igreja de Jesus Cristo, por uma questão de amor, justiça e credibilidade, precisa adequar sua expectativa de contribuição financeira proporcional à situação de seus membros. Isso significa, por um lado, ser tolerante e flexível em relação aos membros menos abastados de modo a não empurrá-los para a margem ou até mesmo para fora da Igreja, limitando-se assim a servir a pessoas economicamente bem situadas. Mas significa também, por outro lado, demonstrar claramente sua expectativa em relação aos mais abastados para sua responsabilidade no uso de seus bens e na maneira de obtê-los.