Credo Atanasiano
(Versão Livro de Concórdia, Ed. 2021)
Todo aquele que quer ser salvo deve, antes de tudo, professar a fé católica. Todo aquele que não a conservar íntegra e inviolada sem dúvida perecerá eternamente.
E a fé católica consiste em venerar um só Deus na Trindade e a Trindade na unidade, sem confundir as pessoas e sem dividir a substância.
Pois uma é a pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do Espírito Santo; mas a divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo é uma só - igual em glória, coeterna em majestade.
Qual o Pai, tal o Filho, tal também o Espírito Santo. Incriado é o Pai, incriado é o Filho, incriado é o Espírito Santo. Imenso é o Pai, imenso é o Filho, imenso é o Espírito Santo. Eterno é o Pai, eterno é o Filho, eterno é o Espírito Santo; entretanto, não são três eternos, mas um único eterno; como não há três incriados, nem três imensos, porém um só incriado e um só imenso. Da mesma forma, o Pai é todo-poderoso, o Filho é todo-poderoso, o Espírito Santo é todo-poderoso; não há entretanto, três todo-poderosos, mas um só todo-poderoso.
Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus; não há, entretanto, três Deuses, porém um único Deus. Como o Pai é Senhor, assim o Filho é Senhor, o Espírito Santo é Senhor; não são, entretanto, três Senhores, porém um só Senhor. Porque, assim como, pela verdade cristã, somos obrigados a confessar que cada pessoa, tomada em separado, é Deus e Senhor, assim também estamos proibidos pela religião católica de dizer que são três Deuses ou três Senhores.
O Pai por ninguém foi feito, nem criado, nem gerado. O Filho é só do Pai; não feito, nem criado, mas gerado. O Espírito Santo é do Pai e do Filho; não feito, nem criado, nem gerado, mas procedente. Há, portanto, um único Pai, não três Pais; um único Filho, não três Filhos; um único Espírito Santo, não três Espíritos Santos. E nesta Trindade nada é anterior ou posterior, nada maior ou menor; porém todas as três pessoas são coeternas e iguais entre si; de modo que em tudo, conforme já ficou dito anteriormente, deve ser venerada a Trindade na unidade e a unidade na Trindade. Portanto, quem quer salvar-se, deve pensar assim a respeito da Trindade.
Mas para a salvação eterna também é necessário crer fielmente na encarnação de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, a fé verdadeira é crermos e confessarmos que nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, é Deus e homem. É Deus, gerado da substância do Pai antes dos tempos, e é homem, nascido, no mundo, da substância da mãe; Deus perfeito, homem perfeito, subsistindo de alma racional e carne humana. Igual ao Pai segundo a divindade, menor que o Pai segundo a humanidade.
Ainda que seja Deus e homem, todavia não há dois, porém um só Cristo. Um só, entretanto, não por conversão da divindade em carne, mas pela assunção da humanidade em Deus. De todo um só, não por confusão de substância, mas por unidade de pessoa. Pois, assim como a alma racional e a carne é um só ser humano, assim Deus e homem é um só Cristo.
Ele padeceu pela nossa salvação, desceu ao inferno, ao terceiro dia ressuscitou dos mortos, subiu ao céu, está sentado à direita de Deus, o Pai todo-poderoso, de onde há de vir para julgar os vivos e os mortos. À sua chegada todos os seres humanos devem ressuscitar com os seus corpos e vão prestar contas de seus próprios atos. Aqueles que tiverem praticado o bem irão para vida eterna; aqueles que tiverem praticado o mal irão para o fogo eterno.
Essa é a fé católica. Quem não crer com fidelidade e firmeza, não poderá ser salvo.